O ator e surfista português Manuel Sá Pessoa é um dos embaixadores do Capítulo Perfeito, evento que reúne alguns dos melhores tube riders do mundo na praia do Norte, Nazaré.
A janela de espera para a competição foi aberta no dia 23 de setembro e vai até 23 de novembro em Portugal. Os brasileiros Pedro Scooby e Bruno Santos foram escolhidos pelo público e participam da disputa.
Na entrevista abaixo, Manuel Sá Pessoa conta como é fazer parte do evento, dá o palpite de quem será o campeão e também fala o que é perfeição dentro e fora da água.
O que o levou a fazer parte de um evento como o Capítulo Perfeito?
Todos os anos tenho a esperança de ter a coragem de surfar aquelas ondas, com aquele tamanho, aqueles tubos, e que o Rui Costa [organizador] me convide para ser um dos surfistas votados pelo público (risos).
Infelizmente não tenho essa coragem, por isso associo-me da melhor forma possível, dando a cara por um evento único no mundo que é visto e partilhado por todos e que já é mencionado na imprensa internacional de surfe como um dos grandes eventos da atualidade.
Até onde você iria para surfar a onda perfeita?
Já atravessei parte da Índia com uma prancha para tentar chegar a uma onda, por isso acho que não tenho grandes limites. Interessa ter boa companhia, visto que no surfe um é solidão, dois é perfeito e três já é crowd. E é preciso ter sorte, porque no mar ninguém manda.
Nos descreva sessão mais perfeita da vida.
Aconteceu recentemente em Ericeira, onde tive a sorte de fazer uma das melhores ondas do dia. Além disso, a sessão perfeita também pode ser um dia de boas ondas com dois ou três amigos dentro da água.
Quem é o surfista perfeito na sua opinião?
O John John Florence está em um nível acima da maioria, não só em termos de competição, mas também de free surf. Mas para mim o Dane Reynolds continua a ser o melhor surfista, o que mais prazer me dá ver surfar. Tem um surfe potente, explosivo e super criativo, e quando juntam estes três ingredientes temos um surfista fora de série.
No mar a perfeição é o tubo. E fora de água, o que representaria para você completar o tubo da vida?
Ter saúde, trabalho e acabar o dia vendo o pôr-do-sol e bebendo um bom vinho.
Quem seria o vencedor perfeito deste evento?
Tenho sempre de escolher os portugueses, e em primeiro lugar os portugueses da minha praia, o Nicolau [von Rupp] e o António Silva. No ano passado quem ganhou foi um justo vencedor, o Aritz [Aranburu] estava muito à vontade naquelas ondas, mas este ano quero ver um português levantar o troféu.
Quais são as suas expectativas para o dia do evento, na Nazaré?
Uma das características deste evento é precisamente o espetáculo: um espetáculo onde aquilo que conta é o tubo, quem aguenta mais, quem faz o tubo mais profundo. Aquilo fica uma arena de gladiadores, surfistas contra a natureza.
Acabam todos puxando os limites uns dos outros, e é nesse sentido que é um evento único e especial. É isso que se quer ver: os surfistas fazerem grandes tubos naquelas condições épicas, mas também exigentes.