Passeio tubular

Duda circula na Paúba

Carlos Cintra, Paúba, São Sebastião (SP)

Depois de morar 12 anos no Hawaii estou de volta ao Brasil. Foram tempos de muita adrenalina, conquistas pessoais, crescimento interior e exterior. Marcas que ficarão para sempre gravadas na minha personalidade e já refletem no jeito que eu vivo e enxergo o mundo.

Trabalhei muito no arquipélago havaiano – de tudo o que apareceu. Surfei bastante, aprendi a me colocar no meu lugar no meio do olímpo do esporte, conheci lendas e fiquei amigo de meus ídolos.

Mas o ditado “o bom filho a casa torna” nunca foi tão apropriado. Contarei em breve a história do por que da minha volta mais para frente. No momento falarei apenas o quanto é bom rever suas raízes!

Reencontrar família, amigos e surfar com os amigos, como diz o anúncio do cartão de crédito, não tem preço. Paúba, São Sebastião (SP), sempre foi e será a menina dos meus olhos. Tenho uma relação muito especial com aquele lugar que fui pela primeira vez em 1988!

É quase como se fosse um parente, um amigo, um ser vivo para mim! Aguardava há anos o dia em que viria de novo aquela praia com natureza da Mata Atlântica que me lembra o interior de São Paulo, sem prédios, casas bem rústicas. Tudo muito simples, mas sem perder o fundamental.

Mesmo sabendo que estaria pequeno, senti a mesma adrenalina de quando ia surfar Pipeline nas primeiras vezes. A mesma ansiedade que ainda sinto quando bato na porta de um amigo que não sabe que cheguei, aquela sensação de surpresa.

Quando começamos a subir a serra de Maresias meu coração e estômago já começaram a funcionar diferente. Cheguei à praia e foi um alívio. Me senti voltando de um namoro interrompido!

O mar estava pequeno, mas foi melhor assim. Vamos recomeçar nosso relacionamento devagar, porque sei o quanto Paúbinha é temperamental! Camaradas e amigos já estavam ali, como sempre, pessoas que fazem parte do cenário das ondas mais cavadas de São Paulo e uma das mais cascas do Brasil.

Logo que cheguei já vi uma série. Pequena, mas quem liga para detalhes quando se reencontra um grande amor? Peguei minha prancha e corri para o mar, cheio de ansiedade, e logo de cara ela demonstrou todo o ciúme de uma namorada que se sente traída, me jogando de cara na areia.

Depois de algumas ondas peguei a caixa-estanque e tratei de retratar e eternizar esse encontro. Essa volta ao relacionamento com minha amada onda predileta.

 

Tenho certeza que você também tem a sua onda preferida. Por mais que as pessoas viajem, há sempre uma onda assim. Aquela que você não vê a hora de quebrar. Isso só acontece no surf, um esporte que nos aproxima tanto da criação que fiz esse texto – quase uma carta de amor – para uma praia.

Exit mobile version