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Austrália, um SUPer país

SUPTrips da Bebeta. Austrália. Foto: arquivo pessoal

Por Roberta Borsari ( * )

Antes de viajar estava empolgada para conhecer mais uma Meca do surf, a Austrália, mas esta ilha-continente toda particular, foi muito mais do que esperava! Aproveitei o Campeonato Mundial de Kayaksurf que aconteceu em julho em Sunshine Coast, Queensland, para também surfar e remar de SUP, afinal estava numa grande ilha e não poderia deixar de fazer um registro para oprojeto SUPtravessias.

Um país onde tudo relacionado à logística e estrutura funciona, já é um grande começo. Estradas impecáveis, praias com excelentes ondas, vestiários públicos super limpos, postos salva vidas bem equipados, guarda costeira operante full time com constante monitoramento contra ataque de tubarões, isso é a cara da terra Aussie.

Minha surpresa em relação a esta ilha é que minha percepção era de uma país super focado no surf, mas na verdade é mais do que isso e os esportes a remos são muito presentes na vida da população. Na região onde estive cada praia tinha o seu Surf Club, que na verdade eram clubes de remos super tradicionais estruturados com bar e restaurante sofisticado, de frente para a praia todo tematizado com barcos a remo e com muitas fotos de atletas do passado, medalhas e troféus contando a história e vitórias do clube. Boa parte deles também tem guardarias com muitos caiaques, barcos a remos, SUP e pranchas de paddleboard e outros equipamentos. 

A área que mais explorei de SUP foi Noosa, uma pequena cidade/balneário com tudo que uma remadora e surfista mulher como eu pode gostar se não está em um ambiente selvagem ou isolado. Um parque nacional muito bem cuidado para caminhar e avistar koalas em seu habitat natural. Uma costa com vários picos de surf que ofereciam opções desde uma onda um pouco mais cheia ideal para long até picos mais power, para os mais destemidos. Um grande rio com visual incrível que desagua no mar para fazer as remadas. E pra fechar o dia, restaurantes bacanudos e informais com todos os tipos de comida e várias lojas como as melhores surf shops do mercado internacional.

Minha parceria foi com uma operadora especializada em sup “NoosaStand up paddle” (www.noosastanduppaddle.com.au/), com serviços como: aulas para iniciantes, treinamento, sup yoga, surf e trips internacionais– o que mostra o profissionalismo e desenvolvimento do esporte no país. Tinha à minha disposição pranchas de race ou surf para desfrutar o dia conforme as condições que a natureza me oferecia.

Comecei por uma remada saindo por um longo rio em águas mais turvas, passando por ilhotas de areia com muitos pássaros de várias espécies. Nas casas de veraneio era possível avistar todos os brinquedos no jardim: surfskis, pranchas de kite, caiaques, sups, lanchas, jets e outros… o que mostra o perfil do público local. Depois de passar a zona de arrebentação entrando em mar aberto, eis que tenho uma visão aterrorizante. Uma grande barbatana branca afundando a cerca de 10m de mim. Eu já remei em diversos locais com tubarões, já passei por situações estranhas como uma vez em Galápagos, onde remei por uma fenda na ilha chamada Leon Dormido, com grande cardume com mais de 20 tubarões passando por baixo da minha prancha. E apesar de ser uma situação extremamente desconfortável não me apavorei, pois conhecia a região, já tinha feito mergulho de cilindro lá, sabia que estava num ecossistema equilibrado e as espécies locais não atacavam. Agora, na Austrália tudo era diferente… e enquanto estava paralisada para ver o que ocorreria um grande boto rosado, saltou ao meu lado..a sensação de alívio é inexplicável e logo eu continuei remando com os dois botos que me acompanharam por alguns metros até seguirem seu caminho…entendi que aquilo era apenas um “bem vinda”.

É fato que na Austrália tem muitos tubarões, é bem comum ouvir histórias dos conhecidos que tiverem que sair da água ou alguma outra situação similar. E isso também fica claro pela estrutura criada para conter este e outros perigos no mar. As praias possuem redes de proteção, de tempos em tempos um helicóptero passa sobrevoando e sempre tem um barco da guarda costeira por perto. E dizem que a operação funciona da seguinte maneira: caso o helicóptero aviste algum tubarão ele avisa o barco que através de uma sonda ou outro tipode tecnologia afasta o animal ou faz o salvamento das vítimas em potencial. Mas isso não impede que os esportes aquáticos sejam altamente desenvolvidos em toda a costa, simplesmente há um cuidado extra, como não sair sozinho por aí (comoeu fiz) ou ter um barco de apoio. Todo mundo rema, surfa, esquia, mergulha, nada e se diverte!

A vida marinha é muito rica, mais de uma vez surfei com golfinhos na região de Noosa, algumas vezes mais pertinho outras apenas passando de longe, mas sempre em boa companhia! Outra percepção desta região em específico é que não passei por nenhum stress com os surfistas, também por que fiquei mais numa praia onde as ondas eram para todos e havia muita opção de surf pra todo mundo, então pude fazer o meu sem qualquer inconveniente!

As seções de surf eram intercaladas com passeios nos parques nacionais, experiências e interações com animais símbolos da Austrália comocangurus e os Koalas – E quem não quer sair de lá com o registro destes bichinhos?

Foram poucos os dias dedicados ao SUP, pois o meu principal foco foi o mundial de kayaksurf, mas aproveitar a Austrália de stand up foi realmente especial. Não passei por Sidney, Melborne ou Gold Coast, que são os locais mais conhecidos e turísticos, mas tive a oportunidade de conhecer um dos pontos considerados mais bonitos e legais da ilha. Se é que dá pra falar isso, pois são muitos os lugares incríveis para se visitar, surfar e remar. Vale realmente os dois dias voando para depois ficar flutuando sobre as águas!

(*) Roberta Borsari é atleta profissional e aventureira, tem patrocínio UOL, apoio Board House e escreve sobre expedições para o SUPCLUB. Saiba mais sobre a colunista: http://www.robertaborsari.com/

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