Buenissimo

Brazucas exploram o Chile

Fábio Silva, Punta Lobos, Pichilemu, Chile,

Ex-top do WCT, Fábio Silva explora o gélido litoral chileno. Foto: Flávio Almada.

Aproveitando a escassez de ondas no litoral brasileiro, parti rumo ao sul do Chile, na companhia de surfistas de alto calibre. Nomes como a lenda Cristiano Guimarães, o ex-top do WCT Fábio Silva, o jovem Netto Moura e os freesurfers Felipe ?Gordinho? e Gustavo Raupp fizeram a cabeça e a mala no país Andino.

 

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Mais tarde ainda encontramos o top catarinense Gustavo Santos, que já estava desfrutando as clássicas esquerdas chilenas há cerca de um mês, e encorpou ainda mais a barca.

 

Partimos em meados de fevereiro da rodoviária de Florianópolis (SC), e mesmo rodando dois dias e duas noites de ônibus, ainda tivemos forças e motivos de sobra para dar boas gargalhadas durante o longo e árduo itinerário.

 

A capital gaúcha, Porto Alegre, a suja fronteira entre Brasil e Argentina, a tensa aduana da Argentina e Chile, parte da majestosa Cordilheira dos Andes e a capital Santiago do Chile, foram algumas das nossas principais paradas antes do nosso destino final: Pichilemu, cerca de 350 quilômetros ao Sul da capital chilena.

 

Ao chegarmos e nos depararmos de frente à La Puntilla, uma esquerda muito boa e longa com várias sessões, quebrando de 7 a 8 pés constantes, tivemos a certeza que todo o desgaste e cansaço da trip iria valer a pena.

 

Logo na primeira queda a rapaziada mostrou que tinha apetite e fome por ondas de linha e volumosas. Até eu abortei as fotos devido ao horário e a fissura. Pegamos ? e tomamos na cabeça ? boas ondas lisas que proporcionavam um surf de qualidade e responsabilidade. A galera ainda se habituava a forte remada e ao cenário chileno.

 

A partir da segunda queda notei que a galera estava mais solta e mais adaptada às condições do mar do Pacífico, e consegui registrar bons momentos de todos. Felipe ?Gordinho? determinado a se jogar nas cracas. Gustavo Raupp instigado e ávido pelas ondas. Cristiano Guimarães mostrava cada dia mais disposição e atitude na busca pela maior do dia.

 

Fabio Silva a cada onda surfada mostrava porque é considerado uns dos mais velozes do Brasil. Netto Moura mostrou maturidade e confiança em mares de respeito, apresentando um surf polido e encaixado. Gustavo Santos me impressionou com a pressão imposta em suas manobras.

 

Durante toda nossa estadia, ondas boas não faltaram. Dois metros com séries maiores passaram a ser rotina. Lá pelo sexto dia de trip já apresentávamos cansados devido à correnteza, água fria e ondas pesadas. Confesso que batia saudades do nosso ?querido beach breack de cada dia?.

 

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Netto Moura mostra atitude ao encarar as bombas de Punta Lobos, Pichilemu, Chile. Foto: Flávio Almada.

Mas como somos brasileiros e não desistimos nunca, prosseguíamos aguardando um swell ainda maior, para voltarmos com algumas imagens mais radicais.

 

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E não é que veio a tão esperada ondulação. Séries de 10 a 12 pés explodiam nas tetas de Punta Lobos varrendo os poucos surfistas no outside. E se por um lado bombavam verdadeiros vagalhões, que mais pareciam um rolo compressor, por outro lado, nossa trupe esbanjava atitude e disposição.

 

Destaque para Guima, que pegou a maior onda entre nós, uma morra de 12 pés sólidos, emparedados num drop longo e constante. Fabio Silva, mesmo com a prancha errada (6?1) ainda conseguiu manobrar nas intermediárias com ousadia e confiança. Netto Moura deu aula de linha e estilo. Voltamos para nossas cabanas satisfeitos e com a cabeça feita.

 

Ainda presenciamos um outro swell mediano e surfamos a tenebrosa El Infernillo, uma onda mais balançada, com mais parede e pressão, onde o caldo muitas vezes nos prega peça e sustos. Foi lá que presenciei um Gustavo Santos muito radical, explosivo e veloz, buscando puxar o limite sempre. Muita água pro alto, troca de borda e aéreos.

 

Depois de muitas e muitas imagens, estávamos convencidos de que o Chile respira surf e é alto astral. A comida diária no restaurante Pin Pon, o vinho sagrado e suculento que aquecia a mente, corpo e alma. O prazeroso bate-papo com o casal Alicia e Jorge, o agradável itinerário nos colectivos (espécie de táxi comunitário) e os saudosos comerciantes chilenos, que estampavam seus vastos sorrisos por onde quer que fossemos.

 

Ficou na memória a doce lembrança de dias mágicos, num local fabuloso, com pessoas maravilhosas e de alto astral. Obrigado ao povo chileno, aos locais pela receptividade e atenção a cada integrante da barca. Tudo isto somado, mais uma vez me fez acreditar que a felicidade está nas pequenas e mais simples coisas da vida e nas mais singelas atitudes do ser humano.

 

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