Danilo Costa decola para o WCT

Danilo Costa

Os aéreos são a especialidade de Danilo Costa. Foto: Divulgação Billabong.

Após três anos na boca, o surfista Danilo Costa estréia este ano entre os Top-45 do WCT. Aos 25 anos, ele disputa há sete o Circuito Mundial WQS.

 

Neste ano, o sonho de integrar a elite mundial foi se tornando cada vez mais próximo quando ele ficou com a terceira colocação na etapa seis estrelas do WQS no Japão, em setembro.

 

Em novembro passado, o surfista obteve um nono lugar no Onbongo Pro Surfing, evento também de nível seis estrelas em Florianópolis.

 

Esse resultado fez com que ele partisse tranqüilo para o Hawaii, pois dependeria de menos pontos para garantir a classificação na última etapa do WQS.

 

Além da experiência de sete anos viajando o mundo para disputar as etapas do WQS, Costa acumula no currículo seis temporadas em Jeffrey’s Bay (África do Sul), oito no Hawaii e cinco no Tahiti.

 

Danilo Costa relaxado após uma session. Foto: Divulgação Billabong.
De acordo com ele, sua arma para vencer será o afiado frontside. Conhecido pelas manobras aéreas, os anos de WQS fizeram dele um devorador de tubos para a esquerda.

 

“Nas esquerdas consigo desenvolver mais o meu potencial. Gosto das ondas da França, de Mundaka, na Espanha, além de picos como Teahupoo, no Tahiti”.

 

Muita gente imagina que Costa é potiguar, mas não é. Ele nasceu na capital paulista e, aos 13 anos, mudou-se para o Rio Grande do Norte.

 

Com essa mesma idade, começou a pegar onda. Seu pai, Célio de Freitas Sanches, falecido há três anos, foi seu grande incentivador.

 

Costa em Haleiwa, Hawaii. Foto: Ellis/ASP.

“Ele sempre me acompanhou, inclusive, nos campeonatos. Me levava para pegar onda em Tabatinga (pico mais constante da região). Devo tudo isso a ele”, conta Danilo.

 

Costa iniciou nas competições nos eventos amadores no Nordeste.

Segundo ele, um fator que colaborou na evolução de seu surf é que ele tinha oportunidade de competir contra grandes nomes do esporte na região, como Fábio Gouveia, Joca Júnior, Paulo Moura, Júnior Rocha e Marcelo Nunes.

 

O potiguar mudou para o Guarujá aos 15 anos para disputar os circuitos amadores de São Paulo, pois o nível era mais forte do que ele encontrava no Nordeste.  Danilo morou em São Paulo até os 18 anos, quando voltou a

Danilo Costa leva a bandeira do Brasil ao pódio no Japão. Foto: ASP World Tour.

firmar base em Natal.

 

O surfista começou nas competições profissionais com o pé direito.

Em 95, ele venceu o Sthill Trials, evento paralelo ao Hang Loose Pro Contest, realizado na praia de Pitangueiras, Guarujá.

 

Depois, já como atleta profissional, venceu o Reef Classic, no Uruguai. Na seqüência, ficou em segundo na etapa do Reef da Argentina.

 

Confira a entrevista exclusiva com o atleta, realizada logo após a confirmação de seu nome na elite mundial.

 

 

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Danilo fala sobre competição no Simpósio Marazul. Foto: Divulgação.

 

Como você recebeu a notícia da sua entrada para o WCT?

 

Quem me contou foi meu manager, o Pinga. Eu estava no Guarujá treinando e depois fui para a festa da Trópico, no Rio Grande do Sul, que prestou homenagem aos Top do SuperSurf. Ele me comunicou que o Damien Hobgood, Jake Paterson e o Richard Lovett haviam conquistado a vaga pelo WCT e com isso, sobraria mais uma. Eu era o 14º nome na lista.

 

Porque você não permaneceu no Hawaii para assistir o Pipe Master e, com isso, confirmar se entraria para o WCT?

 

Costa manda um de seus famosos aéreos. Foto: ASP Europe.

Voltei no dia em que começou o Rip Curl Cup, em Sunset. Preferi vir para a casa para não passar pela mesma angústia do ano passado (Em 2002 Danilo chegou a ter a vaga confirmada). Neste ano estava mais fácil, pois tinha cerca de 90% de chances de me classificar. Pedi a Deus que o resultado que viesse seria a vontade dele.

 

Você nem aproveitou muito esta temporada havaiana?

 

Competi apenas nas provas do WQS, mas pretendo voltar lá em fevereiro para treinar mais.

 

Qual é sua meta para este primeiro ano de WCT?

 

Pretendo brigar pelo título, ou pelo menos me garantir entre os Top-16 e vencer o WQS, pois neste ano vou entrar nos campeonatos da segunda divisão um pouco mais à frente, como pré-classificado.

 

Em quais picos por onde passa o Tour você acredita que se dará melhor?

O surfista é conhecido pela calma e a fala mansa… Foto: André Kuntze.

 

Nas esquerdas consigo desenvolver mais o meu potencial. Gosto das ondas da França, de Mundaka, na Espanha, além de picos como Teahupoo, no Tahiti.

 

E em quais você ainda terá que se adaptar melhor?

 

As ondas que percebi que tenho mais dificuldade são Sunset (Hawaii) e Bell’s Beach e Kirra Point (Austrália). Mas vou procurar contornar isso treinando bastante nesses picos.

 

É verdade que você vai se mudar para a Austrália?

 

Vou ficar de férias no Brasil até fevereiro, quando acontece o WQS de Fernando de Noronha. Depois vou direto para a Austrália, onde vou morar por uns seis meses para lapidar o surf e aprimorar o inglês. 

 

… mas na água ele se revela e vira um gigante. Foto: Pierre Tostee/ASP World Tour.
Além do preparo dentro d’água, você realiza algum tipo de condicionamento físico?

 

 Treino com o pessoal do Instituto Marazul, pois lá tem tudo: psicólogo, yoga, nutricionista. Eles me passam um treinamento de malhação que levo para todos os lugares por onde viajo.

 

Depois que você começou a fazer esse acompanhamento, sentiu uma diferença na performance?

 

Com certeza. Meu preparo aumentou principalmente em ondas grandes. O principal diferencial é que estou trabalhando a mente, coisa que não fazia há três anos.

 

Você pretende disputar também o Circuito SuperSurf?

 

Minha prioridade total será o WCT. Algumas etapas do SuperSurf batem com o calendário do Circuito Mundial, mas as que não coinciderem pretendo participar sim.

 

Danilo Costa na praia do Félix, Ubatuba (SP). Foto: Alexandre Gennari.
A sua vaga foi uma ótima notícia para o surf brasileiro que, em contrapartida, perdeu três atletas em 2002 no WCT. Como você avalia essas perdas?

 

Acredito que a maior perda foi o Renan Rocha, pois ele era um cara muito importante e fundamental no Tour, além de ser superinteligente, falar bem inglês e ser casca-grossa. O Marcelo Nunes é novo e acredito que reconquistará a vaga. O mesmo acontece com o Rodrigo Dornelles, que a favor tem a linha de surf que os gringos sempre comentam. Todos vão fazer muita falta.

 

Quais surfistas você acredita que serão seus maiores adversários no WCT?

 

Meus companheiros de equipe: Andy Irons, Luke Egan, Joel Parkinson, Taj Burrow, Michael Lowe e o Shane Dorian, além do Kelly Slater, é claro.

 

 

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