Titanzinho

Estaleiro ameaça o pico

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As ondas do Titanzinho (CE) podem desaparecer e dar lugar a um estaleiro. Foto: Lima Jr.

As ondas da praia do Titanzinho (CE), celeiro de talentos do surf nacional, estão ameaçadas pela iminente construção de um estaleiro.

 

O projeto, que faz parte do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), prevê a edificação de um quebra-mar bem em frente ao pico e, por conseqüência, a extinção das ondas no point. 

 

Comunidade local, Ongs e a própria prefeitura de Fortaleza contestam a localização do estaleiro defendida pelo governo do estado e por empresários do setor.

 

Segundo os que defendem a construção, a proximidade com o quebra-mar do porto de Mucuripe facilitaria a obra. Além disso, afirmam que condições geográficas adversas impedem a implantação de uma obra desse porte em outra localidade de Fortaleza.

 

“Não podemos simplesmente aceitar essa construção. Que benefício isso trará à população? Por que não investir em escolas, creches, postos de saúde, escolinhas de surf, entre outras coisas que poderiam ser revertidas em verdadeiros benefícios para a comunidade”, questiona Sidnei Machado, jornalista e surfista cearense.

 

Localizada no bairro do Serviluz – região carente e com altos índices de criminalidade – a praia do Titanzinho é uma espécie de playground para a criançada sem recursos ou acesso ao lazer. 

 

Profissionais de destaque como Fabio Silva, Tita Tavares e Pablo Paulino, saíram de suas águas, hoje correm o mundo e figuram como exemplos para a molecada local.

 

“Esse estaleiro não pode ser construído pois acabaria com o sonho de muitas crianças e adolescentes que moram aqui. Elas têm poucas perspectivas fora do surf”,  explica Sidinei.

 

Morador do bairro há mais de 30 anos, o professor de surf João Carlos Fera também é contrário ao estaleiro. “Em primeiro lugar, o Titanzinho está em área de preservação ambiental e não suportaria uma obra dessa magnitude. Temos 30 mil pessoas morando no bairro e não existe sequer uma escola de nível médio nos arredores. Precisamos mesmo de infra-estrutura, de segurança e de escolas”, afirma.  

 

Outro ponto importante é a falta de lazer na região. Temerários, muitos afirmam que a extinção das ondas teria como conseqüência o aumento nos índices de criminalidade do local. 

 

“Saber que a onda do Titã vai desaparecer é triste e constrangedor, mas vamos lutar para combater a destruição da praia. A gente pede para o governo que preserve as ondas e que a praia continue assim para sempre”, finaliza Pablo Paulino, bicampeão mundial Pro Júnior e local do Titanzinho.

 

Fonte Cearasurf