Com a cara e a coragem

Lika Maia, Billabong Costa do Sauípe 2005, Bahia

Lika Maia mira seu canhão em busca dos melhores cliques. Foto: Juninho.

Em um território dominado pelos homens – dentro e fora d’água -, a fotógrafa paulista Lika Maia, 26, conquistou seu espaço e seus cliques estampam páginas das principais revistas especializadas do país como Fluir, Hardcore, entre outras.

 

Desde a adolescência, Lika é envolvida com o surf. Sua família tinha casa em um condomínio no Guarujá (SP) e ela sempre dava um jeito de liberar os amigos na portaria.

 

?Fiquei amiga de muitas pessoas e freqüentava a praia do Tombo, onde sempre rolavam campeonatos e eu torcia pelos amigos?, comenta.

 

Laird Hamilton bota para baixo em Jaws, Maui. Foto: Lika Maia.
Lika começou a fotografar o esporte em 1997, quando morava na Califórnia (EUA). ?Sentia muita saudade da família e amigos. A idéia veio do nada. Brinco que visualizei um lance e fui atrás. Nem eu acreditava que daria certo?, revela.

 

Ela adquiriu uma câmera e voltou ao Brasil para fazer um curso de fotografia na Escola Panamericana de Artes. ?Mas, já sabia que queria fotografar o surf?, afirma.

 

Em uma trip para o WCT no Rio de Janeiro, ela se empolgou quando conseguiu imagens do ídolo norte-americano Kelly Slater em uma exclusiva.

 

?Também registrei de longe dois tubos que ele tirou no meio da Barra. Depois de um tempo, motivada, vendi um carro, viajei para Nova York (EUA) e investi novamente no equipamento. Peguei uma época ótima, pois o dólar estava equiparado ao real. Em dois meses meu equipamento valia o dobro?.

 

A profissão proporciona a Lika viagens a picos de sonhos, contato com diversas culturas, muitas amizades e aventuras pelo caminho. No Brasil, ela já cobriu diversas etapas dos circuitos brasileiro e mundial. Lika está em sua sexta temporada no Hawaii, já viajou diversas vezes para a Califórnia (EUA) e uma para Puerto Escondido, México.

 

No entanto, nem tudo são flores, ela revela que já sofreu preconceito de outros profissionais do mercado. ?Quando comprei meu canhão, montei o tripé na areia e um fotógrafo montou o equipamento bem à frente. Pedi licença e ele respondeu que estava trabalhando. Depois de alguns meses, pediu desculpas e, hoje, é um dos meus grandes parceiros de trabalho?, revela.

 

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Kelly Slater encara Pipeline, North Shore, Hawaii. Foto: Lika Maia.
Para ela, o momento mais importante da carreira ocorreu em 10 de janeiro de 2004.

 

?Estava no Hawaii e peguei o avião em Oahu com destino a Maui. Ninguém atendia no único telefone que tinha. Mas, no caminho encontrei o Burle e o Eraldo, que embarcaram no primeiro vôo, e o Edison de Paula?, conta.
 

Lika chegou à marina e ficou emocionada ao ver os brasileiros unidos e dominando o outside.

 

 

?Quando cheguei ao morro fiquei chocada. Nunca vi nada igual na minha vida, aquela proporção

Bruce Irons está entre os atletas preferidos da fotógrafa. Foto: Lika Maia.

de água, ondas imensas e os brasileiros mandando muito bem. Fiquei orgulhosa, pois somos persistentes e atirados?.

 

O que mais a fascina na profissão é, sem dúvida, o estilo de vida. No entanto, antes de ser fotógrafa, ela confessa que surfava mais.

 

?Tinha uma prancha e levava para todos os lugares. Mas, quando comecei fotografar ficou difícil, pois carrego muito equipamento. Tinha uma Ricardo Martins na casa de uma amiga no North Shore, mas emprestei para outra amiga que a quebrou quando cheguei nesta temporada?, conta.
 

Entre os cliques que marcaram, Lika destaca Jaws e uma reportagem com os locais havaianos. ?Fast Eddie me ajudou muito e nem acreditei. Também gosto de registrar aéreos como os de Marcos Sifu, no México. É preciso estar ligadíssima e isso me estimula muito. Também gostei das fotos do Slater heptacampeão mundial no Brasil?.

 

Lika se inspira no trabalho de fotógrafos como Tony Fleury, Sebastian Rojas, Clemente Coutinho, James Thisted, Nilton Santos, Levy Paiva, Dener Vianez, Bruno Lemos, Thiago Navas, entre outros.
 
?Eles são meus mestres e amigos de trabalho. Ensinaram muito do que sei. Sempre tentei filtrar o melhor de cada um e hoje em dia ando sozinha com meu próprio estilo e atitude?, afirma.
 
Entre os objetivos está o de realizar uma exposição. ?Penso muito nisso e não vejo a hora de realizar mais este sonho. Acho que está na hora. Participei da I Mostra da Arte e Cultura Surf na Bienal do Ibirapuera e foi muito maneiro levar minha mãe e amigos para conferir meu trabalho. Uma exposição só minha seria um sonho sem dúvida?, confessa.

 

Neste ano, ela pretende ainda expandir os horizontes, tentar algo diferente e explorar o mundo. Alguém duvida que ela consegue?
 

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