Estou prestes a embarcar para a minha décima temporada em Puerto Escondido, México, e estou em busca de um patrocinador para me ajudar a custear a viagem. A cada ano que volto pra lá, vejo claramente minha evolução naquela onda que é considerada o beach break mais pesado do mundo.
Desde a primeira vez que fui para o México, já sabia que aquele seria um lugar que frequentaria por toda minha vida. Muitos tubos, água quente, comida boa e ótimos amigos que fiz ao longo dessas 10 temporadas são os ingredientes que me deixam inquieto para que chegue logo a hora de pisar em Puerto. Venho custeando minha busca pelos melhores tubos do mundo graças ao jiu-jitsu, outro esporte que amo e que me abriu algumas portas, portas essas que, infelizmente, o surfe não abriu.
Tento sempre conciliar minhas viagens de surfe com o jiu-jitsu, dando seminários e montando camps onde busco fazer essa união entre os dois esportes. Acho o jiu-jitsu uma ótima forma de se preparar para o surfe, tanto mentalmente como fisicamente. Na luta você se encontra a todo momento em situação de risco, tem que estar atento a tudo que acontece e calmo para sair das situações difíceis.
No surfe não é diferente, principalmente em condições extremas como as encontradas em Puerto Escondido. Para se sair bem nessas condições é fundamental que você esteja atento a tudo que acontece ao seu redor, a movimentação do mar, seu posicionamento diante do crowd e, mais importante ainda, ter a calma necessária para se safar do perrengue, tanto na hora de tomar aquela série grande na cabeça, quanto para ter a concentração e foco quando o corpo todo começa a tremer na hora de remar na bomba.
Fisicamente nunca fiz uma atividade que exija tanto do seu gás quanto o jiu-jitsu. Já vi atletas profissionais de outros esportes saírem quase vomitando em um treino de apenas cinco minutos. Alem do gás, o jiu-jitsu me ajuda muito na questão força, por eu ser muito magro e o surfe ser um esporte que nos deixa super alongado, mas com pouca força. As articulações às vezes não aguentam a “porrada” que as ondas te dão, sendo assim fico muito suscetível a lesões. Já o jiu-jitsu nos deixa mais travado, porém, te dá muita força. Essa é a razão pela qual eu acho que um esporte complementa o outro, nos fazendo alcançar a um bom equilíbrio entre foça e alongamento.
Apesar de estar conseguindo manter minhas viagens, gostaria muito de “vestir a camisa” de uma marca que investisse em mim e me deixasse mais tranquilo para dedicar ao meu treinamento e minha evolução, que com certeza será ainda maior sem que eu tenha que dividir o foco entre a minha performance e a preocupação de arrumar lugares para dar aulas e fazer dinheiro para pagar minhas contas. É claro que eu amo dar aulas e dividir meus conhecimentos, porém, uma coisa é fazer por prazer e outra é ter a obrigação de fazer para poder estar em um lugar.
Agradeço muito aos meus apoiadores, o shaper Kronig e a Superglass, que fazem minhas pranchas com todo carinho, e à Local Ipanema, que, apesar da situação complicada em que se encontra, vem me ajudando no que pode.
Para saber um pouco mais sobre o meu trabalho, pode acompanhar pela minha página no Instagram @surfergabrielsodre e pelo canal bstgabrielsodre no Youtube.
Foto de capa: Luciano Sombrio