A realização do Red Nose Tow-in Championship International nas ondas de Maresias, litoral Norte de São Paulo, foi um marco para o esporte brasileiro, com os melhores atletas do surf rebocado nacional marcando presença e protagonizando um legítimo espetáculo nas morras de até 4 metros sólidos que quebraram no pico durante os dois dias de competição.
Destaque para a premiação do evento, uma das melhores em uma competição de tow-in, distribuindo R$100 mil no total, e para as ondas espetaculares que quebraram em Maresias durante todo o evento, com um altíssimo nível de surf apresentado pelos towriders presentes.
O balanço final do Red Nose Tow-In Championship International em Maresias, merece algumas considerações depois da experiência bem sucedida do evento, com algumas questões que podem evoluir para as próximas competições de big surf rebocado.
Organização O Red Nose Tow-In contou com uma organização primorosa em três pontos primordiais; Na escolha do local, na escolha dos atletas convidados da lista principal e na premiação disponibilizada, a mais alta na história do tow-in no Brasil e uma das melhores da modalidade mundialmente.
Apesar do grande esforço dos organizadores, algumas questões fundamentais para um evento desse porte ainda precisam de ajustes, como a área reservada para os juízes, que deve ter um campo de visão mais amplo. É imprescindível também que eles não tenham contato direto com o público e os atletas, afastando assim qualquer possibilidade de pressão ou dispersão da atenção dos juízes durante as baterias.
É fundamental também que se disponibilize uma área especial para a imprensa, com estrutura no mínimo razoável para que os profissionais de comunicação possam transmitir em tempo real tudo que estiver acontecendo no evento.
Formato Com formato eliminatório bem parecido com os eventos de surf convencionais, o Red Nose Tow-In contou com algumas baterias de triagens, que poderiam facilmente ser abolidas e as faltas na lista principal cobertas com os alternates, que devem ser escolhidos antecipadamente pelos organizadores.
Todas as baterias do evento principal do Red Nose Tow-In contavam com três duplas competindo entre si. Na primeira fase tivemos cinco baterias, na qual se classificavam as duplas que ficassem em primeiro lugar, com a soma das duas melhores ondas de cada atleta da dupla – este critério é sem dúvida um dos mais importantes e justos para o surf rebocado, pois valoriza a performance de ambos os atletas da dupla.
Para compor as duas baterias da fase semifinal, se classificaria também a dupla que tivesse a melhor pontuação entre os segundos colocados da primeira fase. Na final tivemos novamente as duas duplas primeiras colocadas nas duas baterias das semis, mais a dupla com a melhor média entre os segundos colocados.
Assim como foi instituído há alguns anos no futebol brasileiro, o formato mais justo e coerente para o surf rebocado de ondas grandes seria o de pontos corridos, no qual a dupla vencedora seria a que tivesse a maior média durante toda a competição, somando da mesma forma as duas melhores ondas de cada atleta da dupla durante cada bateria, premiando com justiça os towriders com a melhor performance geral durante todo o evento.
Julgamento O Red Nose Tow-In contou com juízes experientes e renomados do surf brasileiro, que souberam avaliar e julgar com imparcialidade o tamanho das ondas, a dificuldade na execução das manobras e principalmente, souberam julgar os tubos surfados na competição com muita propriedade, já que no tow-in o surfista encontra facilidade para entubar, pois entra com velocidade na onda e consegue passar as sessões com mais facilidade.
Os juizes tiveram bastante senso crítico para avaliar e dividir situações em que o atleta buscou o tubo com boa leitura da onda e alto grau de dificuldade, de situações em que a onda proporcionou um tubo ?previsível?, com mais facilidade de ser surfado.
Em contra partida atletas como Danilo Couto, Rodrigo Resende, Eraldo Gueiros e Carlos Burle acabaram prejudicados em momentos cruciais da competição. Resende teve a média de suas duas melhores ondas niveladas por baixo durante a semifinal, recebendo notas baixas após surfar com radicalidade, manobrando no crítico de morras consideráveis, fator que prejudicou bastante a média da dupla na contagem final.
Eraldo sofreu o mesmo durante a bateria final, quando surfou uma esquerda grande com enorme grau de dificuldade de backside e recebeu uma nota bem abaixo da média. Situações como essas são previsíveis e acabam acontecendo na maioria das competições de surf, principalmente em função da subjetividade no critério de julgamento.
Já Burle achou um bom tubo na final, e depois de terminar a onda, foi anunciado pelo locutor que não seria computada sua pontuação em função do limitado campo de visão dos juízes. Detalhe, o tubo foi no mesmo local onde na semifinal seu parceiro Eraldo surfou um tubo muito parecido, que lhe rendeu uma nota 9, com o mesmo campo de visão limitado.
O ocorrido prejudicou o somatório final da dupla na última bateria do dia. Isso poderia ter sido evitado caso os juízes estivessem mais bem posicionados, em uma estrutura mais alta, com melhor visão geral da praia e sem sofrer qualquer tipo de pressão.
Justíssimas foram às médias da dupla campeã do evento na última bateria do Red Nose Tow-In. Sylvinho Mancusi e Alemão de Maresias tiveram performances consistentes, sabendo aproveitar com muito conhecimento do pico as melhores ondas durante a final. Mancusi encontrou um belo tubo e fez uma segunda onda muito boa.
Já Alemão surfou esquerdas grandes, nas quais aplicou uma linha impecável e sólida, selando de forma incontestável a apresentação da dupla na grande final do evento, não deixando assim nenhuma sombra de dúvida em relação ao julgamento de suas ondas.
No contexto geral o Red Nose Tow-In Championship International foi uma iniciativa ousada e bem sucedida, não caindo na estigma dos eventos que dispõe de uma boa divulgação e premiação, mas não são realizados.
Muito pelo contrário, o evento aconteceu em ondas realmente grandes e de alta performance para os padrões dos beach breakes brasileiros, proporcionando um espetáculo inesquecível em águas tupiniquins.
A expectativa agora é que o evento se repita em 2009, que outras empresas acreditem e invistam em eventos desse porte, para que possamos ter outras competições de ondas grandes – de surf rebocado ou na remada – no calendário brasileiro e mundial.
Go Big!
Nota da Redação Waves agradece a cortesia de Roger Ferreira, do site Carlos Burle.com.