The SUP Crossing

Chris Bertish entra para a história dos watersports

Chris Bertish comemora sua chegada no porto de Antinga. História dos watersports ganha um novo capítulo.

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Chris Bertish comemora sua chegada no porto de Antinga. História dos watersports ganha um novo capítulo. Foto: Reprodução.

 

Na última quinta-feira (09) o universo dos watersports conheceu seu mais novo herói. O sul-africano Chris Bertish (42 anos) concluiu, em Antigua, no Caribe, sua extraordinária expedição: a travessia do Atlântico remando em um stand up paddle transoceânico.

 

ACOMPANHE O MOMENTO DA CHEGADA AQUI.

 

A travessia levou ao todo 95 dias onde, ao longo de 4.050 milhas nauticas percorridas, o remador alternava repouso e remadas a cada três horas. Durante esse período foram arrecadados milhões de Rands para instituções de caridades feitos por meio de um link divulgado por Bertish ao longo de sua travessia. Esse, na verdade, foi o objetivo principal da “The SUP Crossing – Chris Bertish Impossible”, como foi batizada a aventura.

 

“As pessoas falam sobre os desafios na vida e como você consegue passar por isso”, disse Bertish segundos após pisar em terra firme pela primeira vez em três meses. “Podemos romper essas barreiras, a cada minuto, cada hora… Você só tem que acreditar em si mesmo.”

 

Este pensamento resume a mensagem usada ao longo da campanha de mídia da The SUP Crossing: “nada é impossível a menos que você acredite que seja”.

 

A aventura de Bertish teve início no dia 06 de dezembro de 2016, quando ele deu suas primeiras remadas nas águas de Agadir, Marrocos, seguindo em direção à Florida (EUA) que seria seu ponto de chegada. No entanto, após sua partida, ele optou por uma mundaça de curso objetivando finalizar sua travessia no sul de Antígua por causa dos sistemas de baixa pressão e tempo volátil.

 

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Na reprodução do GPS acoplado ao ImpiFish, a magnitude do desafio alcançado. Foto: Reprodução.

 

INÍCIO – Uma empreitada dessa magnitude exigiu muito planejamento, estudo e condicionamento – tanto físico quanto mental. Os preparativos começaram cinco anos antes de sua partida no Marrocos e se intensificaram nos últimos 12 meses. O sul africano treinou cerca de 16h por dia, o que envolveu muito trabalho de fortalecimento muscular em academia, natação, surfe e remadas semanais em mar aberto em distâncias aproximadas de 100 km.

 

A prancha usada por ele na expedição levou seis meses para ficar pronta e teve um custo aproximado de US$ 100 Mil. Batizado de “ImpiFish”, o stand up paddle utilizado por Chris foi desenvolvido especificamente para essa travessia usando como ponto de partida uma race de downwind de 17 pés que serviu de base para o desenvolvimento do projeto inspirado nas embarcações a remo que fazem parte do desafio de remada oceânica “Talisker Rowing Teams”.

 

Muitos aspectos dessas embarcações foram essenciais na concepção do SUP transoceânico, como a cabine estanque onde Chris era capaz de se abrigar para se proteger de tempestades. Além disso, ela foi equipada com uma série de dispositivos de geolocalização e rádios para garantir que o remador fosse localizado no caso de uma eventualidade.

 

Vídeo sobre a concepção da “ImpiFish”:

 

Chris e a maioria dos viajantes transatlânticos definiu seu curso em uma rota aparentemente mais longa mas que, no entanto, se favorecia de variáveis como correntes e ventos na direção certa. A parte mais difícil seria atingir os 34 ° W de longitude no oceano Atlântico. A partir desse ponto ele entraria diretamente na rota dos ventos alísios e ao norte da ponta mais oriental da América do Sul, com todas as correntes a seu favor.

 

Até chegar a esse ponto, no entanto, as dificuldades foram grandes. Nos primeiros 16 dias da expedição, ele enfrentou terríveis condições meteorológicas e sofreu um corte profundo em uma das mãos enquanto fazia manutenção da prancha.

