notícia

Clássico do surf

0


Começa nesta terça-feira o Hang Loose Pro Contest, evento Prime do WQS com nível seis estrelas. Campeonato mais tradicional da América Latina, a competição comemora 25 anos em Fernando de Noronha (PE) distribuindo US$ 250 mil de premiação, 6.500 pontos e US$ 40 mil ao campeão. A gorda premiação atraiu mais atletas e pela primeira vez os estrangeiros superaram o numero de brasileiros na competição (49 a 47).

A maioria vem dos Estados Unidos, treze no total. Depois, tem a Austrália participando com nove surfistas, a África do Sul e o Havaí com seis cada, a França com cinco, a Espanha com três, a Nova Zelândia e Porto Rico com dois e com um representante o Japão, Taiti, Alemanha e Peru. Entre os 43 brasileiros garantidos no evento, sem contar os da triagem, o maior pelotão é de São Paulo com doze atletas, seguido por Santa Catarina com oito e com seis o Rio Janeiro, Ceará e Pernambuco, incluindo os locais de Fernando de Noronha, Caia Souza e Patrick Tamberg.

Histórico – Ex-presidente da ASP e diretor-geral do antigo WQS, o australiano Al Hunt destaca a tradição da prova brasileira, realizada desde 1986 (com a edição clássica na Joaquina, Florianópolis-SC). “O Hang Loose Pro Contest é o segundo campeonato mais tradicional do circuito da ASP (o primeiro é a etapa de Bell’s Beach, Austrália). Mas, entre as provas do WQS é a mais antiga patrocinada por uma única marca. Desde a prova histórica de Florianópolis este evento é um sucesso”, destaca Hunt.

O primeiro Hang Loose Pro Contest ocorreu em 1986 em Florianópolis e colocou o Brasil na rota do circuito mundial. Vencida pelo australiano Dave Macaulay, a competição marcou época e, desde então, traz para o Brasil os principais nomes do esporte mundial. Em sua trajetória, passou pelo Guarujá e Maresias, na região Sudeste, até chegar ao estado de Pernambuco, promovendo duas edições (em Gaibu e Maracaípe). Em 2000, criou raízes no paradisíaco arquipélago, marcando mais uma vez o pioneirismo da Hang Loose ao realizar a competição nas melhores ondas do país.

“Fernando de Noronha é espetacular, não só pelas ondas de extrema qualidade, mas também pelo visual incrivelmente paradisíaco. O evento ter percorrido várias praias do Brasil até chegar à ilha foi uma excelente ferramenta de marketing”, comenta Hunt.

Em Noronha, o Brasil dominou o placar de vitórias, com 7x 3. As exceções foram o sul-africano Warwick Wright (2004), o norte-americano Bobby Martinez (2005) e o espanhol Aritz Aranburu (2007).
Na estréia da competição (15ª edição) nos tubos da Cacimba do Padre, o experiente niteroiense Guilherme Herdy faturou o caneco em ondas de até 2 metros. Ele foi o único surfista que tirou nota 10 em todo o campeonato (na semifinal) e venceu por uma mínima diferença de 0,5 ponto o santista Renato Wanderley. Na soma das quatro melhores ondas surfadas na bateria, Herdy marcou 29,50 pontos e o Renatinho fez 29,45 pontos.

No ano seguinte, a 16a edição da prova colocou as potentes ondas do Abras no mapa das competições mundiais de surfe, pois a forte ondulação fechou a Cacimba e a direção optou por transferir o local do evento. Correndo por fora, o cearense Fábio Silva surfou o único tubo da final e garantiu o bicampeonato no Pro Contest, deixando o baiano Wilson Nora em segundo. Na 17ª edição, a final foi marcada por uma dobradinha brasileira. O cabofriense Victor Ribas e o florianopolitano Guga Arruda fizeram a festa nos tubos com cerca de 2 metros. Depois de quatro anos de jejum, Vitinho, 30, voltou a vencer uma etapa do circuito mundial e assumiu a liderança do World Qualifying Series (WQS) 2002.

Guga Arruda, 28 anos, sacramentou o domínio verde-amarelo ao deixar o australiano Troy Brooks, 22 anos, em terceiro lugar e o francês Mikael Picon, 22, na quarta colocação, entre os 125 surfistas de 10 países. De quebra, o Brasil superou o número de vitórias estrangeiras no campeonato, com dez títulos brasileiros contra nove dos estrangeiros.  Em um final de tarde mágico na Cacimba, o catarinense Neco Padaratz, 26, levou o título do 18o Hang Loose Pro Contest, encerrado debaixo de muito sol e com ondas tubulares de mais de 2 metros. Neco recebeu nota 10 unânime dos juízes num tubo sensacional quando restavam três minutos para o fim. Com uma nota 8,33 em outro tubo, ele superou por apenas 0,03 ponto o norte-americano Bobby Martinez, que totalizou 18,30 pontos (notas 9,57 e 8,73). A vitória teve um sabor especial para o atleta, que ficou parado durante quatro meses em 2002 recuperando-se de uma hérnia de disco.

