A primeira etapa do circuito brasileiro de longboard mal terminou e já estavamos todos no aeroporto, prontos para embarcar para o México, onde iríamos disputar a última etapa do circuito mundial, o seleto Oxbow Longboard World Championship.
Após escala na Cidade do México, chegamos a Los Cabos, Baja California, no início da tarde do dia 20 de agosto. As ondas, apesar de pequenas, tinham boa formação e a temperatura, tanto da água quanto do ambiente, era muito quente.
A costa de Los Cabos, segundo os locais, tem vários point breaks próximos um do outro, mas o escolhido foi La Rocca, que tem um fundo irregular com algumas cabeças de pedras para fora da água que quebrava a linha da onda, formando alguns degraus.
Ao lado de La Roca tem uma onda bem melhor chamada Zippers, onde o fundo é show e a onda quebra próxima da areia. É uma direita expressa, mas os locais não gostam muito de longboarders. Eu e Kid tivemos problemas neste pico.
No dia 23, a Oxbow ofereceu um verdadeiro banquete com música mexicana ao vivo para os competidores num resort de frente para o mar, iniciando assim o período de espera pelas melhores ondas.
Dois dias depois as ondas chegaram e o campeonato começou com boas direitas de até 1.5 metros.
Os brasileiros arrebentaram no primeiro round. Danilo, Mica, Olimpinho, Picuruta, Amaro, Phil e eu passamos em primeiro e fomos direto para o terceiro round. Apenas Kid, Saldanha e Bagé disputaram o segundo round.
Danilo surfava umas 6 a 8 horas por dia e estava em sintonia com as ondas, mas encontrou pela frente um Amaro muito concentrado e determinado.
Danilo dominou a bateria inteira, mas não usou bem a prioridade. O experiente Amaro aproveitou os vacilos e se deu bem.
Olimpinho vinha motivado com a vitória no brasileiro, mas nas oitavas pegou o concorrente direto ao título e até então líder do circuito, o havaiano Bonga Perkins. Apesar de surfar bem, não deu para o negão.
Outro favorito ao título da etapa, Picuruta Salazar caiu com Phil que estava num dia inspirado, achou boas ondas e se deu bem em cima do Gato, uma grande perda para o time brasileiro.
Paulo Kid, um dos que teve que correr a repescagem, recuperou-se bem vencendo o havaiano Duane de Soto numa bateria muito disputada. Duane mostrou ser um mau perdedor, já que tomou um porre daqueles após a derrota para o Kid.
Depois de um ótimo primeiro round não achei boas ondas e acabei perdendo quase em combinação para o sul-africano Mathew Moir, carrasco de Kid na fase seguinte. Mathew estava iluminado. Eu pegava uma onda boa, que parecia ser a maior da série, e quando voltava para o fundo ele vinha surfando uma onda melhor ainda, uma daquelas que não vinha havia umas três baterias.
Sem dúvida nenhuma a grande sensação do evento foi o Mica, que cativou a todos com sua simpatia. Ele estava surfando com o coracão e vibrava muito a cada bateria que vencia.
Os cariocas Saldanha e Bagé, apesar do bom surf apresentado, não tiveram sorte na escolha das ondas.
Todos os brasileiros foram guerreiros e patriotas, mas vale lembrar que o julgamento continua favorecendo o surf dos gringos, não por critério, mas por preferência por caras como Colin, Bonga, Beau e Duane. O que acontece é que sempre há uma valorização nas notas deles e uma desvalorização nas nossas.
O circuito do ano que vem será melhor para os brasileiros, pois estamos mais preparados para o jogo. Só esperamos poder contar com uma etapa no Brasil para colocar mais brasileiros no Oxbow World Longboard Championship 2003.
Força Brasil.
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