A disputa do título brasileiro centralizou as atenções no segundo dia do Oi SuperSurf de Florianópolis, com metade dos quatorze concorrentes a liderança do ranking competindo na quinta-feira de boas ondas de meio a 1 metro na praia da Joaquina.
Os líderes, Flavio Nakagima e Hizunomê Bettero, acabaram eliminados e deixaram o caminho livre para nove surfistas brigarem pela ponta em Santa Catarina. Outro paulista também perdeu, Deivid Silva, mas o cearense Charlie Brown, o paulista Thiago Camarão, o capixaba Krystian Kymerson e o pernambucano Ian Gouveia venceram suas baterias e seguem na briga, assim como cinco que ainda não estrearam em Floripa, o paranaense Jihad Khodr, o paulista Thiago Guimarães, os baianos Marco Fernandez e Alandreson Martins e o cearense Messias Felix.
Um dos destaques do dia foi o jovem pernambucano Gabriel Farias, 20 anos, que foi o verdadeiro carrasco dos líderes do ranking brasileiro na quinta-feira em Florianópolis. Ele primeiro venceu o terceiro colocado, Hizunomê Bettero, no confronto que abriu a terceira fase do Oi SuperSurf na Ilha da Magia. Nessa, o experiente carioca Raoni Monteiro se classificou em segundo lugar. Depois, Gabriel ganhou o primeiro confronto da quarta fase, com o catarinense Cauê Wood ganhando a briga pela segunda vaga e o líder do ranking, Flavio Nakagima, também terminando em último como Hizunomê Bettero.
“Eu só tenho que agradecer a Deus por ter conseguido pegar boas ondas e, como falei da primeira vez, não estou pensando em quem está na bateria comigo, mas só em surfar mesmo e deu tudo certo”, disse Gabriel Farias, após a vitória que eliminou Flavio Nakagima. Contra Hizunomê Bettero, ele também pegou as melhores ondas que entraram na bateria para mostrar o seu surfe de manobras modernas, incluindo as aéreas.
“Eu consegui abrir a bateria com uma onda boa, 7,83, depois fiz outra nesse mesmo nível e dei sorte de pegar a prioridade (de escolha da próxima onda) na hora que entravam as séries. Eu procuro nem olhar quem são meus adversários antes das baterias, só penso mesmo em fazer o que eu sei e dar o meu melhor para conseguir as notas”, concluiu Gabriel Farias.
Esse foi um dos confrontos de gerações que vem marcando a volta do Oi SuperSurf ao Circuito Brasileiro depois de cinco anos. O experiente carioca Raoni Monteiro, 33 anos, que até o ano passado integrou a elite mundial que disputa o WCT, passou em segundo nessa primeira vitória de Gabriel Farias. Depois, Raoni ganhou a segunda bateria da quarta fase, que fechou a longa quinta-feira de 26 baterias disputadas na Praia da Joaquina.
“Bateria difícil, o Gabriel (Farias) achou boas ondas no início e quebrou a bateria, então ficou todo mundo na batalha ali e eu consegui uma que deu para acertar boas manobras e um floater para me classificar”, disse Raoni Monteiro. “O pico mudou hoje (quinta-feira), com vento terral e acho que faltou mais onda, mas a formação está boa quando ela vem. O Hizunomê acabou não conseguindo pegar muitas ondas, mas bateria é isso mesmo, é cada um por si tentando fazer o seu melhor. Mas, o Hizu é um grande amigo, está surfando bem, competindo bem e torço pra ele conquistar o título brasileiro esse ano”.
PRINCIPAL CONCORRENTE – Com a eliminação do líder Flávio Nakagima e do terceiro colocado, Hizunomê Bettero, além da ausência do vice-líder, Tomas Hermes, o principal candidato a assumir a ponta do ranking no Oi SuperSurf de Florianópolis passou a ser o cearense Charlie Brown. Ele é o quarto colocado e competiu na bateria que fechou a terceira fase, só conseguindo a classificação na onda que surfou no último minuto e o levou do terceiro para o primeiro lugar. O paranaense Amani Valentim estava vencendo e caiu para segundo, com o carioca Simão Romão sendo eliminado junto com o catarinense Alon Campestrini.
