O outside de Log Cabins comporta as maiores ondulações proporcionadas pelo El Niño. Foto: Ricardo Macario. |
A próxima temporada de inverno no Pacífico Norte deve ser temperada pelos efeitos do El Niño, fenômeno que provoca o aquecimento periódico das águas do Pacífico.
Os três fortes furacões consecutivos que passaram pela costa norte-americana na última semana, um bom swell no início de agosto, além do clima quente e seco, voltaram as atenções de big riders e especialistas para os estágios iniciais do fenômeno.
Na última sexta-feira (4/9), o Noaa (Agência de Oceanos e Atmosfera dos EUA) anunciou o retorno do El Niño.
Em sua última análise mensal, o órgão norte-
Surfistas de ondas grandes, como Erado Gueiros, aguardam ansiosos as bombas causadas pelo fenômeno. Foto: Steve Kornreich. |
Anomalias de temperatura superior a 0,5 graus Celsius estão sendo registradas pelo terceiro mês consecutivo no Pacífico equatorial e uma nova onda Kelvin (forçante do El Niño) já teria surgido.
A Noaa estabelece o surgimento das condições de El Niño quando por três meses seguidos há uma anomalia superior a 0,5 graus Celsius no leste e centro do Pacífico equatorial central.
Hans Rosendall, um dos responsáveis pelo serviço que oferece as condições climáticas no Hawaii, explica que o fenômeno ocorre freqüentemente e seus efeitos duram cerca de 18 meses.
“Fomos atingidos por fortes impactos desse fenômeno no começo dos anos 80 e 90, sendo que em 98 foi o mais forte, ocasionando fortes chuvas na Flórida e Califórnia. Estamos prestando atenção nesses fenômenos já no começo da temporada??.
Eu sou uma das testemunhas do poder do El Niño. Em 98, presenciei as maiores ondas da minha vida no famoso “Big Wednesday”, no dia 28 de janeiro, em que bombas chegaram aos 80 pés de face nos principais picos de ondas grandes.
Ken Bradshaw, Ross Clark Jones e outros experientes surfistas encararam o outside de Log Cabins, enquanto em Maui somente o experiente Laird Hamilton desbravou as mandíbulas de Jaws.
“Devemos ter um bom clima turístico no Hawaii, mas o El Nino também resulta em pouca chuva, o que deve desencadear falta de irrigacao às áreas verdes. O abastecimento de água também sofrerá as conseqüências. Mesmo com todas essas peculiaridades, ainda não temos certeza absoluta do El Nino nesse ano, mas a probabilidade é grande??.
O El Niño tende a se desenvolver entre os meses de abril e junho, atingindo seu pico entre dezembro e fevereiro. O aquecimento dura de nove a 12 meses, ocorrendo em ciclos que variam de dois a sete anos.
O fenômeno acontece quando a temperatura da superfície do mar no oeste tropical do Oceano Pacífico é mais quente do que o normal. Os ventos predominantes no sentido leste-oeste cessam, o que contribui para o aquecimento das águas na porção ocidental do oceano.