Eric Rebiere entra de cabeça no WCT 2004

Para Eric, 10o colocado no WQS 2003, a maior dificuldade do WCT será competir com os melhores surfistas do mundo. Foto: Estpix / ASP Europe.com.
O cabista Eric Rebiere também pode ser considerado novidade brasileira na primeira divisão do circuito mundial em 2004. O detalhe é que ele vive há cinco anos próximo a Biarritz e por isso representará a França na primeira divisão do surf mundial.

 

A explicação para isso é simples e o próprio Eric esclarece: “Não tinha patrocínio para correr o Circuito Mundial e tive que escolher entre largar tudo e estudar ou tentar esta alternativa de ir morar fora do Brasil”.

 

O detalhe crucial fica por conta da Federação de Surf Francesa, que descola uma ajuda de custo para os competidores que se dão bem no circuito europeu amador ou mundial.

 

“Mudei em 98. Foi difícil acostumar, principalmente pela frieza do povo. Não tenho mágoa, pois a escolha foi minha. Só sinto saudades, como qualquer pessoa sentiria”.

 

Eric conseguiu a dupla cidadania porque seu pai é francês e quando nasceu ele o inscreveu no consulado no Rio de Janeiro. Mas toda sua família e a maioria dos amigos de infância continua em Arraial do Cabo.

 

Manobras fortes e arrojadas fazem parte do repertório do atleta. Foto: Dimulle / ASP Europe.com.
“Sinto saudades da minha família, amigos, ondas, comida. Quase tudo”, diz ele, que atualmente mora com o conterrâneo e longboarder João de Sonis.

 

Rebieri pega onda em Cote des Basque, em Biarritz, pico conhecido pelas altas ondas que proporciona. Segundo ele, no verão as ondas francesas são parecidas com as do Brasil. “Mas, no inverno há point breaks que agüentam qualquer tamanho. Surfo onde estiver melhor ou se algum fotógrafo me levar”, explica.

 

Outro pico que gosta muito é “Nos Landes” (tubos na beira). Disputando o Tour há três anos, ele obteve a vaga no WCT quando chegou aos 8.210 pontos no WQS, no Tahara Pro Japan. Em 2002, o cabofriense foi campeão do European Professional Surfing Association (EPSA) e neste ano ficou com a décima quarta posição. 

 

Rebieri pegou bons tubos durante o último WQS em Fernando de Noronha. Foto: Ricardo Macario.

Já no WQS, ficou com a décima posição, com 8.970 pontos. “Como todos, quero me dar o melhor possível. Vou começar correndo os
dois circuitos e se eu estiver me dando bem no WCT só corro as etapas européias do WQS, pois serão praticamente em casa. Devo treinar todo o inverno no Hawaii também”.

 

“Fiquei muito feliz com a conquista. Como o Danilo (Costa) disse: só os surfistas que correm o WQS sabem o quanto é duro entrar para o WCT. Treinei muito no Hawaii, fui para lá na primavera e fiquei na pousada Green Forever, do meu técnico Rômulo Fonseca. E acima de tudo não me estressei. O Léo Neves me disse: “Você saiu de Arraial do Cabo (litoral fluminense), foi campeão europeu, está correndo o circuito. Para que se estressar?”.

 

Eric começou a surfar aos sete anos em Arraial do Cabo. Ele acumula no currículo títulos amadores e também o de bicampeão europeu profissional.

 

O atleta promete arrepiar no WCT 2004, ao lado de seu amigo Raoni Monteiro. Foto: ASP World Tour.

A feliz coincidência na trajetória do surfista é que ele e seu camarada Raoni Monteiro, integrantes do grupo “Encabeça Geral” e que competiam juntos nos circuitos amadores no Brasil, entraram no mesmo ano, mesmo vivendo em continentes diferentes.

 

“Vai ser irado colocarmos pilha mutuamente no circuito. A renovação é normal em todos os esportes. O ‘Encabeça Geral’ não é só nosso, mas sim de todo mundo que é humilde e
corre atrás, como a maioria dos brasileiros”, explica ele, que criou o grupo com Leonardo Neves, Raoni e João Gutemberg.

 

“Me dou bem com quase todos os brasileiros que correm o Tour, mas também com alguns gringos. Não é a mesma coisa, pois o calor de uma amizade no Brasil é bem diferente”.

 

O surfista passou a primavera treinando no Hawaii com seu técnico Rômulo Fonseca. Foto: Dimulle / ASP Europe.com.
Dos picos pelos quais o Tour passa, Eric conhece os da região de Kirra Point, na Austrália e o Hawaii. “Dos dois prefiro o Hawaii”.

 

“Tenho treinado bastante para não ter dificuldade em me adaptar aos picos por onde o WCT passa. As ondas são maiores e com melhor qualidade. No WQS não é assim. É um desafio e não uma dificuldade. A maior dificuldade no WCT são os melhores surfistas do mundo”.

 

O ídolo de Rebieri é o americano Kelly Slater. “Porque ele é o ídolo de todos. É uma lenda viva. Mas, eu prefiro meus amigos, pois evoluo com eles”.


Quando não está surfando, Eric mantém o corpo em forma com correndo ou malhando. Atualmente o surfista conta com patrocínio da Ana Beach, Dragon, Maurrice Cole, Gorilla Grip e Nixon.


Há cinco anos morando na França, o carioca é bicampeão europeu profissional. Foto: Dimulle / ASP Europe.com.
Confira abaixo o perfil completo do atleta

 

Apelido: Rebeix
Idade: 25
Data de nascimento: 13/03/78
Local de nascimento: Brasil
Casa: Biarritz – França/Cabo Frio – Brasil
Altura: 1,78 metros
Peso: 74 quilos
Anos correndo o circuito europeu (EPSA): 5 anos
Anos correndo o WQS: 3
Melhor colocação no EPSA: campeão do circuito em 2000 e 2002

Vitórias no circuito EPSA 2002: WQS 1* Amado Pro, WQS 1* La Santa Surf Rip Curl Serie.

Premiação acumulada em 2002 no EPSA: 14.405 euros

Premiação de toda carreira no EPSA: 40.254 euros 
Premiação em 2002 do WQS: US$ 30 mil

Premiação de toda carreira no WQS:

US$ 102.900

Posição na prancha: Goofy

Ondas favoritas: Mundaka e Euskal Herria na Espanha, Quemao nas Ilhas Canárias, Pipeline no Hawaii.
Melhor prancha: Ricardo Martins 6′
Manobra favorita: tubo
Melhor surfista: Kelly Slater
Filme de surfe predileto: Billabong Pump
Tipo de música: MPB
Comida favorita: Japonesa
Melhor trip: Nias, Indonésia
Idade com que começou a surfar: 7 anos
Estado civil: Solteiro

 

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