Marcio Ito

Artista conta sua história

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Apaixonado pelo mar e pelas ondas, Marcio Ito levou todo o amor que sentia pelo oceano para as telas em 1990. “Eu só tinha os finais de semana para estar na praia, então comecei a retratar nas telas os lugares que eu gostaria de estar”. Toda essa paixão levou o paulistano a se especializar no tema.

Aluno da Escola Panamericana de Artes, Marcio começou sua carreira expondo suas obras, pintando paredes, pranchas e criando estampas, mas a falta de oportunidades no Brasil o levaram para Califórnia, (EUA), onde morou por um ano. De volta ao país, em 2000, começou a tatuar e no mesmo ano desembarcou em Portugal, onde já na primeira semana conseguiu trabalho em um dos maiores estúdios locais. Por um ano e meio, o artista brasileiro trabalhou aprimorando suas técnicas até tomar a decisão de retornar ao Brasil e montar seu próprio estúdio.

De volta ao país, Marcio morou em São José, no sul do Brasil, com sua esposa, e foi proprietário de um estúdio de tatuagens e galeria de arte durante sete anos. Cansados da rotina, Marcio e a esposa jogaram tudo para o ar, fecharam o estúdio e embarcaram para a Austrália. Novamente, já na primeira semana, Marcio conseguiu emprego em um estúdio de tatuagens e dali para a frente toda sua vida se tornou um sonho. “Eu morava em frente a Burleigh Heads, Snapper Rocks e Kirra. Viajei pela Austrália de norte a sul, surfei as melhores ondas da minha vida em lugares que eu só via em revistas. Realizei meu sonho de ir pra Bali, Sumbawa, Gili’s, Tailândia, Dubai, tudo isso graças a minha arte” relembra.

Durante os quatro anos que morou na Austrália, o brasileiro ganhou nove premiações em convenções de tatuagens, saiu em diversas revistas e foi manager do estúdio que trabalhava. Tinha a vida que sempre quis, até que sua permanência no país se tornou um problema. “Tentei um tipo de visto para que tem talento em artes, esportes, mas para conseguir algo desse tipo eu teria que ser reconhecido mundialmente”. O brasileiro então juntou uma pilha de documentos entre matérias em revistas e jornais, premiações, e levou tudo na imigração, mas mesmo assim teve seu visto negado. “Eles falaram que aquilo não era o suficiente. Acredito que a recusa aconteceu devido ao fato da tatuagem na Austrália ser ligada a gangues criminosas de motociclistas, o que não é bem visto. Depois disso me mandaram uma carta dizendo que eu tinha 28 dias para ir embora do país”, comenta. Mesmo com residência montada no país, Marcio teve que se desfazer de tudo, vender o que tinha conquistado e retornar ao Brasil, acordando do sonho que antes para ele era pura realidade. 

Chegando ao Brasil, sem rumo e com o sentimento de ter perdido tudo o que amava, Marcio decidiu começar do zero novamente. Reabriu seu estúdio de tatuagens e galeria de arte e durante um ano trabalhou duro para que seu negócio desse certo enquanto lutava contra a depressão. “Fiquei um ano tentando entender porque tive que voltar”.

Atualmente, Marcio é dono de seu próprio estúdio e apesar das ondas não serem como na Austrália, uma vez ou outra larga tudo e vai atrás de boas ondas. Recentemente o artista pintou uma onda perfeita e instalou uma prancha em frente a pintura. O local virou ponto turístico e aos finais de semana chega a ter fila para tirar fotos.

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Marcio Ito em sua obra de arte que virou ponto turístico. Foto: Divulgação.