Brother do Tour

Brodie Carr, Nova Schin Festival 2005, praia da Vila, Imbituba (SC)

Australiano Brodie Carr comanda a Association of Surfing Professionals e está pela primeira vez no Brasil para o Nova Schin Festival 2005. Foto: Ricardo Macario.
Nos oitos meses em que está no comando da ASP, o australiano Brodie Carr aprendeu uma lição importante, que irá acompanhá-lo por toda a carreira: a exemplo do oceano, no mundo do surf tudo tem seu tempo.

 

Aos 34 anos, Carr é a cara do futuro da Association of Surfing Professionals.

 

Natural de Perth, ele vive em Coolangatta, Gold Coast, e ocupa o cargo de CEO da entidade que rege o esporte no mundo ? e quer levá-lo a novos patamares.

 

Com significativa experiência na área esportiva, ele trabalhou por quatro anos no comitê australiano para as olimpíadas de Sydney em 2000, e passou mais dois anos envolvido com o desenvolvimento do basquete profissional no país.

 

?O surf tem um futuro excepcional como esporte profissional, isso é muito claro para mim. Ainda temos um longo caminho pela frente para chegar ao nível que imagino, o que deve acontecer em cinco anos, mas estamos bem. Até lá vamos dar um passo de cada vez, pois é assim que as coisas funcionam nesse meio?, afirma Carr.

 

Depois de assumir a chefia da entidade algumas importantes mudanças já foram implementadas.

 

Na avaliação dele, a principal delas foi o controle imposto pela ASP sobre os escritórios regionais da entidade pelo mundo.

 

?Confesso que estou satisfeito com o que foi conquistado nesse pouco tempo à frente da ASP. O controle sobre os escritórios regionais permite um trabalho direcionado em todo o mundo, fortalecendo o esporte de maneira homogênea. Isso vale principalmente na realização das etapas do WQS, base para os atletas que almejam o WCT?, explica.

 

Para ele, o WQS é a peça-chave no desenvolvimento do surf profissional. ?Alguns países como o Japão, por exemplo, reclamam da falta de estrutura e dizem que o crescimento do esporte está estagnado. Quero resolver esse problema com uma só tacada: ter um surfista japonês no WCT. Isso pode levar dez anos, mas é meu objetivo. Para alcançá-lo, temos que investir em etapas do WQS no país, pois só assim as novas gerações terão a base necessária para evoluir?, imagina Carr.

 

Segundo ele, os EUA também reclamam do fraco crescimento do surf, e a mesma medida será adotada por lá. ?É incrível um país como os EUA estar nessa situação. É um mercado muito grande e temos que reverter esse quadro?, fala o executivo.

 

O principal meio de levar o surf para horizontes mais altos, na visão de Carr, é investir cada vez mais em exposição na mídia.

 

O CEO da ASP acredita que assim o surf pode se tornar um esporte popular, gerar mais investimentos e, conseqüentemente, mais dinheiro para os envolvidos.

 

?É claro que dificilmente seremos tão grandes como a FIFA ou NBA, mas podemos chegar perto, guardadas as proporções. O surf é um esporte único, com diferenciais e apelos excelentes para a mídia. Só temos que nos adadptar ao formato necessário para os meios de comunicação?, destaca.

 

Sobre o aprendizado em oito meses no comando da ASP, Brodie é enfático: ?Passei a ter paciência, pois no surf sempre dependemos da vontade da natureza. E contra isso não há nada a fazer. Essa também é uma característica da própria indústria que gira em torno desse esporte?, filosofa.

 

A vinda de Carr para o Brasil foi estratégica. Segundo ele, há muito tempo ninguém do comando da ASP vinha para cá, e o país possui extrema importância na trajetória da entidade e para o futuro do esporte.

 

?É engraçado porque na verdade não tem trabalho para mim aqui?, brinca Brodie. ?Perry (Hatchet, juiz-chefe da ASP) e Renato (Hickel, tour manager do WCT) fazem um excelente trabalho e não preciso me preocupar com nenhuma questão relacionada ao andamento da etapa. Mas fiz questão de vir para estabelecer contatos e afirmar a importância do Brasil no cenário mundial, além de conhecer um país do qual sempre ouvi coisas boas?, informa.

 

Para 2006, é muito positiva a expectativa do manda-chuva da ASP. Apesar da saída de nomes consagrados como Luke Egan e Sunny Garcia, competidores de vários anos do tour, cerca de 12 novos valores estréiam no circuito, aumentando ainda mais as perspectivas de um Tour empolgante.

 

?Os surfistas da nova geração estão trazendo modernidade e sangue novo ao WCT, o que é sempre válido. Claro que lamentamos a perda de atletas que ajudaram o WCT a se tornar o que ele é hoje. Mas esse é o ciclo natural de qualquer esporte. Nossa meta agora é trabalhar a imagem desses novos atletas na mídia e capitalizar isso em beneficio do esporte?, vislumbra Carr.

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