Angela

Desistir jamais

Angela Bauer

Angela Bauer pede união entre as longboarders. Foto: Arquivo Pessoal.

No último final de semana eu estava no Rio de Janeiro e fui checar a última etapa do Circuito Debora Farah de Surf Feminino no Arpoador.

 

Chegando lá fiquei super feliz, o evento estava lindo! O sol apareceu e tinha umas ondinhas, pequenas mas divertidas.


Os organizadores Laila Werneck e Pedro Falcão fazendo de tudo para agradar a todos. Parabéns pro Pedro que acredita no longboard feminino e através de sua loja está apoiando a atleta Shayana Avelino, valeu Pedro!


Sem falar nas atletas que faziam dois anos que eu não encontrava. Muita evolução e beleza. Vi também atletas novas que eu nunca tinha visto.

 

Me deu a maior vontade de competir, e como Deus me ama, aconteceu que uma das atletas do Paraná não apareceu e nos últimos cinco minutos eu entrei no lugar dela.

 

Fiquei amarradona de poder surfar no Arpoador com apenas 3 meninas. Na minha bateria estavam a carioca Chloe Calmon de apenas 12 anos, a baiana Aline Chaves e a paranaense Sabrina Olas.

 

No começo da bateria, Chloe Calmon liderou, já havia surfado três ondas e nós nada. Eu tava rindo, brincando com as outras atletas que tudo pode acontecer, até perder pra iniciante de 12 anos, mas a série veio e todas pegaram ondas.

 

Eu saí do pico principal e fiquei sozinha mais à esquerda, na real não gosto dessa parte de ter que disputar as ondas durante a competição, mas sei que é uma das mais importantes para conseguir uma vitória, senão  ficamos na dependência da sorte, de a onda quebrar onde você se posiciona para esperar.

 

A sorte veio e eu peguei boas marolinhas, podendo mostrar algumas manobras e passando em primeiro lugar. A Aline, que vem mostrando resultados com um surf radical e agressivo acabou cometendo uma interferência na Sabrina Olas, mas mesmo assim passou a bateria em segundo.

 

Aline era atleta profissional de pranchinha e assim como a Karina Abras passou a competir no pranchão. Ela promete evoluir e disse que vai dedicar seus treinos às manobras clássicas do pranchão.


Já na semifinal eu me arrasei. Como disseram que a bateria seria às quatro da tarde e a minha havia sido na hora do almoço, aceitei o convite da atleta Luiza Tavares para comer numa lanchonete natural a 5 quadras dali.

 

Aceitei e fomos andando felizes da vida, pois não nos víamos há uns 4 meses. Depois do almoço o telefone toca e a Thiara apavorada avisa que a bateria da Luiza estava entrando na água porque o cronograma havia mudado.

 

Pegamos até um táxi para ir mais rápido, mas a Luiza entrou na água com 12 minutos de bateria e a minha era a próxima. Eu não conseguia nem remar direito, tava de barriga cheia e me senti um peixe boi em cima da prancha.

 

Passei em quarto lugar, a Shayana em terceiro, a Aline em segundo e a Mainá, campeã do circuito em primeiro.

 

Realmente demos muito mole e não fomos nada profissionais, estamos cansadas de saber que o cronograma está sempre mudando, a gente tinha que ficar na praia mesmo!

 

Mas tudo bem, no final a gente se divertiu bastante do mesmo jeito. O importante em competir é nao perder o bom humor. Tudo é sempre um aprendizado. Nunca mais sairemos da praia em dia de campeonato!


Fico muito orgulhosa da Mainá. Me lembro como se fosse hoje o dia que pedi pra mãe dela deixar ela viajar para competir, ela tinha 16 anos e prometia ser uma campeã. Dei a maior força!

 

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Mainá Thompson representará o Brasil no mundial de 2008 na França. Foto: Arquivo Pessoal.

Graças a Deus ela foi em frente com muita garra e perseverança e está mostrando resultados. No próximo ano representará o Brasil no campeonatono Roxy Jam, o mundial da categoria na França, e assim aos poucos vamos chegando lá! 


A atleta Isadora Costa, a baby do long, que evoluiu muito e caminha com muita feminilidade pela prancha, provou para todas nós que treinar com uma profissional traz resultados eficientes. Isadora tem feito uns treinos na escola da Karina Abras e promete dar mais trabalho para as mais experientes.


A final rolou na praia do Diabo com ondas minúsculas e como disse a campeã Karina Abras, “é uma loteria, quem achar as melhores ondas leva”.

 

No pódio, atletas de todo Brasil, em quarto a Thiara Mandelli do Paraná que mandou muito bem e competiu grávida de 3 meses, em terceiro Aline Chaves da Bahia, em segundo a Karina Abras nascida em São Paulo e residente em Santa Catarina, e em primeiro Mainá Thompson do Rio e Janeiro. Irado!


Gostaria de parabenizar a todas as atletas por saírem de seus estados carregando aquele caixão do longboard, fora os assessórios, etc. Gastando mais que o dinheiro da premiação de primeiro lugar.


Peço um pouco mais de paciência para a galera que está reclamando, que fica muito caro participar de todo o circuito.

 

Têm toda razão. A premiação não cobre nem a metade das despesas e nem todas têm patrocínios, enfim aquela luta pelo amor ao esporte.


Com certeza no ano que vem as premiações aumentarão, acho que os organizadores do evento já tomaram consciência disto. Estão vendo o crescimento da categoria e a evolucão nas manobras.


Acontece que não existe tempo hábil nos eventos existentes para acrescentarem mais uma categoria de longboard, que no caso seria a amadora.


Quero muito realizar um festival de longboard feminino dividido por idades. Já participei de vários assim no Hawaii e acho muito legal a reunião de gerações de mulheres surfistas.


Fiquei triste ao ouvir atletas de longboard com irmãs menores, técnicas de surf e donas de escola de surf  dizendo que não as incentivam a surfarem de long, porque a premiação é muito baixa e não vale a pena.

 

Poxa, não desanimem, vamos correr atrás! Afinal, a união faz a força! Nossa categoria que é baseada no amor pelo esporte tem um grande futuro.

 

Vamos nos unir e começar a montar associações de longboard feminino nos estados, organizar pequenos surf treinos, agitar a mídia local, procurar apoiadores locais, escrever para sites, revistas, enfim, divulgar ao máximo o longboard feminino que é mais que apenas surfar, é um estilo de vida saudável que traz muitos momentos felizes, aprendizados pessoais e novas amizades.


Em Novembro acontecem vários campeonatos de longboard no Rio de Janeiro. A galera de todo o país está convidada, sabem que aqui a gente sempre dá um jeitinho de hospedar as atletas de fora. Somos unidas e a diversão é sempre garantida.


Boas ondas para todos!

 

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