Corneta salgada

Neco Padaratz com o Floater

Neco Padaratz, de olho no WCT, tá mandando bem no WQS e é uma aposta do torcedor fanático para a próxima temporada. Foto: Motaury / Mormaii.

Aqui na Austrália, as duas principais revistas especializadas encartam pelo menos seis DVDs de surf ao longo do ano .

 

A Tracks tem a licença de cobertura das etapas do WCT e faz vídeos excelentes. México e Bell?s foram alucinantes.

 

Em parceria com as grandes marcas, a Australian Sunfing Life (ASL) também manda  ótimos filmes, um sucesso sempre garantido na coleção da rapaziada.

 

O preço da brincadeira é AU$ 10, baixo pela qualidade das imagens e pelas filmagens históricas.

 

O conteúdo das revistas também é legal, altas fotos, altíssima qualidade de ondas e de impressão. Prevalecem reportagens de trips, campeonatos de média importância e o ?resto? ? música, mercado etc ? vem em terceiro lugar, mais ou menos o mesmo esquema das publicações brazucas em termos de conteúdo.

 

Entendam que, aqui na Austrália, surf é como futebol no Brasil ? todo mundo surfa. O crowd é incrível e o esporte é tratado com disposição e naturalidade.

 

Surf não é somente estilo de vida. Surf por aqui é como ir ao mercado, ir ao cinema, dormir, é rotina de vida. É normalíssimo ver um coroa de 60 com bermuda de surf.

 

Apesar de ser receptivo, o povo australiano tem um lado bem egocêntrico e patriota. Na copa do mundo de futebol, deram enorme espaço na mídia, mesmo o futebol sendo o quinto esporte na preferência da galera.

 

Mas só o fato de estar na disputa era motivo para lotação dos pubs. Todo mundo nas ruas usava camisa da seleção e os doidos realmente acreditaram que ganhariam do Brasil.

 

A maioria dos telejornais não fala nada ou muito pouco sobre o mundo em geral. A rotina é um noticiário do dia-a-dia ozzy. Desviei para dar uma geral e chegar ao ponto: o espaço é praticamente fechado nas revistas e filmes de surf para quem está fora.

 

Tem altas ondas na Austrália, altas mesmo. Aqui tem o contingente mais competitivo de surfistas no mundo e os caras dão muito trabalho em todos os níveis, WCT, WQS, Isa Games, Pro Junior, Grommets etc.

 

Apenas um vídeomaker australiano realmente dá importância ao surf brasileiro: Matt Gye. O cara foi ao Titãzinho filmar Pablo Paulino (borrou um pouco, mas curtiu) e, no mês de outubro, promoveu o lançamento de seu novo filme: Surfing Safaris.

 

O filme não tem só Brasil, claro. Mas tem uma parte muito maneira e que poucas filmagens gringas retratam. Não vou ficar contando, senão perde a graça. Não chega a ser um big espaço, mas tá valendo. Bom, nada de babar ovo nem de implorar espaço na mídia gringa. Vamos ao que interessa.

 

Cheguei até aqui para passar que, em outros filmes atuais, com presença de brasileiros, eles só aparecem tomando as vacas mais sinistras ou levando escovadas nas baterias do tour!

 

Quer dizer, estamos sendo ridicularizados na jogada. Nas revistas, normalmente nos comparam às pragas que crowdeiam (estilo japoneses), fominhas, sem educação e só interessa o backside das meninas.

 

A diplomacia de cartolas como Nat Young ou Rabbit Bartholomew esconde a real do que pensam de nosso surf. Falar que o estilo de Fábio Fabuloso é legal, ou que o Peterson Rosa é um guerreiro no tour, não significa nada.

 

Isso porque depois mostram Mineirinho vacando em Fiji ou Tahiti.

 

Bastou sair foto do Mineiro recentemente na ASL e fizeram o maior carnaval aí no Brasil, como se fosse o caneco em Bell?s.

 

Galera, enquanto o surf não estiver realmente pau-a-pau com esses caras, não teremos espaço, reconhecimento, admiração, ou seja lá o que for que a torcida brasileira espera de nossos surfistas.

 

Não podemos cobrar um cara de ponta porque o talento não é somente plantado num cabra qualquer e pronto. Mas, se tem caras com potencial, temos que botar esses caras pra quebrar mesmo.

 

Invistam, pelo amor de Deus. Vender bermuda implica em reinvestir forte no material humano e na base, em vez de somente pegar quem já está despontando. Assim fica fácil, né?

 

Não adianta nada construir universidade sem ter uma boa pré-escola, ensino médio e fundamental. Chegar ao tour da primeirona e contentar-se com premiação do terceiro round é irado, falaí! Piada…

 

Tô escutando falar, desde que o Fabinho foi campeão mundial amador em Porto Rico (1988), que o Brasil é a terceira potência do surf e que não demoraria muito para haver um, dois ou três atletas na ponta do ranking.

 

Enquanto o circuito era metade merrecagem mexida e a outra metade de tubo quadrado, até conseguimos ganhar umas bateriazinhas de figurões. Levantamos alguns canecos importantes na Europa, África, Austrália e até no Hawaii ? Gouveia, mais uma vez, em Sunset!

 

Mas, agora que o mar ficou liso, terral prevaleceu, coral embaixo e dá pra bocejar no tubo, sumimos do mapa! Socorrooooooooooooo. O Torcedor Fanático não agüenta essas facadas no coração!

 

Tô tendo que plantar bananeira pra ver o ranking de ponta-cabeça e ler lá, Yuri, Pedro, Raoni (machucou-se, ganha um descontinho), Paulo, Marcelo, Peterson… Mineiro em décimo oitavo, humm, tudo bem, pra estreante tá valendo. Mas, mas, mas e o Bobby Martinez, também é rookie e tá em sexto!

 

Tô tentando colaborar, mas tá difícil. Titio Victor Ríbas, quem diria, hein, guerrreirão do WQS e ali no meio de campo do WCT… terror de Hoobgoods, merece meu aplauso, clap!

 

Neco fez uma boa história boa WCT, fala inglês direitinho, arrepiou no WQS, mandou figurões assistirem da areia suas baterias em Newcastle e em Margaret River.

 

Espero ver ele chegar com tudo e mais um pouco pra ficar deep no tubo e envergar o lip pra trás ? sem perder a linha e sem abrir muito a base.

 

Slater, seu ?prego?, não esqueci de você desta vez, não, hein! Por que você não deixou para ganhar o octa no Brasil? Espanha gelada, mulherada mais ou menos… Deu mole!

 

Bom é isso, vou pra vala de Fresh Water fomear um pouco.

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