Uma forte chuva recebeu os remadores da categoria V6 Open na busca pelo ouro no último dia de disputas do Mundial de Va’a, evento encerrado nesta sexta-feira (30) em Papeete Taiti, sob chancela da IVF (International Va’a Federeation). Era o anúncio de uma prova onde as forças da natureza seriam um dos maiores protagonistas da prova.
A equipe da Nova Zelândia teve o melhor começo entre as 18 equipes participantes, seguida pelos remadores do Taiti, membros da lendária equipe “Shell Va’aa”: Honui Parau, Damas Ami, Roland Tere, Karl Keller e os irmãos Paiateuira e Tapuarii Tamaititahio.
O Brasil estava representado pela equipe “Samu” formada por Alan Reynol, Rafael Leão, Sergio Prieto, Murilo Pinheiro, Paulo Dos Reis e Rafael Santacreu. A equipe fez uma boa largada e se manteve no pelotão intermediário formado pelas equipes da Austrália, Japão, França e Rapa Nui.
No entanto, quem roubou a cena foi a equipe da Califórnia, que chegou a liderar nos estágios iniciais da corrida, alternando a primeira colocação com a Nova Zelândia, mas após alguns quilômetros os taitianos conseguiram assumir a liderança até a conclusão da primeira de um total de três voltas. Nesse momento, em uma arrancada surpreendente a equipe da Califórnia alcançou a V6 do Taiti e o que se viu foi um duelo épico e inesperado entre ambas as equipes, que passaram a disputar a primeira colocação remo a remo.
No entanto, quando o percurso atingiu o downwind em mar aberto, o conhecimento local e a impressionante habilidade dos taitianos em surfar ondulações fez a diferença. Em uma verdadeira aula de downwind de V6, o Taiti conseguiu se distanciar da Califórnia em um momento crucial da prova, conectando onda a onda, e, assim, abrindo larga vantagem sobre seu adversário direto na luta pelo ouro. Assim, na última volta, mesmo nas partes de upwind e flat water, ficou praticamente impossível para a Califórnia alcança-los. Assim, o Taiti conquistou a medalha de ouro e a Califórnia a de prata.
A terceira colocação estava praticamente consolidada pela Nova Zelândia quando a equipe sofreu um revés. Já nos quilômetros finais a V6 dos neozelandeses foi engolida por duas ondas durante uma tentativa de surfe e foi encharcada em questão de segundos. Por muito pouco a canoa não afundou, mas a quantidade de água foi tão grande que tornou impossível esvaziar a canoa e a equipe “kiwi” foi obrigada a abandonar a prova. Melhor para a equipe da Nova Caledônia, que, com essa desistência, conquistou a medalha de bronze.
Outro momento marcante da prova foi protagonizado pelos havaianos. A equipe, formada por alguns integrantes da também lendária “Equipe Primo”, disputava a terceira colocação contra a Nova Zelândia e a Nova Caledônia à altura da segunda volta quando teve que lidar com um imprevisto que por pouco não a tirou da prova: a borracha que fazia a amarração do iaco traseiro com a ama se rompeu, tombando a V6, que por muito pouco não encharcou. Os havaianos, então, usando uma das borrachas que prendia um remo reserva ao iaco, conseguiram prendê-lo novamente à ama e retornam à prova e mesmo tendo sido ultrapassados por várias equipes, fizeram uma extraordinária prova de recuperação a tempo de cruzar a linha de chegada na quarta colocação.
A equipe brasileira também remou forte e cruzou a linha de chegada na sétima colocação, mostrando muita garra e evolução em uma competição desafiadora, enfrentando chuva, ondas, correntes e os melhores remadores de va’a do mundo.
A remadora Larissa Lima representou o Brasil na última prova do dia: V1 Master Feminino, que entrou na água junto com as categorias V1 Junior Feminino e Para Va’a Masculino.
Larissa concluiu a prova na décima colocação em prova vencida pela taitiana Marguerite Temaiana. Marama Elkington, da Nova Zelândia venceu a prova Junior Feminino V1 e o taitiano Patrick Viriamu foi o grande campeão da V1 Para Va’a.
O Brasil encerrou sua participação no Mundial sem conquistar medalhas, porém, apresentando resultados expressivos que colocam nosso país na posição de potência emergente do Va’a mundial. No entanto, os investimentos nas categorias de base e a realização constante de competições de nível nacional, realizadas em percursos que saibam valorizar as diferentes condições de mar serão fundamentais para que a evolução da canoagem polinésia brasileira seja contínua.
Quadro final de medalhas e colocação do Brasil nas próximas atualizações.
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