Santa Catarina Pro

Estrangeiros atacam a Joaca

Tanner Hendrickson Santa Catarina Pro 2014, Joaquina, Florianópolis (SC).

Mais um longo dia com 24 baterias disputadas das 7h30 até as 18h30 definiram os 24 surfistas que continuam na batalha pelo título do ASP 6-Star Santa Catarina Pro na ensolarada quinta-feira de boas ondas de 2-3 pés na Praia da Joaquina, em Florianópolis. Os estrangeiros são maioria entre os que vão brigar pelo prêmio de 25 mil dólares e os 3.500 pontos da vitória na última etapa com nível 6 estrelas do ano na Ilha da Magia, com quatorze surfistas de nove países contra dez brasileiros. Dos sete atletas que defendiam posições no grupo dos dez indicados para o WCT pelo ranking do ASP Qualification Series, só restaram três brasileiros, o paulista Wiggolly Dantas, o catarinense Tomas Hermes e o potiguar Italo Ferreira.

Com o seu nome já garantido na elite dos top-34 que vai disputar o título mundial no ano que vem, Wiggolly Dantas derrotou três estrangeiros na abertura da terceira fase. Na briga pelo segundo lugar, o espanhol Gony Zubizarreta levou a melhor sobre o havaiano Kiron Jabour e o australiano Perth Standlick. Wiggolly agora vai abrir a sexta-feira, enfrentando o havaiano Tanner Hendrickson e o australiano Davey Cathels na disputa pelas duas primeiras vagas para as oitavas de final do ASP 6-Star Santa Catarina Pro, quando os duelos passam para o sistema homem a homem que prossegue até a grande final.

“Eu consegui pegar uma direitinha boa no final para passar em primeiro lugar, mas o mar está bem difícil de achar boas ondas”, disse Wiggolly Dantas. “Estou muito focado neste campeonato, minhas pranchas estão boas, andando bem nestas ondas pequenas e é muito bom estar competindo aqui em Floripa, ainda mais com água quentinha então fica ótimo. Eu já estou garantido no WCT, mas o meu foco agora é ser campeão do circuito, então é concentrar bateria por bateria, campeonato por campeonato, para tentar conseguir esse objetivo”.

O havaiano Tanner Hendrickson venceu a segunda bateria da segunda fase, mas sua situação é bem diferente de Wiggolly Dantas. No momento, ele está brigando para tentar entrar no grupo dos 100 primeiros colocados no ranking, para poder disputar as etapas mais importantes do ASP Qualification Series. Hendrickson chegou no Brasil em 163.o lugar, mas com a passagem para a quarta fase do ASP 6-Star Santa Catarina Pro já aparecia em 130 na classificação geral. Ainda vai ter que passar mais baterias para atingir sua meta.

“O mar está difícil, muito vento, e eu sou de um lugar que venta muito também, cresci lidando com essa situação, então para mim é quase normal essa condição”, disse Tanner Hendrickson, após a vitória sobre os brasileiros Deivid Silva e Raphael Seixas e o australiano Nathan Hedge. “Tentei pegar umas direitas, só que o vento estava fazendo muita pressão contra, mas o importante foi que eu passei. Eu trouxe algumas pranchas menores pra competir aqui no Brasil, estou preparado mentalmente e fisicamente para buscar um bom resultado aqui, então só quero continuar avançando, bateria por bateria, para chegar ao topo”.

Na disputa seguinte, caiu mais um dos surfistas que fazem parte do grupo dos dez indicados pelo QS para o WCT do ano que vem. O catarinense Willian Cardoso, que ocupava a 11.a posição no ranking que está classificando até o 13.o colocado, já havia sido eliminado no desempate pelo paranaense Caetano Vargas no confronto vencido pelo catarinense Luan Wood que fechou a segunda fase. Já o paulista Jessé Mendes terminou em último no terceiro confronto do terceiro rounde. O cearense Michael Rodrigues e o australiano Davey Cathels avançaram nessa e na sequência um dos concorrentes para entrar no G-10 em Florianópolis passou em primeiro lugar, o francês Maxime Huscenot, 19.o do ranking. Na disputa pela segunda vaga, o brasileiro Caio Ibelli despachou outro surfista que estava mais próximo da zona de classificação para o WCT, o 18.o colocado Billy Stairmand, da Nova Zelândia.

“Eu sabia que ia ser uma bateria difícil, pois os três adversários estão surfando muito bem esse ano e aqui também”, disse Maxime Huscenot. “Deu boas ondas na nossa bateria, bem consistentes, então todos puderam surfar e isso só dificultou ainda mais, mas estou muito feliz por conseguir achar boas ondas para vencer. Eu já estive no Brasil umas cinco vezes, mas é a primeira que venho aqui para Florianópolis. Achei a cidade muito linda e espero que dê boas ondas nestes últimos dias do campeonato para todos mostrarem o que sabem”.

Os integrantes do G-10 continuaram sendo eliminados nos confrontos seguintes, como o sétimo do ranking, Keanu Asing, do Havaí, e o 11.o, Charles Martin, da Ilha Guadalupe. Já o nono colocado, Tomas Hermes, superou o espanhol Vicente Romero e o australiano Jay Thompson para passar em segundo na dobradinha verde-amarela com o baiano Marco Fernandez. O catarinense ainda precisa avançar mais duas fases para aumentar os 10.020 pontos que ele tem computados no ranking, pois troca 920 pontos do nono lugar nas oitavas de final de outra etapa do ASP 6-Star como o Santa Catarina Pro na Austrália.

