Dos 101 surfistas com idade acima dos 35 anos que iniciaram as disputas do Billabong Brasileiro Surf Masters na praia de Stella Maris, Salvador (BA), apenas 33 seguem na briga pelo título neste domingo.
Com ondas de até 1,5 metros e sol forte, as disputas foram intensas para garantir vaga nas semifinais das cinco categorias em disputa: Master (acima de 35 anos), Grand Master (acima de 40), Kahuna (acima de 45), Grand Kahuna (acima de 50) e Master Feminino (acima de 35).
Esta é uma das três provas seletivas para os atletas que pretendem participar, com as despesas pagas, do mundial da International Surfing Association (ISA), programado para o segundo semestre de 2011 no Chile ou em El Salvador.
Dos oitos semifinalistas da categoria Master, cinco são ex-representantes brasileiros na divisão de elite mundial e três deles possuem títulos brasileiros profissionais.
Jojó de Olivença (BA), Armando Daltro (BA), Victor Ribas (RJ), Christiano Spirro (BA) e Joca Júnior (RN) juntam-se a Sérgio Penna (RJ), Márcio Zanotti (ES) e Renato Coutinho (ES) em busca do título e de duas vagas para representar o Brasil no mundial.
Na categoria Grand Master, também brilharam as estrelas de campeões brasileiros e ex-representantes do país na elite do surf.
O bicampeão nacional Ricardo Toledo, de Ubatuba (SP), fez a melhor pontuação das quartas-de-final (12.75), seguido pelo ex-top do circuito mundial, o niteroiense Ricardo Tatuí (11.50). Jojó de Olivença e Joca Júnior, detentores de títulos nacionais, também garantiram-se na semi entre os atletas com idade acima dos 40.
Uma das baterias mais esperadas do dia, a primeira das quartas-de-final Master, foi uma das melhores de todo evento. Os amantes do surf não se decepcionaram com a bateria entre os baianos Jojó de Olivença, Armando Daltro, Bruno Pitanga e Bruno Sena.
A disputa ficou entre os ex-integrantes do WT. Foi uma batalha dura e o resultado foi apertado. Os placares de 13.10 para Jojó e 13.00 pontos para Daltro estão entre os três maiores registrados no dia.
“Apesar do posicionamento difícil, pelo fato das ondas quebrarem em vários picos diferentes, consegui fazer uma boa escolha. Vamos ver no que vai dar amanhã”, comenta Jojó. Já Daltro, explica que resolveu participar da prova sem compromisso, mas que se conseguir um bom resultado já pensa em correr as outras seletivas, para tentar uma vaga no mundial.
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Quem viu o surf solto, com manobras velozes e bem encaixadas, nem imagina que o campeão do World Qualifyng Series de 2000 está caindo na água poucas vezes no mês e só há 20 dias surfou com mais intensidade para esta competição.
“Estou exercendo outras atividades profissionais e por isso não tenho muito tempo de surfar e competir. Mas quando a gente começa a vencer, volta o desejo de ir mais longe. Se tudo der certo aqui, vou querer buscar esta vaga nas próximas etapas”, promete Daltro.
Outro baiano que se deu bem foi Chrstiano Spirro. Team manager (chefe de equipe) da Maresia, ele tem viajado bastante acompanhando os atletas da empresa e por isso tem surfado com bastante frequência. Ele passou em segundo na segunda bateria das quartas, na cola do atual campeão brasileiro master, Renato Coutinho, detentor da melhor pontuação do dia (13.50).
“As expectativas para a decisão são as melhores possíveis, porque treino aqui todos os finais de semana. O nível tá muito bom, os caras estão arrebentando, mas estou focado e vou ver até se troco de equipamento para melhorar minha performance amanhã”, avisa Spirro.
Se nesta competição o clima é de confraternização e a responsabilidade diminui para muitos, para Vitor Ribas a pressão é maior. Aos 39 anos, ele é o único entre os semifinalistas que faz parte da elite do surf profissional brasileiro, o Brasil Surf Pro.
“Aqui o nome e a história é o que menos pesa. O que vale é a qualidade de vida que o atleta tem, para ter um bom preparo físico. O fato de eu ainda estar na ativa pesa mais sobre mim, porque sou o único que fica com a obrigação de ganhar”, comenta Ribas.
Legendas Outra bateria aguardada foi a segunda da categoria Grand Kahuna. Na disputa estava um dos pioneiros em várias segmentos do surf brasileiro, Ricardo Bocão, 56, e o legendário baiano Carlos Moraes, 57. Com corpos sarados e preparo físico de garotos, eles têm em comum a qualidade de vida e o amor pelo surf. Bocão fez a melhor média da categoria e passou em primeiro na bateria, seguido pelo baiano Jorge Bitencout, o Jorge Pisca. Carlão não conseguiu se classificar.
Ricardo Bocão, que é sócio do canal de esportes Woohoo, foi um dos primeiros brasileiros a surfar no Hawaii e a acompanhar o circuito mundial. Simpático e bastante atencioso, o carioca, que participa de campeonatos masters na Prainha, Rio de Janeiro (RJ), acha que este tipo de evento deve ser incentivado.
“Há muitos surfistas bons com idade acima dos 50 no Brasil. Além de alguns que estão aqui, têm Cauli Rodrigues, Daniel Friedmann, Picuruta Salazar, entre outros. São cerca de 20, 25 pessoas com capacidade de brigar por títulos. Espero que ao serem noticiados de eventos como este, eles se entusiasmem e comecem a participar também”, explica Bocão.
Neste domingo o evento começa às 9 horas com a primeira semifinal Kahuna. A disputa acaba às 13:45 horas, com a finalíssima Master.