Foi impressionante o swell que abasteceu a World Cup na mundialmente famosa praia de Sunset, Hawaii.
As performances apresentadas pelos locais, pelos australianos e pelos americanos sempre foram excelentes. O que chamou a atenção foi a brilhante atuação de alguns brasileiros e dos europeus.
Os momentos incríveis que rolaram em Sunset – uma onda consistente e de performance – fez com que eu acompanhasse todos os dias.
Foram dois dias de surf excelente no início e depois ficou muito potente, na fase dos 64 competidores. O campeonato estava mais para ?sobreviver?, com as séries fechando o canal estilo máquina de lavar roupas, e as ondas com mais de 15 pés.
As imagens transmitidas via net para todo o planeta estão cada vez melhores. Com um zoom animal e acrescentada de imagens incríveis na água, a transmissão passa aos internautas a vibe de Sunset lá dentro, com picos volumosos, séries fechando e água movendo para todos os lados. É alucinante assistir às melhores ondas, com direito a replay.
O surf apresentado pelos brasileiros foi muito bom, em especial pelos guerreiros Yuri Sodré e Rodrigo Dornelles. Os dois tinham chances e surf para chegar à final e tentar título.
Yuri Sodré surfando bem confiante, rabiscando com surf definido e mandando muita água nas rasgadas. Dornelles mostrou consistência, radicalismo e surf de ponta.
Foi o Leo Neves quem roubou a cena e ganhou o respeito da comunidade mundial. Agora, deve ser escalado para o team internacional do seu patrocinador.
Ele estreou surfando ?pra caraco? na fase dos 96. Rabiscou e deu batida no lip, surfando muito bem em Sunset. Nas fases gigantes ele tranquilamente usou seu peso para superar a tempestade de Sunset.
Foi incrivelmente competitivo, crescendo na hora do ?vamos ver? – nas quartas, semi e, mais impressionante ainda, na final, quando liderava até os últimos minutos e deixou o campeão mundial Mick Fanning e o também australiano Daniel Ross em combinação. O Makua precisava de um 9,1. Sendo havaiano e local dali, tudo era possível.
O inesperado aconteceu na terrinha do ?inesperado?. Makuakai Rothman, filho do ?homi? (Fast Eddie) lá do North Shore, incrivelmente virou a bateria tirando 9,5 quando faltavam dois minutos para o término.
A onda foi grande, com tubo e rasgadão. Valeu os 9,5, infelizmente.
Falam que felicidade de pobre dura pouco e o que aconteceu foi que tiraram o ?doce da boca da criança?, literalmente.
Leo Neves deu show, mostrou raça e surf, foi impressionante. Ele fez o que todos nós gostaríamos de ver. Representou.
Estive com ele no WCT Hang Loose do Brasil. Sempre admirei a sua competitividade e principalmente a sua frieza na hora de encarar pressão.
Ele ignora tudo e todos de uma forma humilde e de quem ama o surf. Tem uma técnica que é bem valorizada no julgamento.
Estava nos comentários da transmissão da final em inglês a promessa mundial Jordy Smith, alguém que eu admirava até sentir as vibes ?erradas? para conosco.
Não adianta você querer achar legal um gringo por causa do surf bonito e radical, porque no fundo eles são eles e nós, os brasileiros, somos nós, os ?fucking brazilians?.
Já que isso incomoda, que incomodemos muito… Vamos lá, seus ?monstros brazucas? do esquadrão WCT, derrubem esses gringos por nós…
Raoni, Trekinho, Willian Cardoso e Gilmar Silva mostraram um surf consistente quando estava clássico. Os brasileiros estão deixando boas memórias em forma de rabiscos nas paredes de Sunset.
Boa sorte e boas ondas aos brazucas no Pipe Masters.