Conta um pouco como foi esse dia histórico em Jaws, onde surfou uma das maiores ondas já registradas na remada por lá.
Estava um dia clássico de inverno havaiano: sol, água clara e o mar gigante. A ondulação foi aumentando durante a manhã e uma galera decidiu entrar mais cedo, mas eu optei por entrar uma hora antes do auge do swell, que foi às 14 horas. Entrei tranquilo, sem pressa, e no momento em que eu estava remando para o pico eu vi muitas vacas bizarras. Tentei esquecer aquilo e focar no meu objetivo, também procurei ficar mais lá fora e esperar a onda certa.
Que tamanho de prancha você usou naquele dia em Jaws?
Estava com uma 10’6 quadriquilha feita por Kazuma, um shaper de Maui que, na minha opinião, faz as melhores gunzeiras para surfar Jaws.
E o que aconteceu depois daquela onda gigante quebrar atrás de você?
Por incrível que pareça, eu não fiquei muito tempo embaixo d’água. O caldo que eu tomei foi mais de porradaria, mas assim que eu cheguei à superficie eu tomei três ondas na cabeça, sendo que uma delas era uma muralha quebrando na minha frente, essa sim eu fiquei um tempo embaixo d’água. Depois disso eu fui resgatado pelo jet-ski e ele me jogou no canal.
E tua família, o que diz sobre estas tuas “loucuras” nesses mares mais cabulosos?
Não tem como deixar uma família tranquila com a profissão que eu escolhi. Apesar do perigo, eles estão sempre ao meu lado me apoiando e rezando para que tudo de certo na minha carreira.
E como está sendo ver o Shane Dorian, a WSL e todo mundo te dando moral por teus feitos?
Estou muito feliz de ter surfado uma das maiores ondas na remada, mas o que me deixou mais feliz ainda foi ver os meus ídolos me elogiando. É muito bom receber elogios de uma pessoa que você admira.
E quem te patrocina? Eles devem estar bem satisfeitos, né?!
Furnas, Jonny Size e Jamf. Assim que eu sai da água eu já mandei a foto para todos eles e a galera ficou super feliz por mim.
Como é teu treinamento para aguentar estas bombas todas?
No Brasil eu faço um treino de natação específico para o surf de ondas grandes (AcquaMundy), também faço yoga e treino jiu jitsu. Quando estou fora do Brasil eu procuro nadar, treino apneia e faço alongamento.
Voltando um pouco na sua história, vem à tona a influência do Felipe “Gordo” Cesarano, que te impulsionou com aquela promoção de maior onda surfada por um guri de até 15 anos, anos atrás. Como é a relação de vocês e o que ele representa pra ti?
Considero muito o Gordo, tenho um sentimento especial por ele e ele sabe disso. Conto com ele e ele sabe que pode contar comigo. No Rio de Janeiro nós estamos sempre juntos, surfando, nadando e treinando jiu-jitsu quase todos os dias.
Obrigado pela disponibilidade e parabéns pela coragem! Para finalizar, deixe um recado para a nova geração que sonha em seguir seus passos.
Muito obrigado! Para a galera que sonha em pegar umas ondas grandes, eu aconselho foco e determinação naquilo que você ama, seja em qualquer esporte, se você fizer com prazer, você vai longe.