![]() Cesinha Oliveira totalmente à vontade em seu escritório no North Shore de Oahu. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com. |
Aos 36 anos, ele é dono de uma das pousadas mais freqüentadas pelos brasileiros de passagem pelo arquipélago.
Entre os hóspedes de costume estão nomes como Neco e Teco Padaratz, Guilherme Herdy, Bernardo Pigmeu, entre outros.
Bastante popular na comunidade local, onde vive há 18 anos, Cesinha adora ajudar os conterrâneos e sempre arruma um
![]() Cesinha, de prancha amarela, despenca em Waimea Bay. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com. |
Começou sua trajetória no North Shore como salva-vidas em Oahu, foi bartender no Turtle Bay Resort e atualmente possui duas lojas, uma no coração de Waikiki e outra em Haleiwa, além da pousada.
Todos os finais de semana sua casa em Velzyland enche de brasileiros para um churrasco ao som de pagode, com a rede Globo bombando na televisão.
Além de treinar jiu-jitsu, Cesinha é presença certa no outside quando entra o swell e as ondas quebram grandes.
Fale um pouco de você e sua trajetória de vida.
Sou brasileiro, casado, 36 anos, pai de um lindo casal de filhos, nascido no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo – por isso torço para o Botafogo. Mas fui criado em Aracajú, no Nordeste do Brasil, terra do Lampião, sou nordestino de coração. Comecei a surfar em Aracajú na praia de Atalaia, com cerca de 12 ou 13 anos, depois de ganhar uma prancha do meu pai e nunca mais parei. Há 15 anos trabalho com importação e lojas relacionadas com o surfwear e o beachwear, a Go Nuts, sob minha direção, e a Water Goddess, sob a direção da minha esposa Kátia. Temos também um esquema de estadia, espécie de pousada que bomba no inverno.
Quando e por que decidiu morar no Hawaii?
A primeira vez que vim para o Hawaii foi em 1986 com o meu amigo Hélio Burle, demos um rolê no North Shore de Oahu e no Kauai e sabia que não seria a primeira nem a última vez que viria para cá. Senti uma grande identificação com o lugar, lembrou muito o Nordeste do Brasil, até o estilo de vida. No final de 87 resolvi firmar base e vim morar no Hawaii. Na época eu morava no Rio de Janeiro, tinha acabado de prestar exame Vestibular e passado. Naquele tempo todos os meus amigos que vinham do Nordeste para a Califórnia e Hawaii passavam no RJ e ficavam comigo. Assim foi nascendo a vontade de conhecer o tão famoso paraíso, me agitei e aqui estou. O principal motivo era as ondas, claro, mas também o estilo de vida calmo, com segurança e tranqüilidade.
Como os brasileiros eram vistos no North Shore naquela época e como você fez para se estabelecer por aqui?
Era uma época com vibrações um pouco pesadas, pois não havia ainda muito entrosamento social entre os locais e os brasileiros, não havia ainda famílias de brasileiros morando e trabalhando na comunidade, no dia-a-dia aqui, eram apenas surfistas que vinham para cá, alguns com boas intenções, outros nem tanto. Isso acabou passando uma imagem distorcida do povo brasileiro. Ainda em 87, no segundo dia que estava aqui fui para uma festa e conheci Rochelle, uma garota californiana que deu a maior força. Ficamos juntos uns três anos e deu! Aí comecei a viajar bastante para o Brasil e para Bali, na Indonésia. Durante uma parada no Hawaii conheci Kátia, com quem me casei depois. E nas idas e vindas para o Brasil percebemos a oportunidade de fazer algum tipo de negocio entre o Brasil e Hawaii, e deu certo. Com relação ao localismo, funciona como em qualquer lugar do mundo: você mostra respeito e acaba ganhando respeito também.
