Coca-Cola Pro

Eric de Souza ataca Itaúna

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Eric de Souza deita e rola nas ondas de Saquarema. Foto: Aleko Stergiou.

Mais um dia de altas ondas marcou o Coca-Cola Pro 2010 em Itaúna, Saquarema (RJ), nesta quarta-feira (12/5). As séries quebraram com cerca de 2 metros nos melhores momentos  e as 16 primeiras baterias do segundo round foram realizadas.

 

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O grande destaque do dia foi o carioca Eric de Souza, que com muita confiança e atitude quebrou duas boas esquerdas da série, para arrancar a melhor nota (9.50) e a melhor somatória (17.17) do evento até o momento. 

 

Jadson André passa por dentro. Foto: Aleko Stergiou.

Com bom posicionamento e escolha perfeita de ondas, ele foi um dos poucos atletas do dia que conseguiu pontuar alto em duas ondas, com ataques verticais de backside, cavadas no limite e fortes rasgadas, para avançar junto com o australiano Nathan Hedge. Ambos elminaram o sul-africano Brandon Jackson e o cearense Michel Roque.

 

“Conheço bastante este lugar desde criança e conheço também a galera aqui. Estou amarradão de estar competindo em boas ondas. Acho que os campeonatos de suf têm que rolar mais assim em ondas de verdade como esta, porque assim você pode mostrar o teu surf”, diz Eric de souza.

 

“Aqui é um dos meus lugares favoritos no mundo, eu gosto muito. Além de altas ondas, tem sempre peixe fresco também (risos) e muita diversão”, complementa o carioca.

 

Quem também soube se posicionar e escolher bem as da série para destruir nas batidas e rasgadas foi o carioca Pedro Henrique, morador de Saquarema e ex-top da elite mundial do surf. Com manobras fortes e bem definidas ele somou 15.00 pontos e garantiu sua passagem ao terceiro round com o cearense Heitor Alves em segundo lugar. O australiano Blake Wilson e o paulista Ricardo Ferreira estão fora.

 

“Que bom que o mar está melhor ainda do que ontem. Está um ventinho, mas as ondas estão abrindo bem. Campeonato com onda boa é muito bom. Saquarema é um lugar difícil de competir. A onda é bonita, você muita onda legal de fora, mas dentro da água tem muito espaço, então acho que ser local e surfar mais vezes aqui traz uma certa vantagem no posicionamento, além de não ser uma onda fácil de surfar”, explica Pedro Henrique.

 

Heitor Alves luta para reconquistar sua vaga no ASP World Tour e busca um bom resultado neste evento. “Comecei o ano bem em Fortaleza e depois fui para Noronha, mas não tive um bom resultado. Depois fui para trestles com tudo e consegui arrancar um quinto lugar, que é muito importante em um campeonato prime. Agora vamos ver qual vai ser aqui em Saquarema. Altas ondas por aqui e agora espero que o mar de aquela alinhada para vermos mais show de surf”, fala Heitor Alves.

 

O potiguar Jadson André protagonizou uma virada emocionante no confronto inicial da rodada. Cabeça-de-chave número um do campeonato, ele vem de uma vitória histórica na etapa brasileira do ASP World Tour em Imbituba (SC) e de um nono lugar na etapa prime do WQS encerrada na última semana na Califórnia.

 

Com uma esquerda salvadora na contagem regressiva da bateria, Jadson consegui encaixar boas batidas, rasgadas e arrancar nota 7.17 para selar sua vitória e a passagem ao terceiro round.

 

“Vendo de fora tem altas ondas, mas pra você conseguir achar elas lá atrás está muito difícil. Comecei a bateria muito devagar. Errei muito no começo e aqui você não tem tempo de sair pegando uma onda atrás da outra e é difícil saber qual vai ser boa. A onda que eu pensei que seria ruim foi a boa e consegui passar a bateria”, explica Jadson André.

 

“Não quero pensar muito nos campeonatos anteriores, meu foco é sempre nas próximas competições. Foi alucinante ter vencido lá no Sul, porque foi o melhor resultado da minha vida, mas eu não posso ficar pensando naquela vitória. Este é uma campeonato totalmente diferente e tenho que continuar focado. Competir no Brasil é sempre muito bom”, complementa o potiguar.

 

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Pedro Henrique quebra no quintal de casa. Foto: Aleko Stergiou.

Ele agora irá enfrentar o recordista absoluto do campeonato, Eric de Souza, além do paulista David do Carmo e do australiano Jayke Sharp, na terceira fase da competição. Poucos estrangeiros conseguiram avançar nas difíceis condições do mar. Gabe Kling, o norte-americano que no último sábado venceu o WQS prime de 6.500 pontos em Trestles, foi um deles.

 

“Estou feliz por ter passado mais uma bateria, mas achei que o mar amanheceu bem melhor do que agora na minha bateria, com esse vento”, opina Gabe Kling, depois de vencer um confronto estrangeiro, contra o australiano Jayke Sharp, o sul-africano Brendon Gibbens e o uruguaio Marco Giorgi. “Mesmo assim, tem boas ondas para competir e bom que me classifiquei para aproveitar mais o fato de poder surfar essas ondas incríveis só com mais três caras dentro d´água”.

