“O Oceano”, nome dado à próxima exposição de artes e fotos da feira The Board Trader Show, que acontece entre os dias 28 e 30 de setembro em São Paulo, foi inspirado na magia única, imensidão infinita e cores sedutoras dos oceanos, que servem como inspiração para as vidas de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Os artistas e fotógrafos que participarão da exposição têm sua vidas conectadas aos oceanos, e lá que buscam suas inspirações, alegrias e energia para suas vidas diárias.
Estamos trazendo um time de peso com nomes conhecidos mundialmente nos meios da fotografia e surf art. Um verdadeiro show de cores, criatividade, técnicas e o mais alto nível de fotos.
Vocês poderão acompanhar por aqui, semanalmente, os perfis de artistas e fotógrafos que estarão na exposição “O Oceano”, durante a The Board Trader Show.
Olinda é conhecida pelo Carnaval, mas também pelo importante valor histórico e cultural, que se estende desde a belíssima arquitetura com construções que datam do século 16, até artistas atuais, que contam, por meio de músicas, filmes e artes plásticas, a história de uma sociedade que cresceu cercada por ladeiras, rios, mangue e mar. Tema que também inspira o trabalho de Emerson Melo, olindense de 38 anos que resolveu contar o cotidiano de homens e mulheres, suas delicadezas e dificuldades, através de esculturas feitas com diversos materiais, inclusive reciclado.
Foi por meio de uma oficina de cerâmica que começou a fazer, em 2003, como forma de terapia, que Emerson viu a possibilidade de ganhar a vida trabalhando com a arte, paixão que o acompanha desde muito cedo. “Aos poucos, descobri ali uma profissão. É muito bom trabalhar com o que se gosta”, ressalta. Criando um estilo próprio a partir da observação, passou a colocar em suas obras as expressões, cores e muitas das paixões que o movem. “Na época eu trabalhava em comunidades pobres, com pessoas que catavam material para reciclagem. Eu gostava de observar o perfil, o físico, os gestos… Foi daí que tracei o meu estilo, da dificuldade, das adversidades e superações do dia a dia, que só tem a nos ensinar.”
Arte, trabalho e luta social passaram, então, a permear as obras primas deste artista. A primeira peça vendida foi o retrato de um retirante. “Sempre segui essa linha. O que eu mais gostei de fazer foi o ‘Cotidiano do Capibaribe’, onde eu retratava o dia a dia dos moradores de palafitas às margens do Rio Capibaribe, no Recife. Eles não tinham água tratada, esgoto ou a mínima estrutura para uma moradia digna, mas eram alegres e cheios de vida”, conta, lembrando que fez duas réplicas do Cotidiano do Capibaribe, que foram enviadas para Brasília e para Alemanha. A original ficou exposta no salão de arte reciclada da Fenearte, em 2012, ganhando o primeiro lugar na premiação da categoria. “Foi o meu primeiro prêmio. No ano seguinte eu ganhei na mesma categoria, mas com a obra ‘Morro Melo’, que tambem retratava as dificuldades dos moradores, mas desta vez dos morros do Recife”, diz.
Em 2015, também na Fenearte, recebeu o prêmio na categoria design reciclado. Em 2016, um dos maiores marcos da sua carreira: “Eu fiz uma cruz de taipa, pau de pico, que é o material utilizado em construções de casas no interior de Pernambuco. Essa cruz, chamada de Santíssima Trindade, acabou sendo vendida ao Museu de Arte Sacra de Olinda”. Além disso, Emerson já enviou suas esculturas para vários estados do Brasil, como Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio e São Paulo, e para outros países, como Itália, Estados Unidos, Portugal, Austrália e França.
Atualmente, Emerson mantém um ateliê no Coque, comunidade da Zona Sul do Recife, onde promove um projeto de oficina com crianças carentes da região. “Trabalhamos o conceito de arte reciclada e educação ambiental. A ideia é conseguir aprender cada vez mais, aprimorar, criar e repassar meus conhecimentos com as próximas gerações, além de levar meu trabalho para outros lugares”, explica, falando, ainda, que nunca fez uma exposição sozinho, mas já participou de eventos coletivos em vários estados brasileiros, como Minas e São Paulo.
Arte e surf
Uma das temáticas mais trabalhadas por Emerson é o mar, relação que foi consolidada através da pratica do surfe. Por sempre viver perto do litoral, o artista conheceu o esporte quando tinha apenas 12 anos, na praia do Janga, em Paulista. “Era o lazer da criançada. Como nasci e cresci em uma cidade litorânea, já era apaixonado pelo mar e o esporte veio fortalecer essa relação. Mais crescido, passei a viajar em busca de novas ondas costumava procurar arte e artesanatos inspirados ao esporte, mas sempre foi muito difícil de encontrar.” Quando começou a trabalhar com a criação de esculturas, se dedicou à criar peças com a temática do surfe e o mar. “Produzir as artes de surfe era como uma boa caída no mar, as vendas foram crescendo e o trabalho se expandindo”, lembra, se referindo a peças feitas como troféus para campeonatos e eventos do cenário. Floripa, Maresias, Ilhabela e Pipa , são alguns dos locais que comercializam suas artes.
Assim como o sonho de todo surfista é chegar ao Havaí, o plano de Emerson é de que as águas do mar levem o seu trabalho para vários outros litorais.