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![]() Cesinha, a esposa Kátia e o casal de filhos. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com. |
É a mega Hollywood do surf. Hollywood tem cadeira cativa por aqui, “anybody or somebody” relacionada com o mundo do surf tem que conhecer o Hawaii. Além disso, o surf é um esporte que proporciona muita ascensão em todo o mundo, então o North Shore se tornou um lugar muito requisitado, principalmente no inverno, a temporada das ondas grandes. Se por um lado isso é ruim por aumentar o crowd, por outro é muito bom porque traz divisas e uma rica diversidade cultura para o lugar.
![]() Cesinha desliza nas paredes cristalinas de Rocky Point. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com. |
Diria que está um lugar bem mais civilizado e cada ano que passa um pouco mais caro. Se realmente estiver a fim de surfar venha fisicamente preparado para diversos tipos e tamanhos de onda e com um quiver entre 6’4 a 10′. Seja você mesmo e haja com educação, não suje as praias, seja cordial, respeite para ser respeitado e faça tudo aquilo que um bom brasileiro sabe fazer melhor que ninguém.
Há quanto tempo você tem a pousada em V-land e quem são as pessoas que geralmente ficam hospedadas aqui?
Temos essa casa há mais ou menos seis anos, moramos no segundo andar e temos cinco quartos em baixo que alugamos. São muitos hóspedes e fica até difícil falar, mas entre as principais estrelas do surf brasileiro estão Neco Padaratz, Teco Padaratz, Guilherme Herdy, Bernardo Pigmeu, Marcondes Rocha, Marco Pólo,Yuri Sodré, entre outros.
Quais são suas ondas favoritas no Hawaii?
Vejo todas com uma peculiaridade especial. Waimea é a minha favorita para ondas grandes e pesadas na remada. Backdoor é velocidade com tamanho e tubos com visuais de Kaena Point inacreditáveis. Para Sunset nem tenho palavras, é uma onda mágica com um pouco de tudo, Rock Point e V-land é diversão total, sonho no paraíso.
Como foi surfar Jaws no maior dia da temporada?
É uma experiência que só quem viveu é capaz de descrever. Fui puxado pelo Danilo Couto, peguei a primeira onda, mas não era grande coisa, porém boa para um começo. Na minha segunda onda, talvez por estar um pouco nervoso, caí ainda na corda, mas graças a Deus o Danilo e outro cara me resgataram em tempo para que nada de errado acontecesse. Minha prancha foi parar nas pedras. Vi alguns caras indo resgatar suas pranchas nas pedras. Porém, todos tinham pé-de-pato e eu estava sem, então fiquei olhando a prancha amarela lá nas árvores quase até mais ou menos às 3 horas da tarde. Foi quando falei para o Yuri Soledade que estava a fim de pegar a prancha de volta e graças a Deus deu tudo certo. Fica aqui o meu agradecimento a eles dois em especial e a todos que ajudaram para a realização desse momento.
Na sua opinião quem são os melhores surfistas brasileiros no Hawaii?
Acho que tivemos vários surfistas que já escreveram suas histórias em diferentes épocas aqui nas ilhas. Para citar alguns nomes, tivemos o Rico de Souza, um dos pioneiros no Hawaii nos anos 70, Antônio Martins com seus drops e vacas absurdas nos anos 80, depois tivemos muitos que vieram cheios de disposição, como André Rei, Jorge Pacelli, Eraldo Gueiros, Carlos Burle, Rodrigo Resende, etc. Atualmente gosto muito do Danilo Couto em diversos tipos de onda. No cenário profissional temos há alguns anos o Fábio Gouveia, um surfista muito completo, Renan Rocha um bom tube rider, Peterson Rosa com o seu lado competitivo e uma cabeça muito forte, Neco Padaratz com o seu lado competitivo também muito forte, entre outros. A molecada não precisa nem falar nada, eles não deixam nada a desejar, como Bruno Santos, Bernardo Pigmeu, Marcelo Trekinho, Marco Polo, Marcondes Rocha, um grande talento, Paulo Moura, um ótimo competidor e tube rider.
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