Paulista Profissional

Circuito volta a Ubatuba

Segunda das três etapas do Circuito Paulista Profissional rola em Ubatuba.

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Segunda das três etapas do Circuito Paulista Profissional rola em Ubatuba. Foto: Divulgação

Realizada desde 1980, a disputa pelo título paulista volta aos primórdios dos “picos” de surf no Brasil, com a 2ª etapa do Maresia Paulista de Surf Profissional, na Praia Grande, em Ubatuba, nos próximos dias 8 e 9. O local deu origem aos primeiros campeonatos de surf, ainda no início da década de 70. Depois, o palco foi a famosa Itamambuca e este ano retorna ao ponto de partida.

Quem lembra bem dos tempos passados é Paulo Jolly Issa, que promoveu os famosos Festivais Brasileiros de Surf, a partir de 1971, e também foi um dos idealizadores do Circuito Paulista de Surf Profissional, pioneiro no Brasil, unindo as associações de surf de Ubatuba e de Santos. A estreia foi em 1980 e as três primeiras edições foram bianuais, com os dois primeiros títulos ficando com o santista Almir Salazar.

Paulo Issa não esquece daquele passado remoto desbravando as praias para o surf. Sua história se confunde com o início da modalidade em Ubatuba. Ele começou a frequentar a Cidade em 1964 e três anos depois levou seu longboard feito de fibra de vidro, grande novidade para época, para praticar o surf. “O começo foi na praia da Enseada e naquele mesmo ano desbravamos a Praia Grande. Não tinha viva alma lá em pleno verão. Um sonho. Quase não se via a praia da estrada, pois o jundu nativo era alto. Começamos a surfar no meio da praia e depois fomos indo para o Baguari”, recorda.

No ano seguinte, em 68, os surfistas chegaram até Itamambuca. Ainda não existia a Rio-Santos e a estrada era de terra, pela trilha da Cassanga. Mas naquele tempo, a Praia Grande era o principal cenário do surf. Foi lá que teve origem o famoso Festival Brasileiro, vencido duas vezes pelo ícone Rico de Souza. Mas o primeiro vencedor foi o próprio Paulo Issa. “Em 70, a Boate da Pesada em Ubatuba promoveu um campeonato dos locais. Não sei como eu ganhei. Acho que foi obra do destino, pois no ano seguinte, me vi na obrigação de dar continuidade e fazer outra versão”, recorda.

Na ocasião, a divulgação foi com cartazes de cartolinas, fixadas em Ubatuba e depois em Guarujá. “Segui com o meu fusquinha pela estrada costeira. Fomos direto para o Centrinho e colamos os posters e voltamos. Não falamos com nenhum surfista. Um dia antes do evento, avistamos uma caravana de carros com pranchas, com uns 20 surfistas”, conta.

A participação dos guarujaenses criou estimulo e Paulinho quis ampliar o leque, convidando os cariocas. “Não tínhamos patrocínio, premiação de troféus e medalhas até o 15º lugar. Distribuimos cartazes em Guarujá, Santos, São Vicente, Rio de Janeiro, Niterói e mandamos para o Sul, para o amigo Paulo Sefton”, diz.

Sem ondas em janeiro, foi transferido para julho de 72. Foram 90 surfistas, com Rico sendo bicampeão e depois Marcos Berenguer sendo o vencedor. “Começamos em Praia Grande e passamos para Itamambuca, onde permaneceu depois. E assim começou a saga dos Festivais, que tinha tudo para eu desistir”, revela Paulo Issa.

A experiência rendeu expertise no assunto, chegando ao Circuito Paulista. “Que preparou a base para toda uma geração de campeões, como Paulo Rabello, família Mattos, Família Salazar, Ricardo Toledo, Tadeu Pereira, Orelhinha, Tinguinha Lima, Taiu Bueno, Wagner Pupo”, cita, com a certeza de que sua contribuição foi importante para o surgimento da geração Brazilian Storm.

“Sabia que esse dia chegaria, com certeza. Com esta galera com a cabeça no lugar e com foco. O que impressiona neles é que há, lá fora, uma tradição forte dos surfistas de outros países e eles superaram tudo. Eles nos enchem de orgulho”, elogia o organizador do primeiro Circuito Paulista e que promoveu mais de 160 campeonatos, alguns emblemáticos. “Muitos com parcos recursos, onde o cartaz parecia uma colcha de retalhos, mas isso não impedia de fazê-los”, ressalta Paulo, enaltecendo o suporte financeiro de sua fábrica de pranchas, a Squalo Surfboards. “Me dava suporte financeiro para continuar com os eventos”, completa.

2ª ETAPA – Em sua 32ª edição e com o patrocínio da Maresia pelo nono ano consecutivo, o Circuito Paulista terá três etapas este ano. Cada uma com R$ 30 mil em premiação, sendo R$ 8 mil ao vencedor, além de mais R$ 1 mil para quem faturar a Oveboard Expression Session, com a manobra mais radical.

A abertura foi na Praia de Maresias, em São Sebastião, com vitória do jovem talento Marcos Corrêa. A final será nos dias dias 3 e 4 de outubro, na Praia de Pitangueiras, em Guarujá. O campeão paulista ganhará uma moto, oferecida pela Tent Beach e o campeão do ranking (que pode ser de outro estado) fatura uma passagem para o Havaí, numa parceria com a Nias Tour.

O Maresia Paulista de Surf Profissional 2015 tem o patrocínio da Maresia, em parceria com as redes de lojas Overboard e Tent Beach, a agência de viagens Nias Tour e a marca de pranchas Wave Star. A realização é da Federação Paulista de Surf, com apoios do Governo do Estado de São Paulo/Secretaria da Juventude Esporte e Lazer, prefeituras de São Sebastião, Ubatuba e Guarujá, associações de Surf de São Sebastião, Ubatuba de Surf e de Surf de Guarujá, com divulgação da Revista Fluir e portal Waves.

Todos os campeões paulistas

2014 – Wiggolly Dantas/Ubatuba

2013 – Odirlei Coutinho/Ubatuba (campeão do Circuito: Bruno Galini/BA)

2012 – Ricardo Ferreira/Praia Grande

2011 – Hizunomê Bettero/Ubatuba

2010 – Matheus Toledo/Ubatuba

2009 – Ricardo Ferreira/Praia Grande

2008 – Saulo Júnior/Ubatuba

2007 – Renato Galvão/Ubatuba

2006 – Bruno Moreira/Praia Grande

2005 – Hizunomê Bettero/Ubatuba

2004 – Beto Fernandes/Praia Grande (campeão do Circuito: Simão Romão/RJ)

2003 – Odirlei Coutinho/Ubatuba

2002 – Renato Galvão/Ubatuba

2000 – Maicon Rosa/Guarujá

1999 – Tadeu Pereira/Ubatuba

1998 – Jair de Oliveira/Santos

1997 – Jair de Oliveira/Santos

1996 – Tinguinha Lima/Guarujá (Campeão do Circuito: Joca Júnior/RN)

1995 – Narciso Oliveira/Ubatuba

1994 – Jair de Oliveira/Santos

1993 – Jojó de Olivença/Guarujá

1992 – Tinguinha Lima/Guarujá

1991 – Renan Rocha/São Paulo

1990 – Douglas Lima/Santos

1989 – Picuruta Salazar/Santos

1988 – Amaro Matos/Guarujá

1987 – Almir Salazar/Santos

1986 – Almir Salazar/Santos

1985/84 – Paulo Rabelo/Guarujá

1983/82 – Almir Salazar/Santos

1981/80 – Almir Salazar/Santos

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