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Esporte mítico

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Oahu, Hawaii, onde a mística do surf transcende a ancestralidade. Foto: Bruno Lemos / Liquid Eye.

Um famoso especialista em mitos chamado Joseph Campbell explica que precisamos de modelos para a vida, daí vem as lendas e os mitos.

 

 

Surfistas, pescadores e marinheiros possuem imagem mítica nas suas atividades.

 

Mas o que faz do surfe um esporte mítico? Uma onda, uma prancha e um surfista, tudo é muito simples, mas carregado de significados. 

 

Tecnicamente, a onda é uma oscilação espacial de grandeza física. Quando uma destas oscilações marítimas alcança a costa, a onda quebra na junção do mar com a terra.

 

Além do misticismo que envolve isto, as ondas do mar são um fenômeno natural dos mais bonitos, assim como o vento ou a chuva, acontecem desde sempre e continuarão a existir depois do ultimo ser humano tombar, indiferente a nós.

 

Mudam sem parar, conforme a hora do dia, a maré, a lua ou a época do ano. Diante de um fenômeno destes, pegar uma onda pressupõe ficar à espreita, esperar, estudar suas manhas e, em fim, domá-la. Surfar é um esporte ancestral, uma antiga comunhão com a natureza.

 

A mitologia do surfe possui diversos significados e transcende para um estilo de vida. Domar ondas exige a mesma dedicação e qualidades das artes marciais, contemplação do pescador e gingado da dança.

 

Surfar pressupõe um longo ritual, controle do corpo, concentração, coragem, paciência e a recompensa é um momento sublime: montar o cavalo de Netuno.  

 

O mito do surfe vem de vários elementos presentes na vida de qualquer pessoa. A coragem de enfrentar algo muito maior e mais forte que você, na astúcia de aproveitar correntes e canais para chegar até o objetivo, da meditação e paciência para encontrar a oportunidade certa de descer onda, a desenvoltura de surfar e o prazer de ter viver aquele momento.

 

Estamos falando de surfe, mas todos passam por desafios na vida, grandes empreitadas cheias de obstáculos, com um objetivo maior que vale todo o sacrifício. 

 

Daí vem o respeito aos surfistas, pescadores e marinheiros, daí vem o mito escondido na prática do surfe.

 

Leia mais textos de Guilherme G. Pallerosi no blog Madeira & Água.