O paranaense Caetano Vargas venceu o Java Matadeiro Pro/Am e foi consagrado como campeão catarinense profissional de 2016, pois há mais de 10 anos mora no Estado. O mar na Praia do Matadeiro ficou clássico na terça-feira, com boas esquerdas e direitas de 3-5 pés abrindo lindos tubos e paredes lisas para todo tipo de manobras de borda e aéreas também. Dois catarinenses genuínos disputaram a final, mas foram batidos pelos dois de outros estados. O vice-campeão foi o cearense bicampeão brasileiro Messias Felix, com Greg Cordeiro ficando em terceiro lugar e o local do Matadeiro, Cauê Wood, em quarto.
“Foi muito interessante a bateria, porque eu tinha remado na primeira onda e fiquei mais embaixo do pico, com eles mais lá fora”, contou Caetano Vargas. “Aí acabou sobrando uma onda boa para tirar uma nota alta (7,75). Logo depois, eu voltei, eles foram todos para um lado e fiquei sozinho pra pegar uma direita para tirar outra nota boa. As coisas fluíram muito bem para mim na final e estou muito feliz pela vitória, principalmente pelo título catarinense”.
O paranaense praticamente surfou sozinho na grande final, sempre ficando afastado dos outros três competidores e pegando as melhores ondas que entraram na bateria. Ele largou na frente com nota 7,75 numa esquerda detonada por duas manobras potentes de backside. Messias Felix pegou um tubo rápido para entrar na briga e depois ficou arriscando os aéreos, mas foi manobrando forte numa longa esquerda que ele ganhou a nota 7,90 que lhe garantiu o vice-campeonato. Cauê Wood competiu com uma contusão no joelho e ele e Greg Cordeiro também se revezaram no segundo lugar, mas foram superados por Messias no final da bateria.
“Estou muito feliz porque batalhei muito para conquistar esse título”, disse Caetano Vargas. “Em 2012, eu até ganhei o circuito catarinense, mas ainda não era filiado totalmente à FECASURF (Federação Catarinense de Surf), então não pude ser o campeão estadual. Mas, agora consegui conquistar esse título, que é muito importante para mim. Quero dedicar essa vitória ao meu grande amigo Renan Brito Silveira, que infelizmente não está mais entre nós, mas eu estava devendo um título importante assim para ele, então essa vitória vai para ele e para toda a sua família, porque são grandes guerreiros”.
O vice-campeão do Java Matadeiro Pro/Am, Messias Felix, também ficou feliz pelo resultado em sua primeira vez competindo na Praia do Matadeiro, uma das maravilhas do sul da Ilha de Santa Catarina. “O Caetano (Vargas) conseguiu pegar uma onda embaixo de mim no início da bateria, que foi a melhor dele (nota 7,75), mas estou feliz porque há muito tempo não faço uma final. Não foi a vitória como eu queria, mas o segundo lugar foi legal também para fechar o ano com chave de prata, já que não é de ouro né”, disse o bicampeão brasileiro Messias Felix, que há 3 anos mora em Santa Catarina, atualmente na Praia do Rosa, em Imbituba.
O catarinense Greg Cordeiro também fez grandes apresentações na Praia do Matadeiro e ficou perto do título catarinense profissional, que seria inédito para a sua carreira. “Foi alucinante o campeonato e só tenho a agradecer. Foram várias baterias difíceis, com alto nível, consegui pegar boas ondas e pena que não tive uma boa escolha na final. Mas, faz parte isso, as vezes as ondas vêm para você nas baterias, as vezes não, mas foi show de bola”.
LOCAL DO MATADEIRO – O local da Praia do Matadeiro, Cauê Wood, também viveu grandes momentos no último dia do Java Matadeiro Pro, principalmente na semifinal, quando fez sua melhor apresentação numa onda que valeu nota 9,20. Na bateria final, ele tentou repetir o ataque nas esquerdas, mas as melhores ondas da bateria vieram mesmo para o campeão Caetano Vargas, que faturou o título somando 14,55 pontos, contra 13,80 de Messias Felix, 11,95 de Greg Cordeiro, com Cauê ficando em quarto com 11,35.
“É lógico que eu queria a vitória, mas o Caetano (Vargas) vem surfando bem o campeonato todo e mereceu o título”, disse Cauê Wood, único local da Praia do Matadeiro na final. “Eu estou amarradão por ter feito a final, estou fazendo parte da diretoria da ASM (Associação de Surf da Armação e Matadeiro) agora e a gente brigou um monte pra fazer esse campeonato, então estou feliz de ter dado certo, por ter vindo um monte de gente, foi fechado com altas ondas e eu fiz boas baterias para chegar na final. Pena que não venci, mas fiz um bom campeonato”.
MELHORES DO DIA – A Praia do Matadeiro mostrou todo o seu potencial na terça-feira, que amanheceu com céu nublado e chuva em Florianópolis na despedida da Primavera. Mas, o mar acertou para os surfistas darem um show no último dia e em alguns momentos ficou clássico, com direitas e esquerdas abrindo lindos tubos com vento terral e paredes lisas para todas as manobras de borda e até aéreas, como nas quartas de final quando foram registrados os recordes do campeonato.