 

Bertish também foi atingido por uma forte tempestade que durou dias e fez com que se aproximadasse demasiadamente de rochas no entorno da Ilhas Canárias. Não bastasse isso, ele teve que consertar, às pressas e em meio às ondas e ventos provocados pela tempestade, um vazamento em sua cabine: “Muita água começou a entrar pela escotilha e tive que agir rápido. Cheguei a pensar que ia afundar”, revelou a um repórter do NY Times que também fez a cobertura da The SUP Crossing. 

 

Chris, no entanto, e apesar dessas dificuldades, conseguiu quebrar o recorde mundial de SUP travessia solo e sem assistência de 300 milhas tornando-se também a primeira pessoa a remar entre o continente, de Marrocos às Ilhas Canárias. Dali para frente as coisas começaram a melhorar e mais dois récordes mundiais foram alcançados. Porém, quando faltavam cerca de 72h para a conclusão de sua expedição, as coisas ficaram novamente tensas:

 

“O clima voltou a ficar bastante instável, tornando muito difícl manter a rota em direção ao porto de Antigua. Além disso, começaram a surgir muitos tubarões. Um ficava me rodeando enquanto outro bateu na prancha com força no meio da noite. A situação foi se tornando realmente assustadora”, contou.

 

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Bertish foi recebido com muita festa em Antigua. Foto: Reprodução/ SUP The Mag.

 

O LOUCO – Muita gente não acreditou que uma remada dessa magntude seria possível e Bertish foi chamado de louco e desacreditado por alguns. Entretanto, quem se desse ao trabalho de pesquisar sua biografia descobriria que o sul-africano estava longe de ser um novato no universo das grandes aventuras.

 

Ele já realizou uma série de expedições, sendo indicado diversas vezes ao “SUP Awards Top Expedition”, oferecido pela revista norte-americana SUP The Mag e foi agraciado com o troféu “Nightjar Adventurer of the Year Award”, em 2014, sendo eleito o “aventureiro do ano”. Chris também foi o vencedor do “Mavericks Invitational” em 2010, que é um dos mais importantes campeonatos de Big Surfe do mundo.

 

Além disso, o waterman fez parte da equipe do veleiro “Trinidad and Tobago’s, Crash Test Dummies Sailing Team”, que no final dos anos 1990, ganhou a “Antigua Sailing Week”, no Caribe, navegando por quase todo o percurso agora percorrido à remo.

 

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Sul-africano agora faz parte de um sele grupo de homens que atravessaram o Atlântico remando, entre eles o brasileiro Amyr Klink (foto), que há 33 anos realizava o feito a bordo do Paraty. Foto: Reprodução.

 

Sua experiência com ondas grandes, aliada a seus muitos anos de planejamento meticuloso, preparação e navegação, juntamente com o vasto conhecimento adquirido a várias travessias atlânticas foram ativos inestimáveis para o sucesso do The SUP Crossing.

 

Cerca de 9 quilos mais magro do que quando começou a travessia e ostentando uma barba espessa, Bertish ainda tinha muita energia enquanto conversava com a imprensa e a multidão que o recebeu calorosamente no porto de Antigua.

 

“Parece inacreditavel que eu esteja vivo, para ser honesto”, disse com bom humor durante sua primeira coletiva pós travessia. “Estava sozinho no meio do oceano, mas tive muito de apoio das pessoas que me acompanharam durante toda a jornada, além de uma equipe que ajudou, via rádio, em momentos cruciais”, revelou.

 

Bertish agora faz parte de um seleto grupo de seres humanos que conseguiram realizar a façanha de atravessar o oceano Atlântico remando, entre eles o brasileiro Amyr Klink que há 33 anos realizou a travessia a bordo do Paraty completando o trajeto entre a Namíbia, no continente africano, e Salvador, na Bahia, em cem dias.

 

Para saber mais, visite o site oficial da expedição com toda informação sobre o trajeto percorrido, propósito da remada, vídeos e links para contribuições em Thesupcrossing.com e fique atento às atualizações futuras no SUPCLUB sobre a The SUP Crossing.

 

 

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