Danylo Grillo, o artista das ondas

Danilo Grillo em Padang

Danylo Grillo clicado por um ângulo diferente. Foto: Anselmo Venansi.

Quando se fala em tube rider no Brasil, o nome do atleta sebastianense Danylo Grillo é sempre lembrado.

 

Aos 24 anos, ele é considerado um dos melhores atletas brasileiros na manobra que mais fascina os surfistas: entubar.

 

Grillo – apelido que praticamente virou sobrenome – vem do clã Moraes de surfistas. Seu pai, Horário Moraes, é um dos precursores do esporte em São Paulo.

 

Sua mãe também pegava onda e pintava as pranchas na fábrica do marido. Já seu irmão

Quando se fala em tubos, o nome de Danylo Grillo não sai da boca do povo. Foto: Sebastian Rojas / Hang Loose.
mais novo, Alexandre Moraes, também surfa e está se dedicando às competições.

 

Com o surf totalmente envolvido no sangue da família, não tardou para que Grillo desse os primeiros passos em cima de uma prancha, mais precisamente aos três anos de idade.

 

Nas competições, o talento também foi precoce. Aos 11 anos começou a competir incentivado por Gedeon Gonçalves, da escola de Surf de São Sebastião.

 

A partir daí, teve uma carreira de destaque como amador, sendo campeão em diversas categorias nos circuitos brasileiro e paulista.

 

Grillo cercado pelos fãs durante etapa do Rip Curl Guarujá Pro. Foto: Nancy Geringer.
Porém, ainda não conquistou resultados expressivos nas competições internacionais. No ano passado, Grillo terminou o WQS na 112a posição, com 3.570 pontos.

 

“O meu objetivo é o WCT. Tenho feito planos para me colocar lá dentro. Ano passado não deu certo, nada mesmo. Mas, estou vivo para tentar de novo. Neste ano surpresas vão rolar. Acredito no meu potencial e vou até o fim”, afirma determinado.

 

Confira a entrevista exclusiva com atleta e conheça mais sobre o dono de um talento e carisma inquestionáveis.

 

Como foi seu início no esporte. Você foi incentivado pelos seus pais? Como é nascer em uma família que respira surf?

 

Isso foi uma coisa bem legal. Quando nasci, meu pai tinha uma oficina de pranchas, onde trabalhava uma galera supergente fina. Minha mãe desenhava nas pranchas que o meu pai shapeava e surfava quando estava grávida de mim. Era uma vida levada para o lado da arte e eu eu nasci no meio disso tudo. Desde então, minha vida foi só surf. Subi na prancha a primeira vez com três anos na Barra do Sahy, praia onde minha família mora até hoje. Show de bola!

 

Como você vê o fato de o seu pai ter vivido numa ilha? Como é sua relação com esse pico?

 

Meu pai vivia numa ilha chamada “As Ilhas”, em São Sebastião, e ficou por lá durante 21 anos. Essa ilha foi onde peguei meu primeiro tubo seco mesmo. Sai amarradão. Lembro que minha família toda estava na praia e viram o meu tubo.

 

Eles gritaram como se fosse um dez na final de um campeonato. Aquilo me marcou bastante, aquela ilha é minha casa. Gosto muito daquele lugar, é o meu pico predileto no mundo. Quando piso lá, logo penso: Minha casa é um paraíso!

 

Clique aqui para conferir mais fotos do atleta .

 

Confira na seção vídeos dois tubos alucinantes de Danylo Grillo em Desert Point registrados pelo videomaker Rafael Mellin.

 

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Grillo sobe no telhado do Tombo. Foto: Ricardo Macario.
E o Montão do Trigo?

 

O Montão, meu Deus, é sem palavras. Quando dá onda no Montão é feriado nacional. Na última vez que fui, tinha uns 50 barcos. É um lugar internacional, talvez seja a melhor bancada de pedra do Brasil, minha sala de aula.

 

Como foi seu início nas competições? Você foi campeão paulista e brasileiro em diversas categorias.

 

Comecei muito bem nas competições. A primeira de todas em que competi eu venci, em Maresias com 11 anos.

 

O atleta no Montão do Trigo, pico que considera de qualidade internacional. Foto: Aleko / Venice.

Depois disputei o circuito paulista e fui bicampeão Mirim; em seguida parti para o brasileiro, onde fui duas vezes vice: Mirim e Júnior; também fui bicampeão paulista Júnior e participei do Fui para o Mundial ISA e fiquei em 13º. Conquistei o vice-campeonato paulista profissional e fui campeão dos Jogos Abertos de Surf da Costa Rica, terceiro no NSSA Nacional da Califórnia.

 

Como foi sua transição para a carreira de atleta profissional. Logo no início você foi morar na Austrália. O que essa mudança representou para o desenvolvimento e aprimoramento do seu surf, do seu estilo?

 

Morei na Austrália duas vezes. Na primeira eu

tinha 18 anos e fiquei um ano viajando. Estudei

Galera de Maresias vibra com a vitória de Grillo em etapa do  paulista profissional. Foto: Maurício de Souza / FMA Comunicação.

inglês na Austrália durante seis meses com uma professora particular.

 

 

Isso foi fundamental. Tinha

aula três vezes por semana e era bem divertido, pois de quebra surfava Kirra, Currumbim, Dbah, Burleigh Heads e South Strad Island. Era animal, um paraíso. Depois, voltei novamente com 22 anos.

 

Tinha uma namorada que estava morando lá. Aí, fui correr o circuito mundial, vendi meu carro, o Álfio (Lagnado, proprietário da Hang Loose) me descolou uma grana. Foi muito bom! De lá fui para Bali, Lombok, G-land, Maldivas. Foi uma experiência muito boa, a melhor de todas com certeza.

