A surfista Andrea Lopes, vice-campeã brasileira profissional em 2009, possui mais um desafio em sua carreira: defender o Brasil na terceira edição do Mundial Master da International Surfing Association (ISA).
Junto com dois outros ícones do surf nacional, Fábio Gouveia e Victor Ribas, ela enfrenta a disputa que segue até esta sexta-feira (4/9), em Santa Catalina, Panamá, reunindo 120 atletas de 21 países.
Atual top 8 do Brasil Surf Pro, Andrea aceitou a missão para tentar o título mundial Master (mais de 35 anos) e demonstra confiança.
“Quero muito aproveitar a chance. Aqui não preciso me acabar na água. Basta o momento certo. Descansar e atacar na hora certa”, afirma a atleta da equipe AntiQueda.
Com mais de duas décadas de estrada e vários países visitados, inclusive o próprio Panamá há 10 anos, Andrea confessa estar impressionada com o local. “Na viagem, curtimos a paisagem verde e com chuva por muito tempo. A praia de Santa Catalina é de fundo de pedra e a onda quebra longe e sinistra”, comenta Andrea.
O hotel que está hospedada é um local remoto, segundo ela. “Aqui é terceiro mundo mesmo. Cama de cimento, cozinha comunitária, só água, arroz, atum e pasta. Até pensei: onde fui me meter outra vez”, afirma Andrea.
Andrea Lopes tem como meta o pentacampeonato brasileiro profissional. No ano passado chegou perto, ficando apenas 40 pontos do primeiro lugar no ranking final.
Considerada um dos ícones do surf brasileiro feminino e responsável por abrir as portas para a categoria no início dos anos 90, ela surfa desde os 13 anos. Antes, era nadadora e competia pelo Flamengo, tendo como especialidade os 100 metros livres.
Aprendeu a surfar em Saquarema (RJ), com uma prancha monoquilha 7’6” e as competições vieram aos 14. Logo na primeira temporada foi campeã brasileira amadora. Aos 17 anos, competiu na Austrália e então decidiu disputar o Circuito Mundial da ASP (enquanto no Brasil só existia a categoria Amadora).
De 91 a 94 viajou pelos quatro cantos do planeta, para competir, filmar, fotografar e, claro, surfar as melhores ondas, em lugares paradisíacos. Chegou a importante décima segunda colocação no ranking mundial, entrando para o seleto grupo das top 16. O próximo passo era chegar entre as oito melhores, mas a pressão da rotina rígida de treinos a atrapalhou e ela desenvolveu um quadro de anorexia, que desestabilizou por dois anos.
Deu a volta por cima no problema médico, chegando a ser capa da revista masculina Playboy, símbolo máximo de sensualidade e beleza, em janeiro de 2007. Hoje, ela é um exemplo de vida, superação e resume sua dedicação e vontade de competir, romper barreiras em uma frase: “Surf é a minha vida!”.