Se existe alguém que tem história como convidado no ASP World Tour, este alguém é o niteroiense Bruno Santos.
Sua presença no Rip Curl Pro de Portugal marca o 13º convite para disputar uma prova do circuito como wildcard.
Ele já competiu três vezes em Teahupoo, três em Pipeline, duas no Brasil, quatro nos Rip Curl Pro Searches e agora mais uma em Portugal.
Entre essas participações, Bruninho gravou seu nome na galeria dos campeões de Teahupoo em 2008, logo em uma das ondas mais temidas do Tour. Depois de enfrentar condições cabulosas nas triagens, ele ainda despachou nomes como os australianos Mick Fanning e Joel Parkinson.
Com 27 anos, além de história Bruninho tem também muito respeito por parte dos tops da elite mundial do surf. Confira abaixo uma entrevista exclusiva com este gigante criado na pesadas ondas de Itacoatiara (RJ).
Desde que você chegou, na última segunda-feira, já surfou onde e com quem por aqui?
Tenho surfado com o Mineiro, com o Jadson e com o Ricardo Martins. A primeira praia que surfei foi na Baía do Baleal, onde peguei algumas marolas. Depois só surfei em Supertubos.
De quarta-feira em diante deu altas ondas o dia inteiro. Altos tubos. No dia seguinte ainda deu boas ondas pela manhã, mas depois o vento entrou estragando tudo. Agora estamos sem onda, então nem surfei mais.
Você já conhece o potencial deste pico. Como estão as ondas em comparação ao ano passado?
O ano passado, no único dia que rolou o campeonato em Supertubos estava mais pesado, porém este ano está bem mais perfeito. Já deu para ver bem como é o pico.
Sempre que você fica sabendo o lugar onde vai ter um campeonato, você já tenta se informar sobre como é o pico e procura vídeos na internet. Então já sei que a onda é alucinante. Um beach break bem parecido com Itacoatiara. Apesar de ter altos tubos, tem que estar sempre ali caçando e peneirando, pois fecha bastante. Tomara que funcione para o campeonato.
Você esteve aqui em Portugal várias outras vezes para competir etapas do WQS. O que você mais curte aqui além das ondas?
Ah sim, várias vezes, quando eu estava competindo o circuito inteiro. Todo ano eu vinha para cá, para a região de Ericeira. Já faz um tempo que venho para cá.
Eu gosto bastante da comida. Minha família toda é portuguesa, inclusive eu tenho nacionalidade e passaporte português. Então eu gosto de várias coisas, mas uma das que mais gosto é a comida, porque geralmente quando saímos do Brasil são poucos os lugares em que nos alimentamos bem. É difícil achar uma comida gostosa e farta. Acho que aqui em Portugal é bem legal por causa disso.
Agora você não corre mais o WQS inteiro, mas ainda assim tem a oportunidade de competir aqui entre os melhores do mundo. Qual a importância disto para você?
O convite foi até inesperado. Eu virei free surfer, mas estarei sempre atrás de correr eventos como este, mesmo que seja no WQS. Minhas prioridades são as viagens. Toda vez que surgir uma trip alucinante eu vou estar dentro.
Mas eu nunca vou abrir mão de participar de uma triagem no Tahiti ou de um convite para uma etapa do World Tour que tenha altos tubos, nem mesmo do WQS em Noronha (PE).
Se eu estiver no Brasil quando rolar uma etapa do SuperSurf vou participar também, assim como alguns campeonatos no Rio, mas o meu foco não é mais as competições.
Em lugares como este, Pipeline ou Teahupoo, não há oportunidade melhor de pegar altas ondas do que no campeonato, em que você surfa com pouca gente na água e é bacana também. Então virei free surfer mas vou continuar participando de alguns eventos, principalmente onde tiver ondas tubulares.
Já que seu foco agora é o free surf, quando você participa de alguma competição ainda rola aquela pressão por um resultado ou é tudo diversão?
Quando eu corria o WQS inteiro já não tinha muita pressão. Agora menos ainda, até porque eu acho que a pressão fica mais em cima deles, já que eu não estou brigando por pontos e nem por vaga. Só estou aqui para tentar um bom resultado e já não sou mais um desconhecido depois que venci a etapa de Teahupoo.
Eles sabem que se estiver quebrando altos tubos eu posso dar trabalho, principalmente se derem qualquer vacilo. Eu entro na água super relaxado e procuro curtir o campeonato, isso acaba refletindo no resultado.
Recentemente você participou do projeto Tip2Tip da Rip Curl na Indonésia. Como foi esta trip?
O Tip2Tip é um projeto de seis meses. O barco ficou rodando e explorando toda costa da Indonésia. Todas as principais ilhas e principais ondas, para surfar as ondas já conhecidas e as ondas novas. Eu fui um dos que fiquei mais tempo no barco, quase dois meses.
Alucinante. Experiência única. Um barco alucinante e três surfistas, com altos fotógrafos e as melhores câmeras registrando tudo, surfando e decobrindo ondas novas. Surfamos ondas que ninguém conhecia, nem mesmo o capitão.
Este é o sonho de qualquer surfista e o meu também. Estar na Indonésia, surfando as ondas já conhecidas e descobrindo outras.
Ao acompanhar esta temporada do World Tour, qual é tua aposta? Alguém tem te surpreendido?
Eu acho que quem vai levar este ano vai ser o careca de novo. Eu vou fazer de tudo para atrapalhar a vida dele (risos). Já passou do meio do ano e ele está com uma boa diferença e uma boa vantagem. Depois ainda vem Pipeline, então acho que ele leva este ano.
Acredito que o único que pode incomodar é o Jordy Smith, mas talvez ele não tenha experiência para na reta final impedí-lo. Posso até morder a língua e calar a boca, mas acho que até mesmo o Mick Fanning tem mais chances de finalizar o ano melhor. De dar uma dura maior em cima do Kelly Slater.
Se eu tivesse que apostar dinheiro, eu apostaria no Kelly (risos).