João Maurício Jabour desfila no salão verde esmeralda de G-Land. Foto: Arquivo Pessoal Sylvio Mancusi. |
O acesso aos três surf camps que existem no local é possível pelo mar, cerca de três horas com lanchas, ou por terra, num total de sete horas dirigindo veículos apropriados.
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Mais conhecida como G-Land, a bancada foi revelada ao mundo no final dos anos 70 por Gerry Lopez e Peter McCabe, em sessões épicas de surf imortalizadas em filmes e revistas da época.
Em sua primeira barca no pico, Sylvio Mancusi descobre o que atrai tanta gente para o meio da selva. Foto: Arquivo Pessoal Sylvio Mancusi. |
Para Fabio de Biase, o ?Mobral?, comerciante com mais de 20 anos de Indonésia e um dos responsáveis pelo transporte marítimo dos hóspedes de Bali ao pico, G-Land é a esquerda mais pesada e tubular da Indonésia.
O big rider João Maurício Jabour concorda: ?Nas Mentawai rolam direitas incríveis, mas falando de esquerdas, Grajagan na minha opinião é a mais pesada e completa?.
A onda é formada basicamente por três sessões: Money Trees (a mais no outside), Launching Pads e Speedies, a famosa sessão extratubular do inside. Cada uma funciona melhor com determinada maré.
Embora a história credite o descobrimento de G-Land a Lopez e McCabe, alguns especialistas no assunto apontam Mickey Boyle e Bob Leverty como os verdadeiros desbravadores da onda.
Existem rumores que essa história será devidamente contada por Boyle em um livro, patrocinado por uma grande marca de surfwear, que deve ser lançado nos próximos meses.
O filho dele, Cyrus Boyle, que estava em G-Land nesta temporada, confirma a versão: ?A história verídica é que em 1972 meu pai e Bob sobrevoaram a área durante um vôo de Jakarta a Denpasar e viram as ondas do avião. Em outra oportunidade fizeram o caminho de Bali a ilha de Java de moto, e foi interessante porque era um tempo de transição política entre os presidentes Sukarto e Suharto e eles negociaram a entrada na área com os militares, explicando o que eram aquelas pranchas. Ao percorrerem a costa chegaram à vila de Grajagan e surfaram a onda por três dias consecutivos?, explica.
?Depois voltaram várias vezes ao local, mas de barco. Em 1976 convidaram Gerry Lopez e Peter McCabe para uma trip ao pico. É claro que todos ficaram extasiados com a qualidade da onda e meu tio decidiu abrir um camp no local com a ajuda de Bob Lavagassa, dono do Bobby?s Surf Camp, o mais tradicional até hoje?.
Em 1994, porém, um tsunami atingiu o vilarejo matando cerca de mil pessoas. Entre os feridos no camp estavam os surfistas profissionais australianos Nick Wood, Richard Dog Marsh e Richie Lovett.
O indonésio Puma, gerente do Bobby?s e testemunha do fenômeno, relata: ?Foram três ondas. A primeira tinha cerca de três pés, a segunda cinco e a terceira, 12 pés. Os surfistas mais experientes se uniram aos macacos nas árvores e não houve vítimas no camp. O terremoto que gerou o tsunami foi bem forte, mas não esperávamos ser acordados daquela forma no meio da madrugada?.
A selva de G-Land é reduto dos mais diversos animais. De acordo com os locais, existem tigres, panteras, macacos, dragões de Komodo, porcos selvagens, cobras, aranhas, entre outros.
?Eu já presenciei uma invasão de macacos no café da manhã. Cerca de 50 deles invadiram, comeram tudo e foram embora. Os locais e visitantes ficaram impossibilitados de fazer qualquer coisa?, se diverte Rodrigo Digone, morador de Bali há mais de 15 anos.
Lendas à parte, nas duas últimas semanas eu tive a oportunidade de conhecer a tão famosa onda, na companhia de uma galera de primeira, como Fabio ?Mobral?, João Maurício Jabour, Felipe Gama, Fabio ?Feijão? Rossi, Rodrigo ?Digone?, Ziza e Michaela Fragonese.
O dia-a-dia nos surf camps é de primeira qualidade. Bangalôs praticamente de frente para o mar, com serviço de café da manhã, almoço e jantar por valores em torno de US$ 150 a US$ 650 semanais.
No outside sempre há um certo crowd composto pela galera dos três surf camps, mas as ondas de cerca de 1,5 a 2,5 metros que rolaram nessa semana deixaram a galera bem à vontade e de cabeça feita.
No meio da galera um rapaz franzino de 24 anos se destacava e surfava com o puro talento de um tube rider: o peruano Álvaro Malpartida, filho de Chino Malpartida, um dos melhores surfistas peruanos dos anos 70/80, que morreu em um acidente de skydive.
Acompanhado da namorada brasileira, Álvaro se emocionou ao lembrar do pai: ?Ele amava essa onda e eu sinto que a minha intimidade e amor por G-Land são genéticos. Fico muito feliz quando as pessoas se lembram dele, ele era muito querido e essa vibração me contagia?.
Para finalizar, os mais experientes freqüentadores de Grajagan afirmam que se trata da onda mais constante da Indonésia, sempre com pelo menos dois pés a mais do que Bali. Boa viagem.
Aloha