De pódio em pódio

Bruninho faz história

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Bruno Santos tentará vaga pela divisão de acesso para ingressar no WCT. Foto: Daniel Smorigo.

Depois da vitória histórica nas temidas ondas de Teahupoo, Tahiti, o niteroiense Bruno Santos confirma sua excelente fase e sobe ao pódio em segundo lugar na terceira etapa do SuperSurf 2008 em Maresias, São Sebastião (SP).

 

Bruninho, que nunca havia conseguido um resultado expressivo na elite do surf brasileiro, está muito feliz com a conquista e concede entrevista exclusiva ao Waves, na qual revela seus planos como surfista profissional e emite sua opinião sobre a situação atual dos brasileiros no WCT.

 

O que mudou para você depois da conquista do título em Teahupoo?

 

Como pessoa não mudou em nada. Caiu a ficha, mas ao mesmo tempo foi tudo muito rápido, eu estava fazendo o que mais gostava. Por mais que tenha sido um grande feito, foi tudo muito tranqüilo e muito natural, só um reflexo de tudo que eu passei lá, o Tahiti é um dos lugares que eu mais gosto de ir.

 

Falando da minha carreira, com certeza muitas portas se abrirão e é um estímulo a mais para continuar buscando minha vaga na elite mundial.

 

Você já recebeu convite para alguma outra etapa do WCT?

 

Minha presença já está confirmada na sexta etapa do circuito, a ?The Search?, que é promovida pelo meu patrocinador (Rip Curl). Já estou garantido também no evento principal de Teahupoo no ano que vem. A princípio são só estes dois convites.

 

Quais são os seus planos como atleta profissional neste ano?

 

Estou correndo o WQS e o SuperSurf. Pretendo participar de todas as principais etapas do WQS para buscar uma vaga no WCT, só não fui para as Maldivas agora. Na verdade eu tinha começado o ano meio desanimado. Vou ter que abrir mão de mais três outras etapas do WQS para participar da etapa do WCT da Rip Curl, pois as datas coincidem. Fora isso, eu vou participar de todo resto, inclusive de grande parte da perna européia e do Hawaii no fim do ano.

 

Como você analisa a evolução do Mineirinho na elite mundial?

 

Mesmo o Mineiro sendo o mais novo dos brasileiros, ele é o que está mais bem preparado, correndo atrás de testar equipamentos e treinar. A prova disso são os resultados dele, principalmente em ondas como Teahupoo e Fiji.

 

Atualmente ele já é o quarto colocado. Para melhorar as próximas etapas são em ondas que ele é especialista, as direitas. Ele tem de tudo para subir mais ainda no ranking. Sem contar o fato de ele ser muito novo ainda, ele tem apenas 21 anos. Na minha opinião ele tem de tudo para ser o melhor brasileiro nos próximos anos.

 

Você acha que algum outro brasileiro pode se destacar também?

 

O Neco, que é já é super experiente e está lá há vários anos. O Léo Neves também tem o surf muito forte, um dos que se enquadra bem nos critérios do WCT. Junto com o Mineirinho, para mim eles são os dois brasileiros favoritos no WCT. O Heitor ainda está em seu primeiro ano, mas também tem tudo para arrebentar.

 

Existe aquela velha história que os brasileiros são prejudicados pelo julgamento no WCT. Você acha que isto existe mesmo? Sua vitória em Teahupoo muda a maneira dos brasileiros serem vistos neste circuito?


Eu acho que não existe muito isso. O julgamento no surf é muito subjetivo, está sujeito a erros o tempo todo. Já cansei de ver baterias nas quais Kelly Slater, Andy Irons, Victor Ribas e Léo Neves foram prejudicados.
Às vezes isso acontece quando a diferença é muito pequena, mas na minha opinião acontece com todos os surfistas, independente de serem brasileiros.

 

O vice-campeonato na etapa de Maresias te dá uma tranqüilidade maior no SuperSurf?

 

Esou amarradão. Competi sem pressão nenhuma, mesmo sendo o primeiro campeonato depois de Teahupoo e todo mundo esperando minha apresentação. Eu estava completamente relaxado para curtir e pegar altas ondas. Sou muito tranqüilo, não gosto de criar expectativas, só vou surfando mesmo.

 

O campeonato foi maneiríssimo, deu altas ondas e estou amarradão com o segundo lugar. Muita gente diz que o segundo é o primeiro dos últimos, mas eu não vejo as coisas dessa maneira, pois venci muitos caras bons para estar aqui, não dá pra ganhar todas. Eu estava com medo de perder minha vaga pro ano que vem, mas este resultado já ajuda.

 

Você pretende participar de todas etapas do SuperSurf neste ano?

 

Sim. Na primeira etapa eu não fui bem, perdi logo de cara. A segunda eu abri mão para ir ao Tahiti. Maresias é um lugar que eu adoro, dá altos tubos, o tipo de onda que eu curto. A princípio minha idéia era fazer alguns pontos para classificar pro ano que vem. Quem sabe agora não dá pra lutar pelas primerias posições do ranking.