Dupla nordestina desafia Teahupoo

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Marcelo Nunes fez uma bateria equilibrada contra Daniel Wills mas conseguiu ligeira vantagem para avançar às oitavas-de-final do Billabong Proi. Foto: ASP World Tour / Tostee.
Como previsto, as ondas subiram ainda mais na segunda-feira e a chuva voltou com fortes ventos para completar um cenário tenebroso no penúltimo dia do Billabong Pro Tahiti 2005.

 

A onda mais temida do mundo apresentou tubos de mais de 2 metros durante toda a segunda-feira e quatro atletas repetiram a nota 10 do catarinense Neco Padaratz.

 

O pernambucano Paulo Moura tirou a dele para vencer o penúltimo confronto do dia com a terceira maior pontuação de todo o evento, somando incríveis 19,40 pontos em 20 possíveis.

 

Mas, o australiano Tom Whitaker abriu a última bateria também com uma nota máxima e acabou derrotando Neco Padaratz, que ainda mostrou muita coragem para tentar reverter o placar.

 

Além de Paulo Moura, apenas o potiguar Marcelo Nunes avançou para as oitavas-de-final que abrem o último dia do maior desafio do ASP Foster?s World Championship Tour.

 

A esperança é a de que a chuva dê uma trégua nesta terça-feira, pois o aguaceiro e os fortes ventos impediram uma melhor transmissão das disputas adrenalizantes nos tubos fantásticos que se formam na rasa bancada de corais de Teahupoo no meio do oceano.

 

Devido às condições climáticas, não foi possível oferecer continuadamente a transmissão pela internet no site da Billabong.

 

Logo na primeira bateria do dia, o hexacampeão mundial Kelly Slater chegou perto da nota máxima num tubo fantástico. Três juízes deram nota 10, mas outros dois deram nota 9,5, chegando à média de 9,83.

 

Slater não encontrou dificuldades para derrotar o também norte-americano Tim Curran e enfrenta o havaiano Bruce Irons na abertura das oitavas-de-final, às 8 horas desta terça-feira no Taiti, 15 horas em Brasília.

 

Bruce Irons, irmão mais jovem do tricampeão mundial Andy Irons, superou o californiano Chris Ward por décimos de diferença: 16,43 e 16,23 pontos.

 

Os tubos continuavam insanos e, na terceira bateria, o norte-americano Cory Lopez arrancou a primeira nota 10 unânime da segunda-feira. Seu adversário, Taylor Knox, também pegou um tubaço nota 9,83 que mereceu 10 de dois juízes, mas não conseguiu superar o então recordista do Billabong Pro Tahiti 2005, com seus 19,63 pontos registrados domingo na repescagem.

 

Duas baterias depois, o Brasil estreou na terceira fase num momento não muito bom do mar, com várias ondas fechando rapidamente. O cabo-friense Victor Ribas falhou em suas duas primeiras tentativas, depois ganhou nota 6,5 num tubo normal e liderou a bateria até o último minuto, quando cometeu um erro fatal.

 

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Kalani Robb deu um show em Teahupoo e alcançou a melhor somatória da etapa: 19.77. Foto: ASP World Tour / Karen.
Ele tinha a prioridade de escolha e poderia segurar o resultado até o fim, mas remou numa onda e não entrou, deixando o caminho livre para o australiano Taj Burrow tirar 6,67 pontos para vencer a bateria por 12,07 x 11,87 pontos.

 

Na bateria seguinte, o potiguar Marcelo Nunes despachou Daniel Wills na disputa seguinte por 10,83 x 10,73 pontos. O australiano só pegou quatro ondas e tirou nota 7,83 no único tubo que conseguiu pegar.

 

Já o brasileiro fez seis tentativas e com notas 6,83 e 4,00 garantiu a primeira classificação verde-amarela para as oitavas-de-final do Billabong Pro Tahiti.

 

Depois de vingar a derrota do paulista Renan Rocha para Daniel Wills na repescagem, agora o natalense tenta derrubar o algoz de Vitinho, o campeão do último Nova Schin Festival WCT Brasil, Taj Burrow, na terceira oitava-de-final.

