Espêice Fia

Borghi revela tudo

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Joyce Grisotto e Ricardo Borghi em Marrocos. Foto: Fábio Gouveia.

Rizal Tanjung em Padang, Indonésia. Foto: Ricardo Borghi.

A magia cristalina de Fernando de Noronha (PE). Foto: Ricardo Borghi.

Ricardo Borghi começou a fotografar em 1998, quando logo fez um curso na escola Focus, em São Paulo (SP). Morou por dois anos no litoral Norte do estado, mais precisamente em Maresias, quando fotografava e vendia as imagens para a galera.

 

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Ainda na época dos slides, depois dos clicks durante o dia de surf, fazia o corre até Boiçucanga para agilizar a revelação. Em 2002, se picou para Londres para trabalhar, juntar uma grana com o intuito de trocar o equipamento e chegar à Indonésia, seu principal foco.

 

Depois de ficar por dois meses instalado no pico de Bingin e dando tiros para outras ondas, regressou à Inglaterra, onde ficou mais um tempinho, e logo retornou ao Brasil.

 

Ali começava sua carreira como fotógrafo profissional, trabalhando para as resvistas especializadas, e logo passou a fazer parte do staff internacional. Amante da Indonésia, entre muitas ondas clicadas, mostrou ao Brasil as ondas de Pasti em trip com Júnior Faria e Wilson Nora, em 2007.

 

Naquele recém-criado surf camp, atuou como fotógrafo residente por dois anos consecutivos. Com tanto tempo longe do país, levou a namorada Joyce Grisotto, que logo começou a fotografar da areia. Quando Borghi se encontrava na água, a parceria do casal funcionava em duplo ângulo. No entanto, com a entrada das câmeras 7D no mercado, Joyce partiu para o vídeo, e desde então vem gravando as ondas nas trips com diversos surfistas brasileiros e estrangeiros.

 

Sempre atrás de imagens exóticas, o Marrocos foi palco para esticadas viagens em três ocasiões, nos anos de 2009, 2011 e 2012. Tive o privilégio de estar junto com Borghi e Joyce em varias ocasiões, e aproveitando o momento atual – nos encontramos justamente na Indonésia, gravando o novo filme da Hang Loose -, decidi entrevistá-los para saber mais um pouco das andanças do casal, afinal uma vida dessas interessa a qualquer um, não é mesmo?

 

Vocês gostam mesmo de aventura, né? Qual a maior aventura que viveram juntos nestes três últimos anos viajando e fotografando pelo mundo?


Borghi No Marrocos sempre rola aventura, cultura diferente, picos inóspitos, e na Indonésia a mesma coisa. Ter fotografado o pico em que nos encontramos neste exato momento foi especial. Um pico ainda quase nada explorado. Tivemos uma volta sinistra ano passado de Mentawai. Pegamos um tufão, uma condição super difícil de navegação. Todo mundo cabreiro, maior cheirão de gasolina… Fora os voos sinistros entre as ilhas.

 

Joyce Na região de Pasti, ano retrasado, estava filmando do barco quando uma série nos atigiu. Vimos a série vindo e, ao passarmos pela primeira, acabamos levando a segunda. Ainda deu tempo de fechar a pelican case com o equipamento e pularmos na água, mas o marinheiro indonésio, que não sabia nadar, foi junto com o barco, que acabou no reef. Quando o barco virou, Borghi falou que não iria entrar mais ondas ali, mas outra série veio e tomei duas ondas na cabeça (uma semana antes do episódio, Borghi havia alertado a Joyce para pular do barco caso ocorresse um fato desse tipo).

 

E a melhor session?


Borghi Tiveram uns Padangs incríveis. Lá é um dos melhores lugares pra fotografar. O visual é incrível. Em 2011, fiz uma foto irada do Rizal, surfista local. O Slabs, no Marrocos, The Role, em Mentawai, foram locais alucinantes.

