O jovem havaiano Bruce Irons, de apenas 21 anos, viveu nesta segunda (17/12) um dia de sonho em Pipeline, com a vitória da 31a edição do Xbox Gerry Lopez Pipeline Masters, um dos mais tradicionais e respeitados campeonatos do surf profissional, em Pipeline, North Shore de Oahu, Hawaii.

Na final, o local o Kauai derrotou ninguém menos que o hexacampeão mundial Kelly Slater, 29 anos ? cinco vezes campeão do evento ?, em segundo, o atual campeão mundial CJ Hobgood, 23, em terceiro, e o jovem Jamie O?Brian, de 18 anos, quarto colocado, e entrou para um seleto grupo, onde figuram nomes como Gerry Lopez, Tom Carroll, Mark Richards, Dane Kealoha entre outros.

Mas o desafio maior aconteceu na segunda semifinal, quando Bruce travou um confronto familiar com seu irmão mais velho, Andy, 23 anos, que corria em busca do título da Tríplice Coroa Havaiana. Porém, o caçula estava determinado a seguir adiante e não deu chances para o mano, com Mr. Slater dominando em primeiro. Andy deu adeus ao sonho, enquanto Bruce alimentava o seu.

A performance do brasileiro Renan Rocha também merece atenção. Renan surfou com a segurança de sempre, e, mesmo depois de um caldo cavernoso que partiu sua prancha ao meio, continuou concentrado e só parou nas quartas-de-final, atrás do vice Kelly Slater, Luke Egan e Danny Fuller.

Já as ondas foram um capítulo à parte nesta segunda. De manhã chegavam até 10 pés na série, proporcionando momentos de suspense e angústia ao grande público presente em Pipe. Mas à tarde o mar abaixou, como previsto, e ondas de 5/6 pés foram pista até para manobras hotdog. Com isso, se deu bem quem anda em qualquer condição, não por acaso os quatro finalistas.

E para quem não entendeu o porquê de tantos competidores nas baterias, aí vai a explicação: justamente por causa do declínio do swell, os organizadores abortaram o formato inicial, similar ao WCT com baterias homen X homen, e colocaram quatro logo na segunda fase.

Na final Bruce travou outro confronto particular com Kelly Slater. O norte-americano já chegou em sete decisões no pico, e vendeu caro a derrota para o havaiano. Irons apostou nas direitas do Backdoor, com tubos longos e manobras bem dadas, arrancando um 9,5 dos juizes, a mais alta nota da bateria. Slater correu atrás pelo mesmo caminho, a porta dos fundos de Pipe, mas ficou precisando de apenas uma onda para virar a bateria, e ela não veio.

O campeão mundial CJ Hobgood e Jamie O?Brian nem ofuscaram a vitória de Bruce, que alcançou a média de 24, 10 pontos (de 30 possíveis). Slater chegou perto com 23,55, mas os outros dois juntos não chegaram a 22 pontos.

No pódio, Bruce Irons mal conseguia completar uma frase inteira, tamanha a emoção. ?Estou amarradão. Cheguei perto em 98 (quando perdeu para Jake Paterson na final), e agora finalmente realizei meu sonho. Nem sei o que dizer…?, balbuciou o campeão, que embolsou US$ 35 com a vitória.

Também foram premiados os havaianos Myles Padaca, com US$ 15 mil pelo título da Tríplice Coroa Havaiana 2001 ? com o primeiro lugar no Rip Curl Cup, em Sunset, e um terceiro no G-Sock Hawaiian Pro, em Haleiwa ?, e Jamie O?Brian, ?Rookie of The Year? da Tríplice Coroa Havaiana ? prêmio para o surfista revelação do ano.

?Nossa, estou muito feliz. Esse título foi o meu acerto de contas com 12 anos de dedicação no Hawaii. Espero sentir esse gosto mais vezes?, desabafou Padaca, que no total ficou US$ 49 mil mais rico após a Tríplice Coroa.

Assim, mais um capítulo foi escrito na história do Pipeline Maters, diferente dos anteriores, mas com a mesma essência: coroar o melhor surfista em uma das ondas mais desafiadoras do mundo.

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