 

Se repetir o feito, pode até ter que encarar o tricampeão mundial Andy Irons nas quartas-de-final, caso o havaiano também supere o australiano Dean Morrison em sua primeira apresentação nessa terça-feira decisiva no Tahiti.

 

Irons também quase consegue uma nota máxima na terceira fase, mas apenas dois dos cinco juízes acharam que o tubo monstruoso que ele pegou valia isso e o havaiano repetiu a nota 9,83 recebida por Slater e Knox nas duas primeiras baterias do dia. Mesmo assim, o tricampeão registrou a maior pontuação do dia até então: 19 pontos.

 

Na disputa seguinte, o australiano Joel Parkinson aumentou esta marca para 19,27 pontos, mas a melhor apresentação de todo o Billabong Pro Tahiti 2005 foi a do havaiano Kalani Robb contra o veterano Mark Occhilupo.

 

Com seu pequeno tamanho, deu um show nos tubos de Teahupoo, arrancou o segundo 10 unânime da segunda-feira e fechou o placar da 12a bateria com fantásticos 19,77 em 20 possíveis.

 

Além de Kalani Robb, o pernambucano Paulo Moura também superou as pontuações dos atuais campeão e vice-campeão mundial no penúltimo confronto do dia.

 

O brasileiro abriu a bateria contra o vice-líder do WCT 2005 com um tubaço nota 9,40 e em sua terceira onda se tornou o terceiro brasileiro a receber uma nota 10 na onda mais temida do mundo.

 

O primeiro foi o paraibano Fábio Gouveia em 2000 e o segundo foi Neco Padaratz no último domingo. Só um juiz achou que não valia a nota máxima, mas como é descartada a maior e a menor nota e o resultado sai da média das três intermediárias, o 10 foi computado para o brasileiro que mais treina em Teahupoo, sempre chegando bem antes no Tahiti.

 

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Andy Irons chegou perto mas não levou um 10 no terceiro round. Foto: ASP World Tour / Tostee.
O australiano Mick Fanning ainda pegou um tubão e recebeu 9,73 pontos, mas Paulo Moura fecha a bateria jogando fora uma nota 9,23 em outro tubo fantástico. Seus 19,40 pontos que já tinha garantido aparecem agora como a terceira maior pontuação da lista de recordes do Billabong Pro Tahiti 2005, atrás apenas dos 19,77 pontos de Kalani Robb e dos 19,63 pontos de Cory Lopez.

 

Em seguida, foi a vez de Neco Padaratz, dono da primeira nota 10 em Teahupoo neste ano, voltar a se apresentar, mas o australiano Tom Whitaker some dentro de um tubo cavernoso logo no início da bateria e abre a disputa pela última vaga nas oitavas-de-final com outra nota 10.

 

Já Neco Padaratz falha em sua primeira tentativa e passa um primeiro sufoco, com dois jet-skis tendo dificuldades para resgatá-lo nas pedras. Em sua segunda onda a cena se repete, entretanto o catarinense mostrou estar totalmente recuperado do trauma e volta para outside.

 

Enquanto o australiano aguarda pacientemente, Neco corre atrás do resultado e em dois tubos seguidos passa a frente somando notas 5,67 e 7,0 contra a nota 10 de Whitaker.

 

O tempo vai passando e, 10 minutos depois, o australiano arrisca e não consegue nem os 2,67 pontos que precisava para recuperar a ponta.

 

Neco pega mais dois tubos melhores do que os outros, tira notas 7,67 e 7,13 e aumenta a vantagem, mas quando faltavam apenas 3 minutos Whitaker acha outro ótimo tubo, se entoca lá dentro, sai ileso e arranca nota 8,93 para confirmar a vitória.

 

O incansável Neco ainda pega seu melhor tubo, nota 8,10, porém não altera o placar, que termina em 18,93 x 15,77 pontos.

 

Além de Neco e Victor Ribas, o carioca Raoni Monteiro e o paranaense Peterson Rosa, também acabaram eliminados na terceira fase e ficaram na 17a. colocação do Billabong Pro Tahiti, com cada um recebendo US$ 4.5 mil de prêmio e 410 pontos no ranking mundial do WCT 2005.

 

E com estes resultados, o confronto direto entre Brasil e Austrália na segunda-feira foi encerrado em 4 x 2 para eles.