“Foi bem difícil o dia hoje (quinta-feira), o vento apertou agora à tarde, fica segurando as manobras, difícil imprimir velocidade, mas é isso aí, temos que estar preparados para competir em qualquer condição”, disse Tomas Hermes, que tinha estreado com vitória no primeiro confronto do dia na quinta-feira. “Surfe é uma loucura, a gente nunca sabe quando vai conseguir um bom resultado e precisamos ficar sempre correndo atrás disso. Eu estou no G-10 desde o começo do ano, desde a perna australiana que foi quando começou tudo. Então seria legal eu conseguir garantir minha vaga no WCT aqui, em casa, no meu estado, mas sei que não será fácil porque o nível técnico dos competidores é muito alto e vai depender das ondas”.

Quem também busca um bom resultado para permanecer no G-10 do QS é o potiguar Italo Ferreira. Com a classificação para a quarta fase do Santa Catarina Pro, o surfista de Baía Formosa já saltou da 12.a para a décima posição no ranking, ultrapassando Charles Martin da Ilha Guadalupe e o catarinense Willian Cardoso, que agora é o penúltimo na zona de classificação para o WCT. Italo Ferreira passou a ficar logo abaixo de Tomas Hermes, que continua em nono lugar.

“Estou muito feliz por ter avançado para a próxima fase, mas tem muita coisa para acontecer ainda em se tratando de classificação para o WCT”, disse Italo Ferreira. “Eu só quero é passar baterias, para mim é isso o que importa porque o resultado vem atrás, então só penso e me concentro em surfar bem as ondas para passar baterias. Fiquei feliz que consegui pegar umas direitas para mandar uns aéreos de backside e graças a Deus tirei boas notas para me classificar. Agora é se preparar para as próximas amanhã (sexta-feira)”.

MAIORIA ESTRANGEIRA – Os brasileiros ainda não conseguiram acabar com a maioria estrangeira que persiste desde o início do ASP 5-Star Santa Catarina Pro, que começou com 87 surfistas de 20 países contra 57 do Brasil. Na rodada dos 48 melhores, eram vinte brasileiros contra 28 estrangeiros de onze nações diferentes. E entre os 24 que se classificaram para a quarta fase, dez são do Brasil e quatorze são de outros nove países.

Um dos surfistas que garantiram a maioria estrangeira foi o australiano Brent Dorrington, que chegou no Brasil em 82.o lugar no ranking. O paranaense Peterson Crisanto passou em segundo na sua bateria, com ambos despachando o havaiano Keanu Asing que defendia a sétima posição no QS, além do norte-americano Dillon Perillo. Brent Dorrington começou bem a temporada na Austrália, mas depois se contundiu e não conseguiu manter a sequência de bons resultados fora do seu país.

“Eu fiquei olhando várias baterias antes da minha e vi que tinha uma direitinha ali, então fui para lá”, contou Brent Dorrington. “Estava todo mundo na bateria buscando as esquerdas, então fiquei praticamente sozinho e achei uma direita bem formada, acertei umas manobras boas e consegui uma nota 8 que me deixou mais tranquilo. Eu comecei bem o ano, mas depois machuquei meu tornozelo, perdi algumas etapas “Prime” e espero agora conseguir bons resultados aqui no Brasil e no Havaí também para melhorar minha posição no ranking”.

ESTRANGEIROS DE NOVE PAÍSES – Além de Brent Dorrington, só mais um australiano avançou para a rodada dos 24 que vão disputar classificação para as oitavas de final do ASP 6-Star Santa Catarina Pro, Davey Cathels. Mais dois países ficaram com dois concorrentes ao prêmio de 25 mil dólares da vitória em Florianópolis, a França com Maxime Huscenot e Joan Duru e a Costa Rica com Carlos Munoz e Noe Mar McGonagle. Já o Havaí tem três, Tanner Hendrickson, Kevin Sullivan e Torrey Meister. Outras cinco nações terão um representante na quarta fase, os Estados Unidos com Cory Arrambide, a Nova Zelândia com Ricardo Christie, a Espanha com Gony Zubizarreta, Marrocos com Ramzi Boukhiam e a Argentina com Santiago Muniz.

Já a lista dos brasileiros classificados tem surfistas de sete estados do país. Os catarinenses são Tomas Hermes e Jean da Silva, pois Luan Wood acabou eliminado nas ondas surfadas nos minutos finais pelo marroquino Ramzi Boukhiam no último confronto do dia. Com isso, os paulistas ficaram com maioria de três representantes, Wiggolly Dantas, Caio Ibelli e Deivid Silva. Já os outros estados terão apenas um atleta na quarta fase que abre a sexta-feira, a partir das 7h30 na Praia da Joaquina, o Rio Grande do Norte com Italo Ferreira, o Paraná com Peterson Crisanto, a Bahia com Marco Fernandez, Pernambuco com Luel Felipe e Ceará com Michael Rodrigues, que atualmente mora em Florianópolis.

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