 

Gabe Kling é um dos poucos estrangeiros que avança. Foto: Aleko Stergiou.

Já o paranaense Peterson Rosa, que representou o Brasil durante muitos anos na elite mundial do surf, dominou praticamente o confronto todo, mas quem se deu bem além de Jadson foi o baiano Rudá Carvalho, que nos últimos instantes também encontrou uma boa esquerda e castigou com duas fortes rasgadas de backside, recompensadas com 5.77 pontos pelos juízes. Assim como Peterson, Marcelo Bispo também está fora.

 

“A virada foi muito emocionante. Eu tava meio apagado, sem conseguir achar boas ondas, mas veio aquela esquerdinha de baixo ali. Eu consegui dar duas rasgadas e depois não deu para passar a sessão, mas graças a Deus foi bem pontuada, diz Rudá Carvalho.

 

“O Jadson é um moleque aí que a gente compete desde criança e hoje em dia se tornou um ídolo, fiquei super feliz de porder enfrentar ele. O Peterson também é um cara que representou o Brasil durante 15 anos no WCT, surfa muito e eu dei sorte graças a Deus de achar aquela ondinha no final para virar”, finaliza o baiano.

 

Antes do início do segundo round, as quatro baterias restantes do primeiro foram realizadas e entre elas o destaque foi o ubatubense Saulo Júnior, que selou sua vitória no final da bateria com dois belos tubos na mesma esquerda e somou 14.77 pontos, para avançar junto com Thiago Guimarães (10.56) em segundo. Ele eliminaram Odirlei Coutinho e o mexicano Dylan Southworth. 

 

“No surf às vezes acontecem algumas coisas meio parecidas com o futebol, nunca tem nada resolvido até o final. Eu tava precisando de um score e não estava muito bem na bateria, pois tinha caído em alguma ondas. Vim um pouco para baixo, para fugir da pressão do Odirlei e graças a Deus veio aquela ond salvadora com os dois tubos. Animal! Estou muito feliz”, comemora Saulo Júnior.

 

“Tenho visto no Waves que vai ter altas ondas durante o campeonato e se continuar assim a perspectiva é de ir passando as baterias e se encaixar cada dia mais no mar e dar um calor nos gringos aí”, brinca o ubatubense.

 

Aqui tem uma campo muito grande para você buscar a onda, pois ela pode quebrar em vários lugares diferentes, então o posicionamento é sempre difícil, já que a onda boa pode vira mais para o fundo, para o raso ou para o lado, então o bom é você se concentrar em uma onda, escolher um pico e ficar ali”, explica Saulo Júnior.

 

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Neco Padaratz defende o título. Foto: Aleko Stergiou.

Defensor do título Quem também estreou na quarta-feira foi o defensor do título do Coca-Cola Saquarema Pro, o catarinense Neco Padaratz. Ele e o baiano Franklin Serpa despacharam dois estrangeiros, Ricky Basnett da África do Sul e Heath Joske da Austrália. Neco competiu com um corte profundo no dedão do pé esquerdo, sofrido numa sessão de treinos na última terça-feira.

 

“Eu não conseguia escutar minha notas dentro da água e não sabia o que estava acontecendo, mas mesmo assim foi legal. Dei uma topada ontem antes de entrar na água e estou com meu dedão meio aberto, mas é isso, faz parte do jogo e da aventura”, conta Neco Padartatz.

 

“Itaúna é um lugar muito especial e agradeço a Deus por poder estar aqui de volta e ter sustentado meu físico até um ano depois da vitória

Raoni Monteiro afiado em casa. Foto: Aleko Stergiou.

aqui e por saber que está tudo bem com minha coluna. Saquarema é uma onda bem diferente das ondas que surfamos no Sul. É muito parecida com Margaret River, que surfei há pouco tempo. Amo esses lugares e vou dar o máximo de mim para poder estar sempre aqui”, finaliza Neco Padaratz.

 

Prata da casa Um maior conhecimento do mar de Itaúna também pode ser decisivo nas baterias e o carioca Raoni Monteiro aproveitou-se disso para continuar na briga pelo título.

 

Ele é o 21º colocado no ASP World Ranking e terceiro na lista dos dez que serão indicados para a divisão de elite do surf mundial do ano que vem. Ele estreou na 12ª bateria e superou o cearense Dunga Neto, o paulista Caio Ibelli e o americano Shaun Ward.

 

“As condições estão difíceis e eu errei um pouco ali no começo, pois estava um pouco desesperaod e sem conseguir me achar, mas graças a Deus consegui uma nota maior que 6.00 e passei pra primeiro na bateria. Não está fácil, a onda está bem balançada”, analisa Raoni Monteiro.

 

“O swell está de Leste, o vento de Sudoeste e surfo aqui com condições parecidas todos os dias, então estou mais do que acostumado. Competir em casa me deixa um pouco mais pressionado, porque nunca me dou bem em campeonatos profissionais aqui, nunca fiz uma final, o que me deixa um pouco engasgado. Mas isto me dá mis motivação e espero fazer bonito”, complementa o surfista da casa.

 

Uma nova chamada para reinício da competição acontece nesta quinta-feira às 7:30 horas.