 

Como era sua vida lá, seu dia-a-dia? Onde costumava surfar? Com quem?

 

Eu morava em Coolangata e surfava Super Banks e Dbah, onde peguei os melhores tubos de backside da minha vida. Teve uma vez que surfei sozinho à noite. Era uma noite de lua muito cheia e estava muito claro. Por volta das 22 horas, o mar estava animal, perfeito. No começo fiquei meio bolado para cair, mas entraram umas séries perfeitas e uma das minhas amigas, que estava lá comigo, botou pilha.

 

Peguei uma onda só. Desci, peguei um tubo, sai dando um rasgadão, virei, outro tubo, sai, mais um rasgadão, virei, mais um tubo irado. A onda foi abrindo para o meio do mar e a água foi ficando escura, daí disse: Epa! Vou sair daqui agora. Foi a única onda daquela noite, uma experiência cabulosa. Morava com mais três minas ‘room mates’ e minha ex-namorada. Surfava sempre com o Tuzino e depois ele acabou se mudando para lá também. Era diversao pura!

 

Como é ter a fama de ser um dos melhores tube riders do Brasil?

 

Tubo para mim é uma coisa natural. Não precisa se esforçar. Me encaixo perfeitamente na onda, exatamente do jeito que ela pede. É uma dádiva de Deus, um presente. Quando estou dentro do tubo, é como se eu conversasse com ele e ele comigo, perguntas e respostas instantâneas, posicionamento na prancha e reflexo, muito reflexo.

 

Para mim não existe um melhor. Existe fazer os melhores. Ainda não estou completamente satisfeito com o que estou fazendo, quero melhorar em tudo. Tenho muito o que melhorar, procurar uma fase melhor, mas estou me dedicando.

 

Quais são os tipos de onda que o seu surf mais se encaixa?

 

Me identifico com ondas rápidas e tubulares, gosto da velocidade, rasgadões na cara da onda, voltar e colocar para dentro do salão azul e barulhento. Isso me dá o maior prazer.

 

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Confira na seção vídeos dois tubos alucinantes de Danylo Grillo em Desert Point registrados pelo videomaker Rafael Mellin.

 

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Danylo Grillo – FreeSurf Pro Trials, Maresias. Foto: Maurício de Souza/FMA Comunicação.
Em quais lugares você já surfou?

 

Já surfei em praticamente todos os lugares: Austrália, Hawaii, Califórnia, Indonésia, África do Sul, Europa, Inglaterra, Maldivas, México. Foram muitos picos de ondas boas, mas a melhor é Desert Point.

 

Além do surf, você tem o lado músico, canta, toca. Comente sua relação com a música?

 

 

Eu gosto de cantar, arranho a viola e sou movido à musica. Tenho muitos sons diferentes que encontro nas viagens. Na verdade gosto de fazer barulho e pequenos

Danilo Grillo em Padang. Foto: Sebastian Imizcoz.
eventos com a galera, reunir um batera, um guitarra, o Binho (Nunes) no baixo e eu com a “guela”.

 

Qual é seu objetivo como atleta profissional. Você já se considera um surfista realizado, pelo fato de ter grande destaque no free surf e ter viajado para picos de sonho?

 

O meu objetivo é o WCT. Tenho feito planos para me colocar lá dentro. Ano passado não deu certo, nada mesmo.

 

Mas, estou vivo para tentar de novo. Neste ano surpresas vão rolar. Acredito no meu potencial e vou até o fim.

 

Danylo Grillo durante o Hang Loose Pro Contest 2004, em Fernando de Noronha. Foto: Nancy Geringer.
Já as viagens estão rolando sem parar. Não me sinto realizado, pois meu objetivo ainda não alcancei. Às vezes me dá insegurança e vontade de voltar para casa, mas quando chego em casa, já quero sair fora de novo. Naturalmente você acaba se adaptando a essa vida.

 

O free surf pode ser legal, mas é uma coisa sem sagacidade nenhuma, sou garoto sagaz, competir ainda é a minha cara. Quero fazer um free surf de vez em quando, pois acho legal ir para a um paraíso fazer fotos e imagens. É bem divertido.

 

Quais são suas principais dificuldades no surf competição?

 

Tenho algumas dificuldades, mas nada que eu não possa vencer. Tive um ano difícil. Pessoalmente tive problemas, mas neste ano estamos aí para tentar de novo. Ano novo, vida nova.

 

Como é composto seu quiver?

 

Meu quiver está sempre variando e esta variação vai de 5/10 até 8/6, depende muito de onde estou, por isso as pranchas têm diferentes outlines para cada lugar específico. Meu shaper atual é o Xanadu, mas tenho pranchas de alguns outros shapers como o Márcio Zouvi e o Jhony Cabianca.

 

Você faz parte de um seleto grupo de atletas que conta com um patrocínio sólido que proporciona tranqüilidade para fazer bem o serviço dentro da água. Como é sua relação com a Hang Loose, equipe que você integra há dez anos?

 

É bem natural, nunca tive problemas. O Álfio (Lagnado, proprietário da Hang Loose) é um ídolo para mim. Tenho muito respeito por ele. Sinto que sou um cara de sorte, tenho boas pessoas trabalhando comigo. Isso me dá essa tal segurança, saber que você trabalha numa firma onde todos têm uma personalidade parecida e você pode ficar tranqüilo para fazer seu trabalho. É muito legal estar na Hang Loose, é uma marca que tem minha personalidade: alegre, descontraída e dinâmica.

 

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