“Eu sabia que ia ser uma bateria muito difícil. O Simão (Romão) e o Amani (Valentim) são bem experientes, todos pegaram boas ondas e acabou tudo sendo decidido na série que entrou no último minuto. Eu consegui surfar uma boa onda para tirar a nota e passar em primeiro, então estou muito feliz pela classificação”, disse Charlie Brown, que prefere não pensar em título brasileiro ainda. “Essa foi só a minha primeira bateria aqui e ainda tem muita coisa pra acontecer. Eu não quero pensar em título brasileiro agora, pois o campeonato aqui tá só começando e ainda tem outra etapa do Oi SuperSurf em Saquarema (RJ), então prefiro me concentrar bateria por bateria, tentando fazer o meu melhor para ir avançando na competição, sem pensar lá na frente”.
DEFENSOR DO TÍTULO – Depois da derrota de Hizunomê Bettero, antes do segundo concorrente ao posto de número 1 do ranking brasileiro se apresentar na quinta-feira, o vencedor da última etapa do SuperSurf disputada na Praia da Joaquina, em 2008, o catarinense Willian Cardoso, estreou com vitória na terceira bateria da terceira fase. Na briga pela segunda vaga, o mais jovem entre os 160 participantes, Samuel Pupo, de 14 anos, despachou o campeão brasileiro de 2010, Jean da Silva, que fez aquela final catarinense de 2008 com Willian Cardoso na Joaca.
“Eu fiquei porque nervoso porque bateria de 20 minutos passa muito rápido. Quando eu pisquei o olho, já faltavam 12 minutos pra acabar e eu não tinha nenhuma onda surfada ainda”, destacou Willian Cardoso. “Depois eu consegui achar uma onda boa para explorar o ponto crítico e passar em primeiro, que era o que eu buscava. Eu estava na Europa disputando o Circuito Mundial, mas voltei só pra participar desse evento, porque é muito importante termos um Circuito Brasileiro forte e tenho grandes lembranças aqui da Joaquina. Meu pai estava aqui quando ganhei aquele SuperSurf em 2008 (ele e a mãe faleceram em 2009), foi ali na areia me buscar, a final foi com o Jean (da Silva) e a gente continua aí. Agora meu filho está pra nascer, tem muita coisa boa acontecendo e espero que a Joaquina possa reativar as memórias”.
BRIGA PELA LIDERANÇA – Voltando aos principais concorrentes ao título brasileiro, o capixaba Krystian Kymerson (11.o do ranking), venceu bem sua primeira bateria na Praia da Joaquina. Já o paulista Deivid Silva (9.o), que vinha embalado do vice-campeonato na final brasileira com Thiago Camarão no QS 1500 da Espanha domingo passado, acabou barrado pelo cearense Icaro Lopes na disputa vencida pelo experiente campeão brasileiro de 2008, o carioca Gustavo Fernandes.
No confronto seguinte, foi a vez Thiago Camarão estrear no Oi SuperSurf de Florianópolis e ele conseguiu achar boas ondas para ganhar uma das baterias mais disputadas da quinta-feira na Praia da Joaquina. O potiguar Danilo Costa tinha a maior nota, mas acabou cometendo uma interferência em Camarão nos minutos finais e terminou em último. A segunda vaga ficou para o jovem Weslley Dantas, 17 anos, destaque da segunda etapa em sua casa, Ubatuba, onde fez o maior placar do ano até agora, 18,53 pontos de 20 possíveis.
“Foi muito emocionante do começo ao fim. Desde que eu vi os nomes da bateria eu já sabia que seria uma das mais difíceis dessa fase, mas eu estava me sentindo bem, confiante e deu tudo certo”, disse Thiago Camarão. “O Danilo (Costa) começou com um 8 imprimindo um ritmo forte na bateria, o Gilmar (Santos) com duas notas regulares, então eu sabia que tinha que ter calma e aguardar pra pegar as melhores ondas. Eu cheguei agora da Europa para manter o ritmo de competição aqui, porque é um evento muito difícil, com nível técnico de Mundial WQS tranquilamente, então vim em busca de mais um bom resultado. Eu sei que é cedo para falar em título brasileiro, estou com os pés no chão e focado pro próximo rounde”.
