Por Fábio Maradei
Acostumada com uma rotina intensa de trabalho como médica em UTI nas madrugadas e mãe, a vicentina Monica Pasco (Água Marinha) ainda arrumou tempo para se dedicar e ser a melhor do Brasil na canoa havaiana individual. No último sábado (23), a remadora de 38 anos garantiu o título brasileiro da modalidade, por antecipação, ao vencer a 3ª etapa do Circuito Va’a Brasil, oficial da Confederação Brasileira de Canoagem, em Vitória/ES.
Com 100% de aproveitamento no ranking (também venceu em São Sebastião e Bertioga), a superioridade da nova campeã é ainda mais evidenciada porque ela tem apenas três meses de vivência nesse esporte. “Superou as minhas expectativas”, revelou com a humildade que lhe é característica.
“Comecei em fevereiro, incentivada pelo meu amigo e treinador, Rogério Mendes, meu maior incentivador”, contou Monica, que já tinha base nas remadas, por praticar o Stand Up Paddle (SUP), onde aparecia entre as três melhores do País. “Treinador é bom”, reforçou.
Na prova na capital capixaba, Monica venceu com grande vantagem sobre as rivais nos 17 km de percurso na “Curva da Jurema”, ficando em segundo lugar Gabi Latini, de Niterói, e terceiro Andressa Saboya, de Santos. “Foi uma prova difícil, com percurso bem técnico, longo. Consegui largar bem e manter o ritmo forte até o final”, contou a médica remadora, que agora se prepara para um novo desafio, o Sul-Americano de Canoas Havaianas, no mês de novembro, em Santos. “Com certeza, o treinador vai exigir mais ainda. Mas a motivação é muito boa”, ressaltou.
O treinador Rogério Mendes destacou o talento e, sobretudo, a dedicação e esforço, lembrando a atribulada vida da atleta. “Esforço tem a ver com disciplina. Ela é determinada e sabe muito bem o que é isso, acordando de madrugada para trabalhar, virar noites em claro no interior de uma UTI, antes de encarar os treinos. E ainda ser mãe, esposa e amiga em todas as situações”, comentou. “Resumindo, a Monica é um monstro”, complementou Rogério, usando a gíria esportiva quando o atleta é acima da média.
Vale lembrar que antes da canoa havaiana, Monica se destacava no SUP, com várias conquistas. Foi vice-campeã brasileira e também mostrou alto nível técnico e força no Campeonato de Stand Up Tri FM-São Vicente, sendo campeã nas duas edições. “Tudo começou como lazer”, contou Monica, que antes de se destacar nas remadas, praticou atletismo e natação.
Ainda na disputa em Vitória outras grandes atuações de companheiras de treino de Monica. Destaque para Milena Amaral, também da equipe Água Marinha, que garantiu o título master, sendo a quarta colocada no geral e superando um fato curioso. “O chumbo do anzol da linha de uma vara de pescar entrou na ama (estabilizador da canoa) como uma bala e atrapalhou bem”, lembrou. “A prova foi longa e dura, mas no final me distanciei do pelotão que estava comigo. Fiquei feliz com o desempenho”, falou a empresária do ramo de confecção moda praia.
Também parceira de treinamentos, Giselle Mota competiu na OC2 com Monique Pontes e conquistou o terceiro lugar, mais uma vez numa prova de superação. O leme da canoa quebrou, quando já tinham percorrido cerca de quatro quilômetros. As duas retornaram à largada, montaram outra embarcação e, sem desanimar, retornaram à disputa para chegar ao pódio. Para completar, Jessica Matos, a Moah, foi a vitoriosa na categoria V1 open, em sua segunda prova na modalidade.