Carlos Burle explica para Veja a adrenalina do surf

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#O pernambucano Carlos Burle (foto), 33 anos, foi um dos entrevistados na reportagem ?Adrenalina ? Por que corremos riscos?, edição número 1.725, da revista Veja, que circulou na semana passada.

Burle entrou para a história do surf depois de se tornar o primeiro campeão mundial de ondas grandes, pela International Surfing Association (ISA), quando dropou ondas de até 25 pés, em Todos os Santos, México.

Ele venceu nomes consagrados do big surf mundial, como Ross-Clark Jones, Brock Little, Tony Ray etc. Depois dessa, ele acabou com o estigma de que brasileiro não sabe surfar onda grande.

A matéria cita exemplos de outros adeptos de emoções radicais em situações de alto risco, que estão atraindo grande número de praticantes a cada dia. São citados Luiz Makoto, praticante de escalada sem cordas de segurança; Luis Roberto de Moraes, o ?Formiga?, praticante de mais de uma dezena de esportes radicais; Luis Henrique Tapajós, o ?Sabiá?, praticante de base-jump; e a mergulhadora Cibele Tolentino, conhecida por se divertir mergulhando na companhia de tubarões.

A descarga de emoções procurada por praticantes de atividades de risco é resultado de uma reação bioquímica, que envolve a liberação de três substâncias no cérebro, explica Veja: adrenalina, endorfina e dopamina.

Quando a pessoa se prepara para a prática esportiva, ela recebe uma descarga de adrenalina, que funciona como um mediador químico para preparar o corpo para ?fugir ou lutar?. A boca seca, o aumento da freqüência cardíaca, dilatação das pupilas, além de redistribuição do fluxo sanguíneo, são os “sintomas” que a adrenalina provoca no organismo.

Durante a pratica do esporte, a endorfina entra em ação, funcionando também como mediador químico. Sua função, porém, é amortecer a dor e o desconforto provocado por eventuais lesões.

Já a dopamina, que entra em ação na seqüência, atua no centro de prazer do sistema nervoso e é responsável pela satisfação ao final da ?missão cumprida?.

?Algumas pessoas têm uma regulagem diferente de dopamina. Quanto maior a quantidade liberada, mais o indivíduo precisa dela. Se ficar sem a sua dose de dopamina, ele pode até entrar em depressão ou se tornar agressivo?, disse à Veja Marco Túlio de Melo, professor do departamento de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo ele, é desconhecido o motivo que faz as pessoas precisarem estimular mais as áreas do prazer do que outras. Por outro lado, é comprovado que alguns indivíduos desenvolvem quadro parecido com o da dependência de drogas, quando se privam dessas emoções.

Burle declarou a Veja que se sente mal, deprimido e até estressado quando fica muito tempo sem surfar. Ele admite que na véspera de uma queda em um mar casca se sente intranqüilo.

?Antes de entrar, o coração dispara e a boca fica seca. É aquele nervosismo, nem gosto de ficar olhando muito o mar. Quando estou na onda, fico tão compenetrado que nem sinto tanto prazer. Bom mesmo é quando acaba?, contou Burle.