CONFRONTO DE GERAÇÕES – O outro concorrente de Flávio Nakagima que estreou com vitória na quinta-feira foi o pernambucano Ian Gouveia. Assim como aconteceu na etapa do Oi SuperSurf de Ubatuba, ele se classificou junto com o cabo-friense Victor Ribas, 43 anos, que competiu durante quase toda a carreira com o pai dele, Fábio Gouveia, inclusive pegando-o no colo e cuidando dele durante as viagens pelo mundo. Na Praia da Joaquina, a reedição da bateria que mais simbolizou os confrontos de gerações do Oi SuperSurf 2015, os dois eliminaram o pernambucano Frank Cordeiro e o catarinense Jonathan Busetti.
“É cara, eu estou perseguindo ele, já que ele entra mais na frente da competição. Mas, a bateria foi boa, apesar de que eu almocei muito em cima da hora de competir, estava me sentindo meio pesado, um pouco atrasado, só que no final achei mais ondas que os juízes gostaram e foi legal”, contou Victor Ribas. “Foi legal fazer essa parceria com ele (Ian Gouveia), um moleque eu vi crescer e que está arrebentando agora no Circuito Mundial, no Brasileiro, então vou estar sempre torcendo pra ele também”.
“Só agora que cheguei aqui no palanque que vi que o Vitinho passou também, então foi show, irado”, disse Ian Gouveia. “O mar está um pouco difícil, mas as ondas estão vindo, não está tão inconsistente assim. Tem ondas pra todo mundo e com sistema de prioridade (de escolha da próxima onda) não fica aquela impregnação por posicionamento, que é chato pra caramba, então foi divertidaço. Gostei bastante da minha estreia e continuo aí buscando passar baterias para melhorar minha posição no ranking, mas sem pensar em título brasileiro nem nada, só em surfar mesmo o melhor que posso minhas ondas”.
Quarta fase
1 Gabriel Farias (PE), 2-Cauê Wood (SC), 3-Lysandro Leandro (ES), 4-Flavio Nakagima (SP)
2 Raoni Monteiro (RJ), 2-Luciano Brulher (SP), 3-Magno Pacheco (SP), 4-Arthur Aguiar (SP)
Baterias pendentes que vão abrir a sexta-feira
3.a: Bino Lopes (BA) e Diego Rosa (SC), Willian Cardoso (SC), Cainã Barletta (SC)
4.a: David do Carmo (SP) e Ygor Arakaki (SC), Samuel Pupo (SP), Peterson Crisanto (PR)
5.a: Alandreson Martins (BA) e Luel Felipe (PE), Krystian Kymerson (ES), Artur Silva (CE)
6.a: Samuel Igo (PB) e Odarci Nonato (SP), José Francisco (PB), Rafael Teixeira (ES)
7.a: Bruno Galini (BA) e Dunga Neto (CE), Alcides Lopes (SC), Icaro Lopes (CE)
8.a: Marco Fernandez (BA) e Rudá Carvalho (BA), Gustavo Ribeiro (SP), Gustavo Fernandes (RJ)
9.a: Thiago Guimarães (SP) e Rodrigo Wazlawick (SC), Thiago Camarão (SP), Leandro Bastos (RJ)
10: Robson Santos (SP) e Alex Lima (SC), Weslley Dantas (SP), Leonardo Neves (RJ)
11: Caetano Vargas (PR) e Douglas Noronha (SP), Alan Jhones (RN), Victor Ribas (RJ)
12: Messias Felix (CE) e Franklin Serpa (BA), Tales Araujo (SP), Ian Gouveia (PE)
13: Odirlei Coutinho (SP) e Gustavo Bertotto (RS), Jessé Mendes (SP), Saulo Junior (SP)
14: Luan Carvalho (SP) e Marcos Correa (SP), Luan Wood (SC), Leo Andrade (BA)
15: Renato Galvão (SP) e Ricardo Ferreira (SP), Caio Ibelli (SP), Amani Valentim (PR)
16: Jihad Khodr (PR) e Alan Donato (PE), Dodô Veiga (SP), Charlie Brown (CE)