No último dia de viagem, a Expedição Auêra Auára partiu para o encontro à bancada conhecida como “Corredor da Morte”, após o relato de parte do grupo, que ao explorar a área, se deparou com um onda power de seis pés de face, que acabou por varrer quase todos os intregrantes que se aventuraram a surfá-la (clique aqui).
Com a maré já perdendo a força, havia a possibilidade das ondas estarem menores e mais fracas, por isso, após um rápido reconhecimento na primeira e mais conhecida bancada, a do Rio Mearim, onde foi constatado que a Pororoca realmente havia perdido a força, a equipe seguiu em direção ao “Corredor da Morte”, onde ancorou na escosta já bastante castigada pelos encontros violentos com as ondas.
Enquanto todos os membros da equipe aguardavam em terra, o gaúcho Fabiano Tissot descansava no barco, mas ele rapidamente mudou de idéia quando o que provavelmente era um jacaré pulou na água bem próximo a ele (sim, além das ondas os rios dessa região abrigam muitos jacarés. Dizem que até tubarões podem ser encontrados aqui!). O fato é que ninguém sabe ao certo que bixo pulo perto de Tissot, mas pelo barulho e volume de água levantado, é bem provavel que tenha sido mesmo um dentuço!
Passado o susto, todos aguradaram ansiosos pela onda que rendou muita conversa na noite anterior. De repente, a quilômetros de distância surge uma espuma no horizonte. Era a Pororoca! Marcelo Bibita calculou que ela levaria cerca de quinze minutos para alcançar a bancada onde o grupo se encontrava.
Todos a postos e adrenalina a mil! E assim, como um trêm que avança em direção a estação, a Pororoca alcançou a bancada. Todos já estava posicionados em suas embracações e a caçada começou.
Os jets avançavam a toda velocidade a frente da onda, enquanto os surfistas aguardavam a hora certa de pular. A onda estava menor do que no dia anterior, mas o barulho que fazia e o volume de sua espuma, marrom escura, eram capazes de intimidar qualquer um.
Assim na adrenalina, um a um, os membros da expeidição foram pulando na água na tentativa de alcançar a parede lisa enquanto se posicionavam. Mas a onda era forte e rápida e assim, todos ficaram presos na espuma barrenta. Esse é um momento pelo qual nenhum surfista gosta de passar e o pessoal resistia bravamente, tentando alcançar a sonhada, perfeita e poderosa parede lisa.
Porém, infelizmente, um a um, nossos heróis foram sendo engolidos pela “Besta dos rios de Arari”. Um verdadeiro show de horror. Colisão de pranchas, remos quebrados e alguns hematomas fizeram parte do saldo. Apenas o presidente da ABRASPO, Noélio Sobrinho, com cerca de 150 temporadas de Pororoca na bagagem, conseguiu ultrapassar a zona da espuma cavernosa e alcançou a parede perfeita e muito rápida. Todos gritaram de emoção nesse momento, e assim, Nolélio sumiu no horizonte, surfando a onda até não aguentar mais!
Passado esse momento de muita adrenalina, a expedição partiu para uma última tentativa de surfe, ultrapassando novamente a Pororoca para encontrá-la em outra bancada. Nesse ponto do Rio, porém, a onda já havia perdido força e se dividiu em três sessões de esquerda, perfeitas, com cerca de meio metro. Todos foram para água, inclusive o fotógrafo Denis Sarmanho (afinal ele também é filho de Deus!). Um encerramento perfeito para uma barca que entrará para sempre na lembrança de todos que fizeram parte da expedição que serviu também de base para a ABRASPO avaliar a possíbilidade de realizar uma nova competição. Entre os meses de agosto e setembro, a entidade pretentede realizar o primeiro campeonato de SUP na Pororoca. Um evento que tem tudo para entrar para história do esporte.
Nossos agradecimentos a todos que fizeram possível a concretização dessa aventura incrível. Auêra Auára!