Klaus Mitteldorf - Parte II

Criatividade nos clics

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Publicidade ganha linguagem baseada em contraste de cores, formas e luzes. Foto: Klaus Mitteldorf.

Página do livro Almaquatica, de 2005. Foto: Klaus Mitteldorf.

Na segunda parte da entrevista com o mestre da fotografia Klaus Mitteldorf, os projetos produzidos para a publicidade ganham destaque.

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De 1988 a 1996, Klaus trabalhou e viveu na Alemanha, onde produziu campanhas fotográficas e comerciais de cinema para renomadas agências.

Klaus também fala sobre a digitalização da fotografia e opina sobre assuntos relacionados à fotografia.

Confira abaixo a segunda das três partes da entrevista concedida por Klaus Mitteldorf com exclusividade ao Waves para a coluna Soul Surf.

A publicidade foi uma alternativa para ganhar dinheiro ou você realmente se identificava com a linguagem?

No começo eram os dois: a publicidade nos anos 1980 permitia uma fotografia mais autoral, e até a participação dos fotógrafos na criação das campanhas de grandes agências, como a DPZ, a DM9 e a AlmapBBDO.

 

Marcello Serpa, Nizan Guanaes, Zaragoza e Francesc Petit foram meus grandes incentivadores durantes vários anos.

 

Eu tinha uma linguagem diferenciada baseada em contraste de cores, formas e luzes, culminando com uma fotografia esteticamente diferente e muitas vezes surreal.

Como se reinventar como fotógrafo numa época que a tecnologia tende a nivelar os amadores com os profissionais?

Houve um grande desestímulo para todos os fotógrafos profissionais, inclusive eu, quando começou a digitalização e a massificação da fotografia, obrigando esses profissionais a criarem novas formas fotográficas para continuarem a se diferenciar. Foi uma fase difícil, mas quem nasceu para ser fotógrafo, documentador ou artista, sempre vai encontrar um caminho.

Qual, na sua opinião, a melhor revista de surf do mundo?

É a revista Surfers Jornal californiana, mas nunca podemos esquecer que a sua origem partiu das lendárias Surfer e Surfing que nos ensinaram o que sabemos de surf até hoje.

Fale um pouco sobre o nosso projeto do livro Almaquatica com o David Carson.

O processo do Almaquatica foi uma viagem de 12 anos por um mundo alucinante que o surf criou ao nosso redor. Foi uma das maiores viagens da minha vida, foi como fazer um filme. Não dá para explicar como, porque tudo aconteceu. Simplesmente aconteceu. Nunca me arrependi de ter entrado nessa viagem, muito pelo contrário.

O resultado foi muito visceral e extremamente sensível sobre todas as sensações que eu já tive sobre o mundo do surf e do mundo da água.

A parceria com Sidão e David Carson me levou a um destino que eu nunca imaginava. E se até hoje eu sou apaixonado e eternamente serei por esse mundo tão encantado, que um dia Miguel Calmon me apresentou, com certeza o Almaquatica foi o gran finale de uma obra de arte. O meu filme Rio-Santos, com certeza, foi muito influenciado por esse trabalho.

Comente só um pouco sobre as viagens para Bonito, Fernando de Noronha e Maldivas a fim de coletar material para o livro Almaquatica.

Estas três viagens foram feitas com a intenção específica de captar impressões fotográficas que ajudassem a criar o mundo de Almaquatica, ou seja, tentar extrair de cada lugar os valores e sensações que transmitissem aos leitores e expectadores o que significa ser regido pelo mundo das águas.

Para isso valeu tudo, desde as mais óbvias fantasias com imagens de ondas e mares até o nosso envolvimento com as culturas e sociedade de cada lugar. Cada lugar dos três mencionados tinha sua própria luz e consequentemente nos fez criar imagens e poesias completamente distintas.

Foi casado quantas vezes e quantos filhos tem? Algum é surfista?

Sou casado pela terceira vez, já faz 11 anos, e tenho dois filhos de casamentos diferentes anteriores: Max, de 13 anos, que adora pegar umas ondas, mas é um fanático mesa tenista em franca ascensão, e uma filha chamada Luiza, de 20 anos, grande promessa como cantora, e que atualmente cursa a Faculdade de Música Souza Lima.

Os melhores amigos que você semeou durante a vida estão no meio do surf?

Muitos deles sim, e muito bons amigos.

Qual o melhor fotógrafo de surf do mundo, na sua opinião?

Quem me marcou na fotografia do surf nos últinos 35 anos são os pioneiros Jeff Divine, Dan Merkel e Bob Barbour.

Quantos países você já fotografou e quais ainda tem curiosidade de conhecer?

São tantos que eu não sei. São muitos os que já visitei e muitos que ainda quero visitar. Dos já visitados os destaques são: Islândia, Maldivas, Tahiti, Chile, Bali, Marrocos, Groenlândia e África do Sul. Destaques a visitar: Índia, Austrália, Nova Zelândia e Antártida.

O fotógrafo, por se esconder por atrás da câmera, é necessariamente um tímido?

Não, muito pelo contrário, poucos têm a coragem de encarar pessoas, conflitos e fantasias de frente em situações muitas vezes embaraçosas ou até mesmo perigosas, como por exemplo no caso de guerras

Você acredita, como algumas tribos de índios, que a fotografia rouba a alma do fotografado?

Não acredito que a fotografia roube a alma do fotografado mas que ela permita compartilhar uma boa parte da essência do fotografado com o espectador.

Se pudesse voltar atrás mudaria o quê?

Nada. Repetiria tudo da mesma forma

Para saber mais sobre o trabalho de Klaus Mitteldorf, acesse o site Klaus Mitteldorf.com ou envie mensagem para [email protected].

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