Foi voando num reverse muito alto que o paraibano José Francisco chegou perto da nota máxima com 9,65, atingindo 16,65 pontos na batalha pelas duas primeiras vagas para as semifinais. Greg Cordeiro passou em segundo, com ambos despachando dois paranaenses que se destacaram no primeiro dia, o campeão brasileiro Jihad Khodr e Peterson Crisanto. Já a primeira e única nota 10 do Java Matadeiro Pro/Am saiu para o experiente Peterson Rosa num tubaço incrível na Praia do Matadeiro. O paranaense é o único tricampeão brasileiro da história e se tornou o recordista absoluto do campeonato com 17,75 pontos.
Só que ambos foram barrados nas semifinais e dividiram o sétimo lugar no Java Matadeiro Pro/Am, com os locais da Praia do Matadeiro, Luan Wood e Beto Mariano, ficando em quinto por terem terminado em terceiro nas baterias. José Francisco e Luan perderam para Greg Cordeiro e Messias Felix, enquanto Beto e Peterson Rosa foram eliminados por Cauê Wood e pelo campeão Caetano Vargas, que conquistou a última vaga para a grande final.
Mesmo realizado na segunda e terça-feira, para priorizar a qualidade das ondas, o Java Matadeiro Pro/Am foi um sucesso. Vários surfistas de outros estados, como campeões brasileiros e ex-integrantes da elite do CT, prestigiaram a iniciativa da Associação de Surf da Armação e Matadeiro (ASM) em realizar o evento que decidiu o título catarinense profissional na Praia do Matadeiro pela primeira vez na longa história de um dos circuitos estaduais mais antigos do país. Não fosse a iniciativa da ASM, Santa Catarina não teria um campeão em 2016, pois a Federação Catarinense de Surf (FECASURF) não conseguiu fazer nenhuma etapa profissional esse ano.
“Esse evento foi um sucesso, foi uma mostra de superação, de união de toda a galera que ama o surfe e não deixou Santa Catarina passar em branco, sem um campeão profissional em 2016”, disse Renato Mello, presidente da Associação de Surf do Matadeiro. “Temos que agradecer a todos que participaram e colaboraram para fazer esse grande evento. Foi uma união de forças e a decisão de fazer essa etapa profissional partiu da nossa Associação. Todos os recursos que arrecadamos esse ano para a Associação foram colocados à disposição do evento e eu posso falar em nome de toda a diretoria, que estamos todos felizes e satisfeitos com o resultado. Tivemos um tubo nota 10 do Peterson Rosa e a alegria dos atletas, esse feedback deles, faz com que a diretoria já comece a trabalhar para realizar um evento ainda melhor no próximo ano, para receber todos esses grandes atletas aqui em nossa praia”.
O Java Matadeiro Pro/Am foi apresentado pela SRS Surfboards com apoio da SDA, Bad Boy e Lay Back Beer, sendo homologado pela Federação Catarinense de Surf (FECASURF) para definir o título estadual profissional e pela Associação Brasileira de Surf Profissional (ABRASP). A Praia do Matadeiro fica localizada numa área de proteção ambiental entre as praias da Armação e Lagoinha do Leste no Sul da Ilha de Santa Catarina e o único acesso é por uma trilha de cerca de 200 metros. A praia tem esse nome porque décadas atrás era utilizada para a caça de baleias, sendo atualmente bastante frequentada por surfistas pela qualidade das suas ondas.
Resultado
1 Caetano Vargas (PR) por 14,55 pontos (notas 7,75+6,80) – R$ 5.000
2 Messias Felix (CE) com 13,80 pontos (notas 7,90+5,90) – R$ 2.500
3 Greg Cordeiro (SC) com 11,95 pontos (notas 6,45+5,50) – R$ 750
4 Cauê Wood (SC) com 11,35 pontos (notas 6,20+5,15) – R$ 750
Campeões catarinenses profissionais da Fecasurf
2016: Caetano Vargas (PR)
2015: André Moi (SC)
2014: Marco Giorgi (URU)
2013: Tomas Hermes (SC) bicampeão
2012: Yuri Gonçalves (SC)
2011: Tiago Bianchini (SC)
2010: Tomas Hermes (SC)
2009: Tânio Barreto (AL)
2008: Marco Polo (SC) bicampeão
2007: Marco Polo (SC)
2006: Diego Rosa (SC) bicampeão
2005: Jean da Silva (SC)
2004: Diego Rosa (SC)
2003: Raphael Becker (SC)
2002: Neco Padaratz (SC)
2001: Fabio Carvalho (SC) bicampeão
2000: James Santos (SC) bicampeão
1999: Guga Arruda (SC) bicampeão
1998: Teco Padaratz (SC)
1997: Luli Pereira (SC)
1996: James Santos (SC)
1995: Guga Arruda (SC)
1994: Junior Maciel (SC)
1993: Fabio Carvalho (SC)
1992: Carlos Santos (SC)
1991: não houve circuito
1990: Saulo Lyra (SC)
1989: Ivan Junkes (SC) bicampeão
1988: Icaro Cavalheiro (SC)
1987: Ivan Junkes (SC)
1986: Luiz Neguinho (SC)
1985: Waldemar “Bilo” Wetter (SC)
1984: David Husadel (SC) tricampeão
1983: David Husadel (SC) bicampeão
1982: David Husadel (SC)
1981: Picuruta Salazar (SP)
1980: Roberto Lima (SC)