Atletas contestam ASP

Jean da Silva - SuperSurf 2004 - Pernambuco

Parte do time sul-americano que disputará o mundial: Hizunomê Bettero, Diego Santos, Jorge Spanner e Pablo Paulino. Foto: Nancy Geringer.

Durante a decisão do Billabong Pro Júnior, realizada no último final de semana na praia de Camburi, foi realizado um abaixo-assinado  contestando a decisão da ASP de conceder uma vaga ao melhor atleta Júnior de cada continente no ranking do WQS.

 

Encabeçaram o movimento Willian Cardoso, atual campeão brasileiro Júnior e Open, o carioca Simão Romão e o santista Rodrigo Tavares.

 

Eles alegaram que a medida desprestigiou os competidores que optaram por disputar as duas etapas do circuito no Brasil, além de interferir no cronograma de competições elaborado no início do ano com patrocinadores.

 

O favorecido pela nova regra da ASP na América

Rodrigo Tavares foi um dos atletas que encabeçou a realização do abaixo-assinado em Camburi. Foto: Nancy Geringer.

do Sul é o catarinense Jean da Silva, 100º colocado no ranking do WQS, que atualmente está no Hawaii disputando as etapas finais do circuito mundial.

 

Em Camburi, São Sebastião, o evento definiu o time sul-americano que disputará o Mundial sub-21 entre os dias 1 e 8 de janeiro, em Noth Narrabeen, New South Wales, Austrália.

 

Garantiram vaga os ubatubenses Hizunomê Bettero e Diego Santos, o cearense Pablo Paulino, o carioca Jorge Spanner e o paranaense Amani Valentin. O guarujaense Adriano Mineirinho, atual campeão mundial Pro Júnior, completa a equipe.

 

Willian Cardoso acredita que a medida prejudicou os atletas que optaram por ficar no Brasil e priorizar o Pro Júnior. Foto: Nancy Geringer.
“Todos nós gostaríamos de estar no Hawaii competindo no WQS. Essa decisão não valoriza os atletas que estão aqui na praia. Além de mim, também não concordaram Simão Romão, Willian Cardoso, Camilo Honrke, Leandro Bastos, Pablo Paulino, entre outros”, disse Rodrigo Tavares, o Sininho, ainda durante a etapa em Camburi.

 

“Achei injusto porque esta decisão deveria ter ocorrido no início do ano e não no meio, como foi feito. Com isso, optamos por ficar no Brasil e competir nas etapas do Pro Júnior, ao invés de mudarmos a estratégia e partir para o WQS. Se soubéssemos antes, com certeza o ano seria diferente, de repente também teríamos dado prioridade ao WQS”, comentou Willian Cardoso, atual campeão brasileiro Júnior e Open.

 

De acordo com Cardoso, o potencial de Jean da Silva não está sendo questionado pelos atletas. “Um dos problemas é que a decisão foi tomada anteriormente e somente agora fomos comunicados. Esse evento é muito importante para os atletas da nova geração e nosso futuro depende dele. O certo seria ter mais uma vaga”, acrescentou Cardoso.

 

“Infelizmente, agora não tem como mudar. É uma injustiça conosco, e seria com o Jean também. Mas, independente disso acredito que o Brasil será bem representado com o time que for e, com certeza, voltaremos novamente com o título mundial”.

 

Ainda de acordo com Cardoso, até o sábado foram recolhidas cerca de 60 assinaturas e o abaixo-assinado seria enviado posteriormente à direção da entidade. “Sei que a regra foi definida pela ASP, mas também não achei certo sermos comunicados somente na última etapa”, reclamou o guarujaense Heitor Pereira, também na briga por uma das vagas.

 

 

 

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Jean da Silva fica com uma das vagas porque é o melhor atleta Júnior sul-americano no ranking do WQS. Foto: Ivan Storti / FMA.

A decisão de conceder o wild card ao melhor atleta Júnior de cada continente no ranking do WQS foi tomada em uma reunião realizada entre todos os escritórios regionais da entidade em julho passado.

 

“Com certeza o melhor Júnior no ranking do WQS faz parte da elite da categoria e também possui bastante experiência internacional”, diz Roberto Perdigão, diretor-geral da ASP South America.

 

De acordo com Perdigão, a medida foi tomada porque muitas vezes o atleta que se dedica ao WQS não pode correr uma ou outra prova das seletivas por estar disputando o WQS e em algumas vezes as datas coincidem.

 

Adriano Mineirinho, atual campeão mundial da categoria, completa o time sul-americano. Foto: Ivan Storti / FMA.

“Ele pode ainda estar buscando melhorar sua posição no ranking, que refletirá no seu ‘seeding’ no ano seguinte. Como fica difícil conciliar duas competições, o atleta opta pelo WQS e perde a seletiva”, diz.

 

E é exatamente esta distorção que a ASP está buscando corrigir com esta medida. “Esta é uma regra que está vigorando em todos os sete escritórios regionais da ASP e não apenas no Brasil”, esclarece o diretor-geral.
 
Ao fato de os atletas não terem sido comunicados anteriormente, Perdigão atribui um problema de comunicação. “Porém, não podemos nos prender a isso. Precisamos enxergar mais longe e ver o quanto esta determinação aumenta o

Para Roberto Perdigão, a decisão aumenta o nível técnico dos eventos juniores e valoriza os competidores que têm apostado no circuito WQS. Foto: Divulgação.

nível técnico dos eventos juniores e valoriza aqueles que têm apostado e investido tempo e dinheiro procurando melhorar as perspectivas da sua atividade profissional”.
 

Perdigão também afirma que ainda não recebeu o abaixo-assinado e nenhum descontentamento foi emitido à entidade.

 

“Acho válida qualquer mobilização, desde que seja justa e que faça sentido, mas em sentido coletivo e não individual. O que me preocupa são aqueles que usam de qualquer pretexto para criar o caos. O Brasil tem uma cultura bastante forte nesse respeito e acho que este é um dos nossos grandes problemas. Mas, prefiro seguir com a convicção de que a decisão tomada pela ASP só beneficiará aqueles que têm o mérito de estar inseridos nela”.

 

Para Perdigão, o teor desta nova regra é válido e positivo para que o Brasil conquiste o seu terceiro título mundial de juniores da ASP. Porém, para o próximo ano, mudanças ocorrerão no formato do mundial, que passará de 48 para 64 surfistas.

 

No entanto, o critério de seleção será mantido. “Os cinco melhores sairão das seletivas. A sexta vaga, como já foi definido, será do atleta Júnior melhor colocado no ranking do WQS. Outros seis atletas serão integrados à competição, mas serão convidados da ASP e representarão regiões remotas com boas ondas como Bali, Tahiti, bem como outros países sem representatividade na ASP”, revela Perdigão, que finaliza parabenizando todos os atletas da equipe sul-americana.

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