A Pedra e o Farol

Estreia rola em Laguna

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Documentário “A Pedra e o Farol” mostra a íntima relação entre o Farol de Santa Marta e a Pedra do Campo Bom, mais conhecida pelos surfistas como Laje da Jagua. Foto: Reprodução.

 

Depois de três anos em produção, o documentário “A Pedra e o Farol”, com direção e roteiro de Luciano Burin, tem estreia marcada para esta quinta-feira (11), no histórico Cine Teatro Mussi, em Laguna, e será aberta ao público, a partir da 20 horas.

“A Pedra e o Farol” é um documentário da Scult Filmes que mostra a íntima relação entre o Farol de Santa Marta e a Pedra do Campo Bom, mais conhecida como Laje da Jagua, estabelecendo o seu decisivo papel histórico e cultural no desenvolvimento da região costeira de Laguna e Jaguaruna, no sul de Santa Catarina, que reúnem paisagens de beleza singular no litoral brasileiro.

Sobre a relação entre a Pedra do Campo Bom e o Farol de Santa Marta, Luciano conta como surgiu a ideia de fazer o filme.

“Passo os meus verões na praia de Jaguaruna, no sul de Santa Catarina, desde que nasci, então a distante espuma branca da onda da Pedra do Campo Bom (hoje conhecida como Laje da Jagua) sempre esteve presente do meu imaginário de surfista”.

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Fabio Gouveia em uma das cenas de “A Pedra e o Farol”. Foto: Reprodução.

 

Há alguns anos, Luciano tomou conhecimento de que o Farol de Santa Marta tinha um mecanismo de emissão de um feixe de luz vermelha para orientar os navegadores a desviarem da rota de colisão com a laje, que fica a cerca de 20 quilômetros de distância do farol e a 5 quilômetros em alto mar da praia de Jaguaruna. Apesar disso, “as perigosas e desprotegidas águas da região ao sul do farol continuaram por muitas décadas a vitimar diversas embarcações que naufragaram ou encalharam nesta faixa de litoral” comenta Burin.

“O ponto de ligação entre os vários temas e personagens do filme é a percepção de que as coisas só passam a ter significado quando damos algum valor a elas, seja registrando momentos em fotografias, valorizando uma construção antiga ou lutando pela preservação de um ambiente natural”, observa Luciano.

A “Pedra e o Farol” foi realizado com o apoio da empresa GAM através da Lei Federal de Incentivo a Cultura e também tem programadas exibições confirmadas em Florianópolis nos dias 19 e 21 de agosto, no cinema do CIC, além de exibições para escolas.

Abaixo você confere uma entrevista  com Luciano Burin.

Como surgiu a ideia em fazer este filme?

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O caminho até o famoso Farol de Santa Marta (SC). Foto: Divulgação A Pedra e o Farol.

 

Percebi que pouca gente conhecia esta história e, impulsionado pela existência de um rico acervo de fotografias destes naufrágios capturadas entre os anos 40 e 70 pelo único fotografo da região, o Sr. Gentil Reynaldo, decidi resgatar um pouco da história da ocupação desta faixa de litoral entre o Farol e a Pedra do Campo Bom, onde o surfe acaba tendo um papel decisivo no desenvolvimento social e turístico das praias do Cabo de Santa Marta e na transformação da Laje da Jagua numa referência no universo do surfe de ondas grandes na última década.

Além de Fábio Gouveia, quais outros personagens entram nessa história e porquê?

 

Apesar de não ser propriamente um filme de surfe no sentido clássico do termo, tinha a ideia de poder contar com um conteúdo legal de performance de surfistas nas ondas do farol. No âmbito do surfe, tem a turma que surfa regularmente a Laje da Jagua, como o Thiago Jacaré, André Paulista, Fabiano Tissot, Marquito Moraes, João Capilé, além do Carlos Burle e Rodrigo Resende, que foi o primeiro surfista a pegar esta onda – junto com o falecido Zeca Sheffer. Fora isso, a lista de personagens inclui pescadores locais do farol, historiadores, comandantes da marinha, oceanógrafos, fotógrafos, ambientalistas, entre outros, que contribuem para explicar as características da região e contar um pouco a sua história de uma forma bem abrangente.

