Até quando o surf foi longboard?

Nat Young


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Muitos sabem que no início da popularização do surf, os surfistas usavam pranchas longas com mais de 9 pés de comprimento, que atualmente chamamos de longboards. Mas nem todos têm claro em sua mente como e quando houve a popularização das pranchas pequenas.

Um modo interessante de identificar esta mudança é observar ao lado as capas da conceituada revista norte americana SURFER durante os anos 60. Pode-se notar que a partir de 1968 os surfistas que aparecem na capa usavam pranchas cada vez menores.

Apesar de muitos surfistas terem experimentado pranchas com menos de 8 pés antes de 1968, foi neste ano que houve uma grande aceitação da idéia de se utilizar pranchas menores. Os longboards existentes eram descascados sem a menor cerimônia e remodelados, pois todos queriam experimentar as pranchas pequenas.

Neste período, renomados shapers da época estavam com sérios problemas, pois não tinham mais todas as respostas. As soluções de design obtidas para os longboards poderiam não funcionar nas pranchas pequenas, tudo era novo.

Dessa forma, jovens shapers que faziam pranchas na garagem de suas casas despontavam como grandes shapers, pelo menos aos olhos dos adolescentes da época. Isto prejudicava os negócios das grandes marcas de pranchas.

Na água a mudança foi igualmente caótica. Mestres do estilo que dominavam a caminhada sobre a prancha e o noseride estavam fora do contexto, jovens surfistas que costuravam a onda em suas pequenas pranchas se tornavam os novos ídolos.

Até mesmo o conceito de onda mudou. Ondas mais fortes e curtas, que eram difíceis de serem surfadas com longboards pareciam mais atraentes para os surfistas das pranchas menores.

Enquanto que ondas pequenas e perfeitas em point breaks que eram muito apreciadas na era do longboards não podiam mais ser surfadas, pois não eram capazes de empurrar os surfistas em suas pequenas pranchas. Malibu, por exemplo, não era mais a Meca do surf.

Esta revolução tão radical mudou completamente o conceito de surf. Alguns dirão que esta mudança foi para melhor, outros que não. Talvez neste momento o surf tenha começado a se transformar num esporte.

Com a grande manobrabilidade das pranchas, desempenho se tornou a prioridade, competir se tornou um trabalho e a combinação disso criou algo novo com quase nenhum senso de comunidade e cooperação.

Nat Young disse uma vez, ?Quando nos perguntaram do que o surf deveria ter sido chamado, nós deveríamos ter dito que devia ser chamado de uma atividade espiritual e não de apenas um esporte, porque isto nos pôs no caminho errado. Nós cometemos um erro ao chamar o surf de esporte?.

Talvez Nat Young nem concorde com que a transformação do surf em esporte esteja realmente relacionada à revolução das pranchas pequenas.

Mas se esta for a verdade, Nat Young teve um papel interessante de inovador/destruidor e restaurador, pois ele foi um dos principais responsáveis pela revolução das pranchas pequenas.

Vindo da Austrália para participar do campeonato mundial em San Diego em 1966, Nat se consagrou campeão mundial costurando as ondas como ninguém havia feito antes, numa prancha que ele apelidará de “Sam” feita por Bob McTavish e George Greenough.

Esta prancha era uma 9’4″ com 2 5/8″ de espessura e uma quilha criada por Greenough diferente das utilizadas na época. Pode nos parecer ainda uma prancha grande, mas era bem menor do que as utilizadas na época.

A performance de Nat levou shapers a tentarem novos designs usando tamanhos menores em busca da manobrabilidade.

Se olharmos nas capas das revistas Surfer ao lado poderemos notar que Nat foi capa da edição de janeiro de 1967 devido a tal façanha.

E quem diria que o principal responsável pela revolução das pranchas tenha sido também um dos principais responsáveis pelo ressurgimento do longboard no final dos anos 80.

Nat Young ajudou na implantação de um circuito mundial de longboard, sendo quatro vezes campeão mundial da categoria entre os anos 80 e 90. Ele também foi tutor de Joel Tudor e seu filho Beau Young também se consagrou campeão mundial de longboard em 1999 na praia do Rosa no Brasil.

Durante os anos 70 alguns pouquíssimos surfistas, como Herbie Flecter, ainda eram adeptos dos pranchões. Herbie inclusive trouxe os pranchões de volta a capa da revista da Surfer, sendo capa da edição de novembro de 1976.

Chris Bystrom, um dos cineastas que melhor retratou o renascimento do longboard, em uma passagem de seu livro “The Glide” afirma que nunca poderá perdoar Herbie por ter sido o pior pesadelo dos surfistas de pranchinha em Lower Trestles durante os anos 70, época na qual Chris ainda era um shortboarder.

Antes de continuar e escrever sobre o renascimento do longboard durante os anos 80, coisa provavelmente que farei em alguns outros bytes de um outro ciberartigo, gostaria de usar palavras escritas por Glenn Henning no livro “The Glide” para descrever aqui o primeiro renascimento do longboard que ocorreu muito antes, numa época onde não havia o esporte das pranchinhas.

O esporte das pranchinhas separou-se do espírito inicial apresentado por Duke ao mundo, a simples emoção de deslizar sobre uma parede água sem fazer esforço.

O primeiro renascimento ocorreu após o surf quase ter morrido devido à corrosão da cultura havaiana pela imposição da cultura e religião ocidental durante a colonização das ilhas havaianas. Entre 1915 e 1935, Duke Kahanamoku foi o Da Vinci do surf. Duke representava a mais nobre tradição polinésia e, graças às medalhas olímpicas que conquistou como nadador, foi capaz de difundir o surf ao redor do mundo.

Ninguém nunca havia visto nada como Duke correr as ondas. Ele transformou a temida zona de arrebentação num maravilhoso playground. Ele ensinou as pessoas a sentirem alguma coisa absolutamente única que despertava uma paixão que não podia ser subestimada.

Imagine o que se precisava para surfar uma onda nesta época, onde não haviam grandes estradas, roupas de borracha, nem pranchas leves. Carros lentos, estradas ruins, pranchas de madeira pesando uma tonelada, água gelada e capotes freqüentes eram o preço que se tinha que pagar se quisesse o que Duke oferecia. Não havia atalhos.

Mesmo assim um grande número de pessoas aceitou o desafio e um grande espírito de camaradagem nasceu da necessidade de enfrentar obstáculos em comum ? chegar à praia, colocar a prancha na água, atravessar a arrebentação, pegar uma boa onda e ficar em pé.

Imagine o que é tentar surfar numa placa de madeira sólida sem quilha nem curva apenas de shorts num grande swell de inverno e amar isso! O surf explodiu porque ensinou as pessoas a transformarem a energia do oceano numa mágica sensação de se mover sem fazer esforço.

Hoje, surfistas de alma como Joel Tudor mostram ao mundo como buscar a sensação originalmente proposta por Duke, surfando de maneira simples e aparentemente fácil. No surf como na música existe um ponto onde menos é mais.

Referências:

1. Waves of Change. Paul Gross. The Longboard Quarterly, vol. 2 n. 2 Aug/Sept 1994.

2. The Glide. Chris Bystrom. 1998.

3. 40 Years of Surfer.

4. Nat Young. Corky Carrol. Surfing A-Z. Surfline. Oct 2000.

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