 

Joyce Fizemos uma trip muito legal para Desert junto com Ian, no ano passado, e quando retornamos, presenciamos Kelly Slater em Keramas. Em uma passagem por Safi, Marrocos, em 2011, estava alucinante, porém não havia bons surfistas.

 

Vejo que vocês não param de viajar. Quanto tempo pretendem ficar nesta vida nômade?


Borghi Sei lá. A ideia é ficar nessa até encontrar um canto legal para amarrar o burro, né? (risos). Mas, sei lá, gosto muito da Indonésia.

 

Joyce Gostaria de viajar bastante, no entanto menos tempo durante as trips, ou seja, ficar mais no Brasil também…


Quais os planos futuros? Que lugares e países gostariam de visitar?


Borghi Cara, queria muito conhecer o Tahiti. É um lugar fantástico. Quero muito conhecer o México e uns picos na Europa como Irlanda, Escócia…

 

Joyce Eu gastaria de conhecer a Europa e também o Tahiti. Imagino que seja o paraíso na terra. Fico imaginando aqueles bangalôs com piso de vidro, vendo o fundo do mar (risos)…

 

Com tantas imagens, quantos HD’s externos vocês usam?


Borghi Andamos sempre cada um com 4 HD’s, carregados também com material dos dois últimos anos clicados. Isso é importante, pois se alguém precisar de algum material feito, temos eles em mão.

 

Quais as maiores dificuldades encontradas nessas andanças?


Borghi Na Indonésia, por exemplo, encontramos as maiores dificuldades quando se trata de picos remotos. Pegar ônibus lotados, horas de moto no meio das selvas, aviões capengas, etc. Tem hora que não tem infra e aí é perrengue.

 

Joyce Transporte marítimo e banho gelado na Indonésia (risos)!

 

Joyce, você é menina e menina usa batom. Quanto ao seu guarda-roupa, sente falta de ter alguma peça em especial na sua mala?

 

Joyce Não, sinto apenas falta de ter roupas limpas, passadinhas e cheirosinhas. O grande problema também é que todas acabam detonadas (risos).

 

Bom, essa pergunta nem vou fazer para o Borghi, pois lembro de um tênis que apelidei de gambá quando fomos para Pasti, em 2008 (risos)!

 

Foi fácil aprender a lingua dos indonésios, o Bahasa?

 

Borghi Na verdade não é difícil. Não tem muita conjugação verbal. Você guardando o vocabulário, aprende rápido. Moramos em casa de nativo quando estávamos em Pasti, então foi fácil devido à convivência. Falando a lingua nativa, facilita bastante, principalmente nos picos remotos, para negociar um preço, ficar mais próximos das pessoas…

 

Medo de algo, alguma doença como malária ou qualquer outra desconhecida?


Joyce Tenho muito medo, principalmente porque eu já peguei uma tal de Chikungunya, uma espécie de dengue. Foram vários dias de febre alta e fiquei com dores nos ossos por uns dois meses. Aliás, às vezes até hoje sinto umas dores.

 

Borghi Ah, tenho receio de pegar essas doenças tropicais, como malária, dengue… É um negócio que, se você pegar, acaba com a pessoa e atrasa nosso trabalho…

 

E as placas tectônicas?


Joyce Nossa, eu nem tenho tanto medo de terremoto, tenho medo mesmo é de tsunami.

 

Borghi Cara, não sou muito encarnado com essas paradas, não. O negócio existe, é da natureza, então…


Já que estamos na Indonésia e inevitavelmente vocês acabam falando muito daqui, como veem o país?

 

Borgui Um país com uma quantidade incrível de ondas, um povo muito hospitaleiro e um lugar muito legal pra se morar. Sim, e tem Sambal Souce, uma pimenta local (risos).

 

Joyce A beleza natural e exótica é muito interessante. O povo mostra-se feliz e de bem com a vida.

 

E a próxima parada interna?


Joyce e Borgui Nias!

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.