Espêice Fia

Fabuloso na sala de aula

Florianópolis (SC).

Na semana passada, tive uma agradável tarde com alunos da Escola Básica Municipal Dilma Lúcia dos Santos, na Armação do Pântano do Sul, aqui em Florianópolis (SC), e bem próxima ao bairro onde vivo. O convite foi feito pela professora Juliana Maggessi em função dos trabalhos de classe de apoio pedagógico de anos finais do ensino fundamental que ela e a escola vêm desenvolvendo.

Durante outras atividades e ao perceber que os alunos tinham grande empatia pelo surfe, foi escolhido para ser trabalhado em classe o documentário Fabio Fabuloso, ao qual a professora já havia assistido. Em um primeiro contato, muitas fotos e relatos sobre trabalhos com a literatura de Cordel junto aos alunos me foram passados, e ao chegar à escola tive a dimensão do trabalho de todos.

Fabio Fabuloso estreou em 2004, vencendo prêmios do cinema brasileiro pelo juri popular nos festivais do Rio de Janeiro e São Paulo. Posteriormente foi exibido em algumas capitais  do país, tendo passado também em Nova Iorque, Huntington Beach, Paris, Bogotá, etc. Tudo que foi “alinhavado” no documentário sobre minha carreira no surf foi enriquecido e abrilhantado pelos aspectos dos temas escolhidos, tal como a forma lúdica e poética na narrativa e bom humor, acoplada à literatura de cordel, tão rica e cativante.

Depois de assistirem ao filme e diante o interesse dos alunos, os exercícios elaborados pela professora foram baseados na Biografia e Literatura de Cordel. Atividades de letramento foram feitas, tais como escrita e reescrita de passagens importantes de minha vida e como atleta e, posteriormente, uma autobiografia dos próprios alunos. Houve também a transformação do texto narrativo em versos para a linguagem de cordel, além de pesquisa de rimas, confecção e ilustração de livrinhos de cordel.

Os estudantes ainda realizaram leituras e pesquisas sobre minha carreira em revistas de surfe e sites especializados. Enfim, estando com os alunos naquela tarde foi maravilhoso, um passeio em minha vida e na cultura de onde venho. Foi muito gratificante estar contando vários “causos” de todos estes anos, desde minha primeira subida em uma prancha de isopor até os dias de hoje, onde escolhi a terra daqueles presentes para amarrar “meu jegue”, em frente às ondas, na sombra e ao lado da lareira.

A medida em que o papo ia rolando, a interação era imensa quando também uma projeção de todo o trabalho dos alunos, passo a passo, era feita em um telão ao som da trilha sonora que, aliás como muitos sabem, foi especialmente feita para o documentário por Marcos “Kusca” Cunha. E a turma recitou versos, bateu fotos, mostrou os trabalhos, matou curiosidades, e na hora do lanche (teve até hora do lanche!), mais surpresa, pois muitos deles haviam preparado biscoitos deliciosos provenientes de outros trabalhos do apoio pedagógico daquela unidade escolar que atende atualmente a 45 alunos do sexto ao nono ano, divididos em quatro turmas que frequentam as aulas no contraturno escolar duas vezes por semana.

Em tempo, o projeto foi considerado muito positivo pela professora, equipe pedagógica e direção da escola, e, principalmente, pelos próprios alunos, que estiveram bastante envolvidos em todo o processo e estavam na expectativa pela minha visita. Os resultados puderam e podem ser observados pela assiduidade dos estudantes, que costumam comparecer a todas as aulas. Além disso, houve reflexos na autoestima das turmas, devido à valorização dos seus conhecimentos, do estímulo à prática do esporte, e, especialmente, do aumento do interesse pela linguagem escrita.

Ficha técnica do Fabio Fabuloso

Gênero: Documentário
Direção: Antonio Ricardo, Pedro Cezar, Ricardo Bocão
Roteiro: Pedro Cezar
Produção: Alfio Laginado
Trilha Sonora: Marcos Cunha
Ano: 2004

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