O sul-africano Warwick Wright, 19 anos, estragou a festa brasileira na decisão do Hang Loose Pro Contest 2004, encerrado em ótimas ondas na Cacimba. Wright disputou a final contra três brasileiros e a expectativa na areia apontava para uma vitória canarinho, já que o país contava com três integrantes na decisão: o potiguar Marcelo Nunes, o alagoano Marcondes Rocha e o carioca Daniel Hardman. Até os minutos finais, o título estava nas mãos de Nunes. Entretanto, o sul-africano descolou um bom tudo e assegurou o highscore do evento, 9.67, quebrando a hegemonia brasileira em Noronha e deixando Nunes na segunda posição, o carioca Daniel Hardman em terceiro e o alagoano Marcondes Rocha em quarto.

No ano seguinte, foi a vez de o californiano Bobby Martinez conquistar de forma impressionante o título do Pro Contest 2005, em tubos incríveis na Cacimba. O cearense Dunga Neto ficou com o segundo lugar depois de uma seqüência de vitórias. Para dar uma idéia do nível de surf apresentado por Martinez, vice-campeão do evento em 2003, ele somou 19.80 pontos – de 20 possíveis-, descartando ainda uma nota 9.5 obtida em um tubo sensacional – contra 12.50 de Dunga Neto.

A vitória foi garantida no último minuto, quando surfou um belo tubo que recebeu nota 9,27. Ainda assim, o placar foi apertado – 17,94 x 16,63. Um dos preferidos do público, o pernambucano Bernardo Pigmeu teve uma performance excelente, perdendo a classificação nos instantes finais no confronto com Dunga Neto. Nas quartas-de-final ele venceu o ídolo Fábio Gouveia em uma disputa emocionante (e 100% Hang Loose).

O catarinense Jean da Silva, 21, quebrou um jejum de dois anos sem vitórias brasileiras no Hang Loose Pro Contest ao vencer a 20ª edição na Cacimba do Padre. Na decisão, Jean derrotou o norte-americano Gabe Kling com facilidade e conquistou sua primeira vitória no circuito mundial, totalizando 13.00 pontos, contra apenas 6.40 do adversário.

Na abertura da semifinal, Jean venceu o confronto da nova geração contra o paulista Hizunomê Bettero, que vinha arrepiando as ondas nos dias anteriores, mas não encontrou nada no domingo decisivo. O catarinense saiu na frente com notas 8.00 e 8.67, deixando Hizu em situação bastante complicada. O paulista bem que tentou reagir, mas só conseguiu notas 5.50 e 5.67.
Na outra semifinal, o carioca Daniel Hardman deu mole ao cometer interferência no início da bateria e deixou o caminho livre para Kling. Numa bateria com poucas ondas, o norte-americano descolou notas 4.50 e 4.17, enquanto Hardman obteve apenas 3.33 em sua melhor onda.

Em 2007, o espanhol Aritz Aranburu, 21, fez a festa na 21ª edição do Hang Loose Pro Contest. Ele levou a melhor sobre o carioca Leandro Bastos, 21, pelo placar de 13.67 a 11.50 pontos. Com o resultado, Aranburu assumiu a liderança do ranking do WQS.

Com muito foco e disposição, o carioca Raoni Monteiro, 25, levou a melhor sobre o norte-americano Gabe Kling, 27, na 22ª edição do Hang Loose Pro Contest 2008, começando com o pé direito a caminhada em busca de seu lugar na elite do surf mundial – grupo ao qual pertenceu nos últimos quatro anos.

Monteiro não deu chances ao adversário e dominou a bateria de ponta a ponta, abrindo a disputa com um belo tubo de backside, seguido de duas manobras para conquistar 8.83 pontos. Depois somou nota 6.60 para totalizar 15.43 pontos contra apenas 9.5 (4.33 e 5.17) de Kling, que terminou em combinação em sua pior apresentação durante todo o evento. Para chegar ao topo do pódio, Monteiro passou pelo norte-americano Patrick Gudauskas, líder do ranking WQS nas oitavas; pelo baiano Wilson Nora nas quartas e por Jonathan Gonzalez, das Ilhas Canárias, na semifinal. Pela segunda vez, Kling foi vice-campeão do Hang Loose Pro Contest (a primeira foi em 2006).

Em sua estréia na ilha, o norte-americano CJ Hobgood teve uma performance arrasadora para garantir o título do 11º Hang Loose Pro Contest. "Estou muito feliz com este resultado e por ter conhecido este lugar maravilhoso, com altas ondas. Esta vitória coroa a semana maravilhosa que tive, surfando com meus amigos neste paraíso", disse CJ.
Chegando à terceira final consecutiva no Pro Contest (foi campeão em 2008 e vice em 2009), Monteiro obteve 9.43 em suas duas melhores ondas.

CJ deu show em todas as baterias que disputou. Ele despachou o catarinense Willian Cardoso por 17.17 a 12.34; bateu o carioca Gustavo Fernandes pelo placar de 16.10 a 10.16 e superou o catarinense Alejo Muniz por 16.43 a 11.60 na semifinal.  Já Raoni teve o duelo mais acirrado nas quartas-de-final, quando passou por Hizunomê Bettero num confronto que terminou com o placar de 14.67 a 14.47 pontos. Na semi, eliminou o paulista Wiggolly Dantas por 13.00 a 9.50. Numa bateria fraca de ondas, derrotou o cearense Márcio Farney nas oitavas.