Fale um pouco da produção e do empenho em montar o roteiro para o filme.

O roteiro deste filme partiu de uma ideia antiga que formatei para um edital de cinema ainda em 2009. Sempre quis filmar um documentário baseado nas paisagens que marcaram a minha infância nos veraneios na Paria de Jaguaruna e no Farol de Santa Marta. A ideia era fazer algo bem poético em termos de fotografia e som, sem abrir mão de discutir temas relevantes dentro das comunidades retratadas.

Só consegui começar a produzir pra valer em 2014 com um orçamento bem enxuto, então tive que acumular várias funções e fiquei dois anos filmando e editando com a ajuda de uma equipe reduzida, mas muito talentosa.

No fim das contas, como em todo bom processo de produção, o filme foi ganhando vida própria, reuniu dezenas de depoimentos e, mesmo com um orçamento muito limitado e um cronograma que se estendeu por muito mais tempo do que o desejado, acho que consegui prestar a minha contribuição no sentido de registrar a história da região e fomentar questionamentos importantes para o futuro deste pedaço de litoral.

Esta foi sua primeira produção lançada no sul do estado?

Sim, é a primeira vez que vou exibir um filme no sul do estado. Lançar um filme independente de baixo orçamento é sempre um desafio, pois se você não tem o apoio de uma distribuidora e uma verba forte de lançamento é virtualmente impossível encontrar espaço em salas comerciais de cinema, então você ficando restrito aos pequenos cineclubes ou exibições em locais alternativos.

Em Jaguaruna, por exemplo, que é uma das locações principais do filme junto com Laguna, não existe uma sala de cinema de verdade, então estou buscando algum espaço alternativo como o auditório da câmara de vereadores da cidade.

Neste sentido, esta parceria com o SESC Laguna que administra o Cine Mussi na cidade foi valiosa, pois trata-se de um antigo cinema que foi restaurado, oferecendo um ambiente muito bonito e confortável para a exibição do filme com alta qualidade acústica.

Vamos estender esta parceria para exibições especiais para escolas e vou atrás para exibir este documentário no maior número de locais possíveis na região, pois o filme certamente terá uma ressonância maior com as pessoas que vivem e conhecem as paisagens que aparecem na tela.

É uma pré estréia ou uma estréia oficial do filme, já que vai lançar em Florianópolis também? A entrada será franca?

Podemos dizer que é uma estreia, pois é um evento aberto ao público, da mesma forma que será em Florianópolis. Nestas exibições estarei lançando também o DVD do filme, cujas vendas irão ajudar na viabilização de novas exibições pela região.

 

Sim, entrada livre, sujeito apenas à lotação da sala.

Ficha técnica de A Pedra e o Farol

Direção e Roteiro: Luciano Burin
Montagem e Edição: Luciano Burin e Marcos BG
Cinegrafistas: Antonio Zanella, David Mendonça, Guilherme Reynaldo, Luciano Burin, Marcos BG, Marcos Vinicius D’Elboux, Pietro Franca, Rafael Ribeiro.
Desenho de Som: Leonardo Costa Gomes, Luciano Burin e Marcos BG
Edição e Mixagem de Som: Leonardo Gomes
Som Direto: Luciano Burin
Trilha sonora original: Guilherme Vieira da Silva, Lucas Garcindo, Luciano Burin, Manuel Cabral
Tratamento de Imagens e Color: Marcos BG Assistente de
Direção: Marcos BG
Assistentes de Produção: Guilherme Reynaldo, Marcos BG, Luis Henrique Tavares
Consultoria Administrativa / Minc: Marcos Braga – Art Prime
Produção Executiva: Luciano Burin e Tiago Naccari