SIFIA

Crescimento do stand up paddle continua forte

Super SUP Florianópolis Grand Prix 2016.

2576x1718
Super SUP Florianópolis Grand Prix 2016, primeira etapa do Circuito Brasileiro de SUP, impressionou pelo número de atletas, no entanto, poucas marcas ligadas ao stand up paddle investiram no evento. Essa é uma realidade que precisa mudar para mantermos um crescimento sustentável do esporte. Foto: Naideron Fotografias.

 

Um recente estudo realizado nos EUA revelou que o stand up paddle continua em ascensão, crescendo continuamente em número de adeptos.

 

O relatório, encomendado pela The Sports and Fitness Industry Association, mostra que o SUP teve um crescimento de 120% em número de adeptos nos últimos três anos. Uma evolução muito superior a outros esportes que também têm se destacado como as corridas de aventura, MMA, rúgbi e BMX.

 

O estudo também revela que o interesse em esportes tradicionais, como o golfe, por exemplo, tem diminuído, enquanto modalidades novas ganham força a cada ano. No caso do SUP moderno (era Laird Hamilton / Dave Kalama), que tem pouco mais de uma década de existência, as expectativas são extremamente promissoras. Mas é preciso ter cautela.

 

A chave para que um novo esporte cresça de forma sustentável, é manter as pessoas dentro dele. Nesse ponto, é preciso ficar atento a outro aspecto revelado pelo estudo: boa parte desse crescimento ainda é devido ao depoimento pessoas que nunca remaram de SUP antes.

 

960x540
Provas de SUP Race do Aloha Spirit Ilhabela em 2016 reuniram mais de 300 pranchas, fazendo desta a prova com maior número de competidores em uma mesma largada na história do SUP nacional. Mais um expemplo do crescimento contínuo deste esporte. Foto: Reprodução.

 

É imprescindível, portanto, fazer com que esses novos adeptos sigam praticando stand up paddle. O esporte cresce por que segue sendo experimentado por muita gente, o que é positivo. O desafio agora é criar um número cada vez maior de entusiastas que se tornem praticantes regulares, abraçando o SUP como parte de sua identidade.

 

O relatório também revela que as competições e eventos ligados ao stand up paddle seguem crescendo em nível global, mesmo com a perda de eventos emblemáticos como o Battle of the Paddle. 

 

Competições e eventos são, de acordo com os dados levantados, a forma mais eficaz de estimular novos adeptos a se manterem no esporte e seguirem investindo em equipamentos e treinamentos, assim como a mídia especializada, que detém um papel fundamental nesse processo, divulgando e fomentando essas atividades.

 

No entanto, se não houver uma participação ativa por parte dos empresários, investindo e apoiando, e, dessa forma, viabilizando a criação de um cenário que, ao final das contas beneficiará a eles próprios, o ciclo não se completa.

 

800x533
A explosão do skate no Brasil, nos anos 80, impulsionou o surgimento de inúmeras marcas que muito lucraram mas pouco investiram no esporte que, passada a febre, quase entrou em colapso com a crise econômica agravada pelo governo Collor, levando quase uma década para dar a volta por cima. A história ensina que é fundamental valorizar quem investe no esporte. Foto: Arquivo.

 

REALIDADE BRASILEIRA – Hoje no Brasil, apesar do crescimento do esporte, infelizmente, poucas são as marcas que estão investindo verdadeiramente na criação de um cenário sustentável. Boa parte disso deve-se à crise política e econômica pela qual nos encontramos, que obrigou empresários a reduzir custos com marketing e repensar estratégias de divulgação. Porém, é notório que um grande número de marcas ligadas ao SUP optou por investir em anúncios patrocinados em mídias sociais, como no caso do Facebook, ao invés de patrocinar atletas, eventos ou apoiar uma mídia especializada.

 

600x300
Investir mais no Facebook do que em eventos, atletas ou mídias especializadas, a longo prazo, não ajuda nem mesmo a marca que adotou essa estratégia. Foto: Reprodução.

Investir em canais que em nada contribuem para o stand up paddle, como é o caso de marcas que estão apostando todas as suas fichas nos anúncios de Facebook, por exemplo, ao invés de investir no esporte (atletas, eventos ou mídia especializada), pode até parecer vantajoso a curto prazo, mas, a longo prazo, a história mostra que os resultados são muito ruins.

 

Talvez, a lição mais emblemática para nós, brasileiros, seja o que aconteceu com o skate no final dos anos 80, década em que esse esporte explodiu com muita força e conquistou milhares de adeptos da noite para o dia.

 

Consequentemente, novas “marcas de skate”, sem nenhuma identidade real com o esporte, surgiram na mesma velocidade pegando uma carona nesse sucesso, inflando esse crescimento, mas sem dar o devido retorno e, o mais grave, dividindo as “fatias desse bolo” com aqueles que investiam no skate, patrocinando atletas, eventos e mídias especializadas.

1020x593
Caio Vaz e Jonas Letieri estrelam reportagens especiais sobre SUP exibidos em rede nacional pela Tv Globo. Foto: Reprodução.

 

Assim, no primeiro momento de retração, quando as vendas começaram a não se mostrar tão lucrativas, e a crise econômica do governo Collor veio com força, muitas marcas desapareceram, outras foram à procura da “próxima grande coisa” e o esporte quase se extinguiu por aqui.

A volta por cima, conquistada a duras penas, levou quase uma década e deu-se graças à união entre atletas, empresários verdadeiramente comprometidos com o esporte, mídia especializada e associações de skate. Parte dessa história é contada no documentário “Vida sobre rodas”.

 

No nosso caso, como mostra o estudo, passada uma década, o crescimento do SUP ainda é impressionante, mas o esporte enfrenta o desafio de converter novos praticantes em adeptos.

 

Dessa forma é fundamental que se fortaleça cada vez mais o cenário do stand up paddle, com mais competições, mais encontros de remada e informação através de uma mídia especializada e comprometida com o esporte, abrindo espaço para atletas, eventos, além de divulgar as vantagens que o stand up paddle oferece a seus praticantes, que são a facilidade de aprendizado, os ganhos para a saúde e condicionamento físico dentro de um estilo de vida incrível.

 

É um esforço conjunto onde todas as partes (organizadores, associações, mídia e empresários) precisam atuar de maneira conjunta e participativa, visando o crescimento do esporte como um todo, pois, ao final, são todos que se beneficiarão desse crescimento.

 

Aos adeptos, cabe apoiar as marcas que mesmo em tempos de crise estão comprometidas em manter esse cenário forte, seja patrocinando atletas, apoiando eventos ou anunciando nas mídias especializadas, como é o caso do SupClub.

 

Os dados levantados pela The Sports and Fitness Industry Association mostram que o SUP segue sendo um esporte extremamente promissor, mas esse sucesso só estará garantido a longo prazo se todos fizerem sua parte. 

416x225
Luciano Meneghello é editor chefe e fundador do site SupClub. Foto: Reprodução.

 

Exit mobile version