Palavra de campeão

Burle alcança o topo

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No último sábado (24/04), o brasileiro Carlos Burle foi coroado o primeiro campeão do BWWT (Big Wave World Tour), o campeonato mundial de ondas grandes.

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Em entrevista por telefone ao fotógrafo Bruno Lemos, correspondente do Waves no Hawaii, Burle fala da emoção de ser o primeiro a conquistar o campeonato que reúne os maiores nomes do esporte em ondas grandes. 

Confira abaixo a entrevista  exclusiva, em que o atleta ainda conta como pretende defender o título no ano que vem e a reação dos outros big riders ao ver um brasileiro no topo do pódio.

Um dia antes da premiação do BWWT (Big Wave World Tour), o circuito mundial de ondas grandes, aconteceu a festa do Billabong XXL, como foi este evento?

 
Todos os anos eles promovem uma bela festa. Neste, além de ter sido “o ano” das ondas grandes, o XXL comemorou 10 anos de existência, então o evento ficou mais especial ainda. Foi muito legal ter visto, entre outras coisas, minha “parceira” Maya Gabeira ganhar mais um título na categoria Feminino. Ela fez uma temporada incrível e foi mais do que merecido. Nas outras categorias também aconteceu mais ou menos o que todo mundo esperava.
 
Sem dúvidas, o XXL é um evento que faz muito bem ao esporte e a todos que gostam de ondas grandes, seja público, mídia ou atletas. Mas, por outro lado, a escolha dos vencedores de certa forma ainda é muito subjetiva às pessoas que organizam o evento. Então não dá para considerar ou achar que este evento tem o mesmo peso de um campeonato ou o mesmo valor como, agora no caso, do circuito mundial de ondas grandes.

Por falar nisso, quando e como você ficou sabendo que havia sido o campeão mundial deste ano?

 

Quando cheguei à última etapa em Todos os Santos, México, sabia que se ficasse à frente do Greg Long poderia ser o campeão. Consegui ir à final e o Greg não, então achei que estava bem. Mas, logo depois do evento, ainda no hotel, ouvi que teria que ter vencido para ficar à frente dele no ranking. Fiquei meio chateado, pois achei que tinha feito uma excelente campanha durante todos os eventos. A real é que ninguém gosta de ser vice.
 
Depois, chegando ao Brasil, continuei fazendo as contas e não consegui entender como não havia passado o Greg. Olhei as regras com mais calma e vi que os eventos têm valores diferentes, dependendo do tamanho das ondas. O evento em Mavericks, por exemplos, valia 140% dos pontos, enquanto alguns onde as ondas não estavam tão grandes valiam apenas 80% dos pontos.

Nesta hora as minhas esperanças aumentaram. Depois ainda veio a notícia de que a organização do Quiksilver Eddie Aikau não gostaria de fazer parte do circuito mundial. Aí as chances aumentaram mais ainda, já que o Greg Long foi campeão do Eddie Aikau. Mas a verdade é que só fiquei sabendo mesmo na hora da entrega dos prêmios, quando eles me chamaram. Antes disso não havia nada de concreto.

Você sabe por que o Quiksilver Eddie Aikau não fez e nem vai fazer parte do circuito?

A organização do evento alegou alguns motivos. Parece que não querem ter a obrigação de fazer o campeonato todos os anos, caso não tenha ondas grandes o suficiente.

 

Também não querem que o evento deles seja considerado como um campeonato. Preferem que seja algo mais “soul”, ou seja, menos comercial. Mas, mesmo se o resultado do Eddie Aikau houvesse sido computado, eu ainda sairia na frente do Greg Long e teria sido o campeão.

Como foi sua reação depois do título mundial?

Na verdade são varias emoções diferentes e misturadas. Mas a mais forte delas é a sensação de que todo treino, investimento e seriedade que tive, dentro e fora da água, valeram a pena.

Como foi a reação dos outros competidores? Negativa ou positiva?

Existe uma certa amizade entre nós que surfamos ondas grandes. Mas não dá para ignorar o fato de que estamos ali competindo uns com os outros, então pode ser que naturalmente exista alguém que talvez quisesse estar ali no meu lugar.

Na real, qualquer um deles tem surf para isso, mas acho que o desempenho que tive no evento de Mavericks me ajudou, pois muita gente achou que eu merecia ganhar aquele campeonato.

Por causa disso muitos dos competidores ficaram felizes por mim. Recebi emails de várias pessoas, caras como Shaun Tomson e Barton Lynch. Até o Fast Eddie me enviou um email me dando os parabéns. Acho que a reação das pessoas tem sido das melhores, muito positiva.

Como você pretende defender o título no ano que vem?

Acho que nós, surfistas de ondas grandes, podemos ser considerados umas das pessoas mais bem preparadas do planeta. Passamos por algumas situações que qualquer outro ser humano talvez não sobrevivesse. Nós literalmente colocamos as vidas em jogo, então temos que estar muito bem preparados para isso. Meu foco para o ano que vem será totalmente voltado à minha saúde e preparo físico. Acho que sou o mais velho do circuito e quero continuar dando trabalho a esta nova geração de big riders.

Não surfamos com apoio do jet ski. É literalmente homem competindo contra homem. Quem estiver mais bem preparado vai vencer. Também quero continuar prestigiando o circuito mundial de ondas grandes, pois quero ver este esporte crescer.

Já caiu a ficha que você é o primeiro campeão mundial da história? Como descreveria isso em uma palavra?

Em uma palavra não dá, talvez em duas: “realização pessoal” (risos).

 

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