 

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Cory Lopez despenca para derrotar Taylor Knox. Foto: ASP World Tour / Karen.
Assim como Neco, Raoni Monteiro também não começou bem sua bateria, falhando em suas três primeiras tentativas. O atual número 1 do ranking, Trent Munro, escolheu melhor as ondas e uma nota 8,83 em sua quinta apresentação foi suficiente para garantir uma tranqüila vitória por 15,10 x 11,00 pontos.

 

Peterson Rosa também falhou em sua primeira onda logo no início da bateria e depois só conseguiu pegar a segunda quando já restavam apenas 3 minutos para o término da disputa. Foi um tubão casca-grossa que valeu nota 9, porém faltou outra onda para poder superar o vice-campeão da etapa do ano passado, Nathan Hedge, que tirou notas 7,17, 8,00 e 7,60 em suas três apresentações na disputa com menor número de ondas surfadas do dia.

 

Apesar de apenas Paulo Moura e Marcelo Nunes continuarem na competição, os brasileiros fizeram bonito nas ondas de Teahupoo, com todos mostrando muita atitude para enfrentar a onda mais perigosa do circuito mundial.

 

Um dos momentos mais emocionantes foi a nota 10 de Neco Padaratz no domingo, que serviu como uma verdadeira redenção para espantar todos os traumas e fantasmas do lugar onde ele quase morreu afogado no ano 2000.

 

?Isso foi apenas uma realização interior. Uma coisa que era um pesadelo e se transformou num sonho!?, disse Neco Padaratz, ainda dentro d?água em entrevista ao canal Sportv.

 

?Esse é o lugar onde eu nasci de novo. Já chorei muito aqui e estou amarradão por mostrar para as pessoas que duvidavam do que eu podia fazer num dia de ondas difíceis e perigosas como essas. Eu amo o Brasil e sempre vou defender meu país com muita raça!?, declarou emocionado o catarinense. 

 

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Por pouco o barco da equipe de filmagem não foi atingida pelas ondas de Teahupoo. Foto: ASP World Tour / Tostee.
Resultado da terceira fase

 

1 Kelly Slater (EUA) 15.66 x Tim Curran (EUA) 3.07
2 Bruce Irons (Haw) 16.43 x Chris Ward (EUA) 16.23  
3 Cory Lopez  (EUA) 17.83 x Taylor Knox (EUA) 15.00
4 CJ Hobgood (EUA) 13.17 x Lee Winkler (Aus) 12.44
5 Taj Burrow (Aus) 12.07 x Victor Ribas (Bra) 11.87
6 Marcelo Nunes (Bra) 10.83 x Daniel Wills (Aus) 10.73
7 Dean Morrison (Aus) 16.33 x Michael Lowe (Aus) 14.04
8 Andy Irons (Haw) 19.00 x Hira Teriinatoofa (Tah) 17.37
9 Joel Parkinson (Aus) 19.27 x Shea Lopez (EUA) 4.17
10 Fredrick Patacchia (Haw) 16.97 x Darren O’Rafferty (Aus) 12.50
11 Damien Hobgood (EUA) 18.10 x Travis Logie (Afr) 14.56
12 Kalani Robb (Haw) 19.77 x Mark Occhilupo (Aus) 14.60  
13 Trent Munro (Aus) 15.10 x Raoni Monteiro (Bra) 11.00
14 Nathan Hedge (Aus) 15.60 x Peterson Rosa (Bra) 10.83
15 Paulo Moura (Bra) 19.40 x Mick Fanning  (Aus) 17.06
16 Tom Whitaker (Aus) 18.93 x Neco Padaratz (Bra) 15.77

 

Oitavas-de-final

 

1 Kelly Slater (EUA) x Bruce Irons (Haw)
2 Corey Lopez (EUA) x CJ Hobgood (EUA)
3 Taj Burrow (Aus) x Marcelo Nunes (Bra)
4 Dean Morrison (Aus) x Andy Irons (Haw)
5 Joel Parkinson (Aus) x Fredrick Patacchia (Haw)
6 Damien Hobgood (EUA) x Kalani Robb (Haw)
7 Trent Munro (Aus) x Nathan Hedge (Aus)
8 Paulo Moura (Bra) x Tom Whitaker (Aus)

 

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