Passeio tubular

Duda circula na Paúba

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Depois de morar 12 anos no Hawaii estou de volta ao Brasil. Foram tempos de muita adrenalina, conquistas pessoais, crescimento interior e exterior. Marcas que ficarão para sempre gravadas na minha personalidade e já refletem no jeito que eu vivo e enxergo o mundo.

Trabalhei muito no arquipélago havaiano – de tudo o que apareceu. Surfei bastante, aprendi a me colocar no meu lugar no meio do olímpo do esporte, conheci lendas e fiquei amigo de meus ídolos.

Mas o ditado “o bom filho a casa torna” nunca foi tão apropriado. Contarei em breve a história do por que da minha volta mais para frente. No momento falarei apenas o quanto é bom rever suas raízes!

Reencontrar família, amigos e surfar com os amigos, como diz o anúncio do cartão de crédito, não tem preço. Paúba, São Sebastião (SP), sempre foi e será a menina dos meus olhos. Tenho uma relação muito especial com aquele lugar que fui pela primeira vez em 1988!

É quase como se fosse um parente, um amigo, um ser vivo para mim! Aguardava há anos o dia em que viria de novo aquela praia com natureza da Mata Atlântica que me lembra o interior de São Paulo, sem prédios, casas bem rústicas. Tudo muito simples, mas sem perder o fundamental.

Mesmo sabendo que estaria pequeno, senti a mesma adrenalina de quando ia surfar Pipeline nas primeiras vezes. A mesma ansiedade que ainda sinto quando bato na porta de um amigo que não sabe que cheguei, aquela sensação de surpresa.

Quando começamos a subir a serra de Maresias meu coração e estômago já começaram a funcionar diferente. Cheguei à praia e foi um alívio. Me senti voltando de um namoro interrompido!

O mar estava pequeno, mas foi melhor assim. Vamos recomeçar nosso relacionamento devagar, porque sei o quanto Paúbinha é temperamental! Camaradas e amigos já estavam ali, como sempre, pessoas que fazem parte do cenário das ondas mais cavadas de São Paulo e uma das mais cascas do Brasil.

Logo que cheguei já vi uma série. Pequena, mas quem liga para detalhes quando se reencontra um grande amor? Peguei minha prancha e corri para o mar, cheio de ansiedade, e logo de cara ela demonstrou todo o ciúme de uma namorada que se sente traída, me jogando de cara na areia.

Depois de algumas ondas peguei a caixa-estanque e tratei de retratar e eternizar esse encontro. Essa volta ao relacionamento com minha amada onda predileta.

 

Tenho certeza que você também tem a sua onda preferida. Por mais que as pessoas viajem, há sempre uma onda assim. Aquela que você não vê a hora de quebrar. Isso só acontece no surf, um esporte que nos aproxima tanto da criação que fiz esse texto – quase uma carta de amor – para uma praia.