#Se você costuma pegar onda no Morro das Pedras, Campeche, Riozinho e Meio da Joaquina, prepare-se para entrar numa “briga de cachorro grande”. Quer dizer, isso se quiser que esses picos continuem preservados e despoluídos. Está em tramitação na Câmara Municipal de Florianópolis o novo Plano Diretor para a área do Campeche – e ele não é nada bom para quem gosta dessas praias do jeito que elas são hoje.
Planejado sem ouvir a parte mais interessada – a comunidade local, que nasceu e/ou vive no Campeche – o novo Plano Diretor tem pretensões megalomaníacas: abrigar apenas na Planície do Campeche 420 mil pessoas, uma população 50% maior que a da Florianópolis atual! Colocar tanta gente assim num espaço tão pequeno, além de detonar a qualidade de vida dos moradores, provocará danos irreversíveis ao meio ambiente.
Que tal uma via expressa passando por cima das dunas, desde o Morro das Pedras até a Lagoa, ou seja, quase até o Canto da Joaquina? Ou a verticalização de toda essa costa, permitindo a construção de espigões na orla? Pois essas são apenas duas idéias “brilhantes” inseridas no Plano. Além de atropelar áreas de restingas e dunas e destruir ecossistemas delicados e complexos, essa macabra via expressa também passa por cima de leis federais e estaduais, que protegem essas áreas.
Mas, aparentemente nem Poder Executivo (leia-se a prefeitura, que enviou o projeto) nem Legislativo (boa parte dos vereadores, que ameaçam aprovar o novo Plano Diretor o mais rápido possível) estão muito preocupados com isso. A possibilidade de se permitir a construção de edifícios com mais de dois pavimentos no Campeche é igualmente assustadora. Transformar o Campeche no Camboriú da Ilha pode ter conseqüências trágicas. Esteticamente, o desastre seria total. Mas isso não é nada comparado a um laudo feito pela Universidade de Santa Catarina, que alerta para os perigos das construções verticais no Campeche. De acordo com esses estudos, esse tipo de urbanização pode comprometer seriamente o lençol freático de toda a Ilha, colocando em risco o abastecimento de água não só do Campeche mas da Ilha de Santa Catarina inteira. Terceiro ponto: para onde serão mandados os esgotos desses prédios? Saneamento básico é pré-requisito (ou deveria ser…) para a liberação de qualquer loteamento. Ou será que na calada da noite o oceano vai virar privada de milhares e milhares de pessoas?
O novo Plano Diretor está em vias de ser votado e a única maneira de evitar sua aprovação é a pressão popular. É hora de os surfistas se levantarem pelas ondas que levantam para eles. Entre na luta para salvar o Campeche. Escreva ou mande um fax para a Câmara Municipal dizendo que você não quer pista de corrida nas dunas nem uma parede de prédios na frente da melhor direita de Floripa.
O endereço é: Ao Presidente da Câmara Municipal de Florianópolis – Praça XV de Novembro, 214 – CEP 88010/400 – Florianópolis – SC.
Ou então entre em contato com o movimento Campeche Qualidade de Vida (fone: (0xx48) 237-4682) e saiba como encampar a luta para a preservar a natureza – e algumas das ondas mais perfeitas do Brasil. O pagamento vem em forma de tubos cristalinos.